FILOSOFANDO
“Todo mundo é preguiçoso demais para pensar em ideias novas. É mais fácil copiar o passado do que trabalhar com o nosso período”. HELMUT NEWTON, fotógrafo de moda alemão, nascido em Berlin, naturalizado australiano. Nasceu em l920 e morreu em 2004, em Los Angeles, nos Estados Unidos.
EDITORIAL
Faltando apenas 3 dias para a eleição municipal, ainda há uma indefinição se o pleito poderá se resolver já no primeiro turno aqui na capital de Porto Velho ou se teremos (como acredita uma maioria de eleitores pesquisados) um segundo turno. O que importa nesse momento é reforçar a ideia de que chegou a hora de todos os portovelhenses se unirem em um esforço concentrado para que o município da capital dos rondonienses aproveite o máximo a oportunidade que apenas a Democracia tem o poder de proporcionar.
Por se tratar de um ano atípico em todos os aspectos — desde as datas alteradas do pleito às campanhas desprovidas do imprescindível olho no olho entre candidatos e eleitores –, nenhuma informação capaz de embasar a escolha consciente, por mais redundante que possa parecer, deve ser deixada de lado. A tarefa não será das mais fáceis para ambos os termos da equação. No entanto, o resultado final deve contemplar, obrigatoriamente, o bem comum.
De seu lado, os postulantes aos cargos-chaves do município — tanto do Poder Executivo como do Legislativo — têm a missão de apresentar propostas exequíveis para todas as questões, sejam emergenciais, urgentes ou que requeiram soluções em prazos mais dilatados. Na extremidade oposta, os votantes se deparam com a incumbência — incluindo as diversas conotações que a palavra engloba, da responsabilidade à obrigação — de avaliar as propostas e optar por aquelas que mais se adequam às carências e aspirações da sociedade.
Nesse ano os encargos da escolha se apresentam substancialmente mais laboriosos em Porto Velho (como nos municípios com maiores colégios eleitorais) por conta da quantidade recorde de alternativas, com uma imensa lista de candidatos a vereadores e com o grande número de chapas que disputam a chefia da administração pública.
Na caminhada rumo à formação da equipe responsável pelos destinos portovelhenses no próximo quadriênio, o primeiro desafio dos eleitores é evitar enveredar pelo atalho da omissão. É preciso deixar claro que abstenções e votos brancos ou nulos, sob quaisquer alegações, correspondem a “lavar as mãos” sobre o futuro dos filhos, da cidade e de si próprio.
Na prática, significa abdicar do arbítrio e permitir que pessoas despreparadas sejam eleitas. Evidentemente, erros desse tipo podem ser corrigidos nas eleições seguintes, porém, quatro anos já terão se passado e os prejuízos acumulados poderão ser irrecuperáveis.
Um guia resumido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para os cidadãos que desejam cumprir o seu dever perante a coletividade principia com a identificação dos valores que julga mais importantes e quais conteúdos quer que seus representantes defendam.
Lamentavelmente, muitas vezes acabamos escolhendo um candidato por conta da amizade, empatia ou, simplesmente, por pura aparência. Embora não se possa condenar esse método de seleção, o eleitor deve encaminhar sua avaliação com foco em questões universais, ou seja, preocupações que dizem respeito ou são aplicáveis a toda a comunidade e não apenas a um pequeno grupo.
Para isso, é fundamental procurar conhecer a carreira dos concorrentes, incluindo a atuação profissional, o histórico de vida, a postura ética e a conduta diante da sociedade.
Em resumo: o fato de o discurso do candidato não refletir o seu comportamento no dia a dia é um forte indício de que ele pode estar falseando suas promessas e propostas eleitorais.
O pequeno roteiro do TSE acrescenta que é preciso analisar as propostas dos concorrentes, avaliar o partido ao qual está filiado e quem são seus correligionários. Em seguida, é imprescindível verificar se os planos defendidos pelos pretendentes a mandatários são executáveis e compatíveis com os cargos que eles pretendem ocupar.
Nunca é demais lembrar que a denominação dos poderes traduz fielmente as suas atribuições: o Executivo executa e o Legislativo faz as leis.
Outra informação relevante para os eleitores conseguirem formar um perfil mais realista dos candidatos é a lista dos financiadores da campanha eleitoral, pois as pessoas e empresas que custeiam os políticos podem ter interesses que nem sempre combinam com as prioridades da população. Apesar de alterações recentes nas regras eleitorais ampliarem a participação do Fundo Partidário, ainda é possível obter doações.
Não obstante seja impossível ter certeza de que os candidatos aparentemente mais preparados para os cargos realmente executarão suas propostas de campanha, inclusive as que se apresentarem viáveis, compete aos eleitores reconhecer e descartar os políticos cujos históricos se demonstrem incompatíveis com as aspirações da maioria das pessoas.
Devemos aproveitar cada um dos dias que nos separam do aguardado 15 de novembro para nos preparar da melhor maneira possível e agir com a consciência diante da urna eletrônica. Para isso, é necessário ficarmos atentos a notícias, jornais, revistas, propagandas eleitorais veiculadas no rádio e na televisão, pesquisas, debates entre os concorrentes e redes sociais com o espírito crítico que o tema requer.
CRÔNICA
A hora chegou. Com certeza irei na manhã do domingo, junto da minha mulher, na nossa sessão eleitoral para votar mais uma vez. Até dias atrás estava em dúvida se votaria para vereador. E tinha toda a justificativa para isso: Não posso ser comparsa de um sistema viciado e degradante para os municípios e para a nação. De tanto ver nulidades chegarem às Câmaras Municipais e usar o cargo apenas para o enriquecimento rápido e negociata entre amigos, perdi a fé de que vereadores são seres prontos para defender os munícipes e contribuir para o desenvolvimento da cidade.
Como será o encontro de todos nós, eleitores, com a urnas nesse domingo? Por que votaremos num candidato a vereador escolhido entre centenas de concorrentes? Qual o objetivo, qual o propósito, qual o ideal? Votarão apenas por ser um dever, sem se pensar seja um direito?
Em quem os eleitores de Porto Velho e das outras cidades votarão? No parente, no candidato do pastor ou de um familiar, num palhaço de circo ou num palhaço da política? Para que votarão? Para cumprir obrigação, para obter algum futuro proveito, para ajudar um grupo, uma seita, uma igreja? Ou para – nesse tempo de angústias – buscar quem possa – com competência e dignidade – estudar e discutir o que haverá de ser após essa hora de transformações aflitivas?
Lembro da sensação que tive ao dar o meu voto quando reconquistamos o direito de escolher pelo voto, após 30 anos da ditadura militar, o presidente da república. Para mim não se tratava mais de uma obrigação, de dever: era a reconquista de um direito! E jamais irei esquecer-me daquela manhã, quando, pela primeira vez iria votar para eleger um Presidente do Brasil. Foi uma sagrada manhã cívica, consagrada, a indescritível emoção de, por fim, termos readquirido a liberdade que nos fora roubada. Vivi um ritual, uma liturgia, um culto pagão, mas sagrado: eleger o Presidente!
Me lembro ter chorado de emoção, de alegria, de gratidão, de alívio pelo que nos parecia o final da doída luta pelo ressurgir do Brasil altivo, que nos apaixonava. Assim, ao colocar a cédula na urna, tive certeza de voltar a entregar a minha oferta no altar da Pátria, a que fora, sim, amada, idolatrada, salve, salve… Aquele voto era, para mim, a hóstia, no seu profundo significado, de sacrifício. Votar, depois de 30 anos, foi nosso sacrifício, a sacralidade de uma luta, a hóstia.
Não votar ou anular o voto é um opção descartada por mim. Até pelo simples fato de que nada mais justo do que dar meu voto para o candidato a prefeito que vem modificando a cara desse munícipio sempre desamado por praticamente todos os prefeitos que teve. Tenho muita fé na vitória do meu candidato. Se cada eleitor portovelhense conseguir estudar mais o histórico político e administrativo de cada um dos muitos candidatos que se apresentam nesse pleito até o momento decisivo, vai acabar constatando que só a reeleição do atual prefeito pode afastar a capital rondoniense de voltar a viver nas mesmas sombras do passado, quando a corrupção e incapacidade dominou e inviabilizou os grandes projetos para o desenvolvimento.
Eu não votaria se não existisse essa opção. Imagine se as opções fossem apenas de esquerda com seus incompetentes socialistas e comunistas. Ai, então eu não votaria. No meu pensamento continua indelével as marcas das gestões dos escândalos de todos os ex-gestores da esquerda, comunistas e socialistas, que conseguiram inventar “soluções” abjetas como o famigerado “SIM” que graças ao atual prefeito ficará sendo apena uma lembrança amarga da estupidez de um passado que não queremos reviver.
O quadro de candidatos a prefeito de Porto Velho é por demais explicito sobre o perfil de pretendentes, facilitando a vida do eleitor consciente na sua escolha. Tem, por exemplo, uma telemoça que carece de uma identidade rondoniense e também portovelhense. Sua participação nesse pleito apenas revela uma política de carreira, sem uma marca que a distinga.
Alguns candidatos sem luz própria apelam para cabos eleitorais importantes, como o próprio Bolsonaro ou o governo estadual. Um tática que não dá frutos. O eleitorado, cansado de ópera bufa não segue a as indicações desses “supostos apoiadores”.
Nos pleitos municipais o foco é a qualidade de quem apoia como administrador. Alguns continuam não entendo isso, como é o caso do Lindomar Garçom, que é uma partitura de uma nota só. Por isso mais uma vez vai ficar pelo caminho. Não tem consistência e seu carisma se esvaiu como comunicador.
Os restantes dos candidatos que buscam ganhar a corrida pela prefeitura são ainda incipientes na trajetória política ou são folclóricos, muito pouco representativos. Nesse cenário quem já demonstrou capacidade técnica e política como administrador tem maiores chances de vencer a corrida. A única incógnita que ainda resta é saber se esse resultado sai já no domingo ou vai precisar de um segundo turno.
FIM DE CARREIRA
Não sei se o Valdir Raupp já está vivendo as angústias de decorrentes da condenação sofrida na 2ª Turma do STF nessa semana. Não deve ser fácil encarar a realidade diante dessa condenação, de 7 anos e 6 meses de corrupção. Ainda mais para um personagem que até recentemente era o bambam da política estadual, cacique inquestionável do PMDB. Ainda falta informação do local onde Valdir Raupp vai cumprir sua sentença, se em Rolim de Moura, onde mora numa das mais suntuosas mansões da cidade, ou se em Porto Velho.
A condenação de Raupp com certeza vai promover um estrago naquele que já foi “o grande partido rondoniense”. Raupp – como a maioria do políticos de Rondonia encalacrados na Justiça – jogou na lama seu nome político e até seu partido por receber propina da Queiroz Galvão para manter Paulo Roberto Costa na diretoria de abastecimento da Petroakbras.
O ex-senador também terá de pagar uma indenização de um milhão de reais por ter participado desse esquema de corrupção. A ganância, aliada ao despreparo além da péssima qualidade de assessoramento, fez Valdir Raupp ir para o fundo do poço pondo fim prematuro à sua carreira que começou brilhante.
DESESPERO
A mídia amestrada está em polvorosa nessa reta final. Certamente são financiadas para promover campanhas Fake News com o objetivo de impedir que candidatos que estão liderando possa tropeçar. Eleição é assim mesmo: um jogo sujo. Ainda bem a Justiça Eleitoral está atenta. E foi ela que determinou ao site “O Guaporé” que retire em 24 horas a matéria em que atinge a honra do prefeito Hildon Chaves (PSDB), que concorre à reeleição com o número 45. Se não excluir a matéria mentirosa (fake) o dono do site, será multado em R$ 5 mil por hora de descumprimento. O site de JM do Monte Andrade inventou e publicou a absurda história de que o prefeito sofre investigação por receber propina. É uma enorme mentira pois o prefeito não tem nenhuma denúncia formalizada nesse sentido. Hildon Chaves tem sido uma das maiores vítimas de fake news durante a campanha eleitoral. A intensidade dos ataques aumentou quando pesquisas de opinião começaram a mostrar sua liderança em relação aos demais candidatos.
É CRIME
A Justiça Eleitoral avisa aos candidatos: só podem transportar eleitores no dia das eleições veículos por ela autorizados. Fora disso, é crime. E neste ano de votação com pandemia, o rigor será bem maior.
CONVITE
Recebi convite para prestigiar, no sábado, a inauguração da sede social da Associação Luz do Alvorecer, aqui na capital rondoniense. A sede da entidade será localizada na rua Jacy Paraná, 2496, no bairro Mato Grosso. Trata-se de entidade sem fins lucrativos tem como finalidade desenvolver ações sociais voltadas a pessoas vulneráveis, por meio de acolhimento, cultura, educação, saúde e renda. As famílias acolhida passam a receber assistência odontológica, médica, psicológica, entre outros, a partir de segunda-feira. Não poderei estar presente ao evento pois estou em processo de isolamento.
PROMESSA AO PADRE
Como esta é a ultima coluna antes da eleição de domingo será bom relembrar essa história. Um jovem candidato era visto como uma grande esperança. Inteligente, de boa expressão verbal, para tudo tinha a resposta certa. Alertava a maioria de seus eleitores, para não acreditarem nas vãs promessas dos adversários. Pretendia em suas arengas atingir muito mais o coração do que o cérebro das pessoas.
Pregava a volta dos bons tempos de outrora, como se o passado fosse melhor que os tempos atuais. Dizia que existiam recursos para resolver todos os problemas e que os mesmos eram, na verdade, mal aplicados. Sua administração teria abundância de favores aos contribuintes e, o melhor, sem injustiças. Não poupava em criticar os seus adversários. Seu discurso político era, sem dúvida, o do “povo eleito”. Não obstante, faltava-lhe um pequeno detalhe. Não muito afeito as coisas de Deus, foi alertado pelos assessores a conveniência de se aproximar com a Igreja. Era essencial fortalecer os laços com as comunidades cristãs.
Pesquisou-se então o melhor contato de apoio. Chegou-se a conclusão que um conhecido padre, em tradicional bairro da cidade, pároco carismático, tinha forte influência em seus fiéis. Foi logo ao seu encontro. O santo padre era amado por todos, não tinha outra vocação senão a religiosa, realmente sentia-se casado com a sua santa igreja.
O candidato pediu sua bênção. Em troca, gostaria de agradecer a bênção com um presente. O padre não vacilou. Pessoalmente nada desejava. Gostaria, entretanto, que o jovem candidato, se assim desejasse, ofertasse o sino para a nova Igreja. A resposta veio de imediato. Amanhã mesmo, sua iminência, terá o sino em sua santa igreja.
Embora desconfiado, o pároco então respondeu: Não se apresse tanto, até o dia da eleição, você poderá cumprir sua promessa, temos tempo. Enquanto isso, falarei com os fiéis, em minhas homilias, sobre tão valiosa boa nova. O tempo eleitoral transcorreu rápido. O dia da eleição se aproximava. E o jovem candidato não cumpria com a promessa de entregar o sino.
O padre já desconfiava que a promessa fora esquecida, tinha a convicção que não seria cumprida. Passou o tempo, nada aconteceu. No domingo, antes da eleição, pela manhã, com a igreja lotada de fiéis, fez uma bela pregação sobre a consciência do voto certo e foi incisivo: Não acreditem muito em promessas eleitorais. Citou o exemplo vivido: Um jovem candidato prometeu um sino para a Igreja, nem o badalo mandou. A igreja ficou sem o sino e o candidato perdeu a eleição.
AUTOR: GESSI TABORDA – COLUNA EM LINHAS GERAIS
- A opinião dos colaboradores colunistas não reflete necessariamente a opinião da Folha Rondoniense
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