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Dallagnol quis manter planilha da Odebrecht em sigilo, afirma site

Brasília - O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, se reúne com deputados da comissão especial que analisa projeto contra corrupção (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O coordenador da força-tarefa da Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, sugeriu ao delegado Márcio Anselmo, da Polícia Federal, que planilha sobre possível propina para políticos com foro privilegiado fosse anexada em inquérito sigiloso em Curitiba, segundo supostas mensagens publicadas pela Folha de S.Paulo e pelo site The Intercept Brasil. Tornada pública, a planilha teve de ser enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O diálogo teria ocorrido em 23 de março de 2016, um dia depois de se tornar público que o delegado havia inserido em um inquérito uma planilha apreendida na Odebrecht que listava supostos pagamentos de propina a políticos então com foro privilegiado. A ação da PF teria provocado a reação do então juiz e hoje ministro da Justiça, Sergio Moro, que teria dito que se tratava de “tremenda bola nas costas” da PF. Diante do fato, Moro dizia não ver alternativa a não ser enviar o processo que envolvia o publicitário João Santana ao STF.

Após as explicações de Dallagnol, Moro teria dito que achava o caso uma lambança e que não se podia cometer esse tipo de erro. Mais tarde, Dallagnol teria afirmado que ia tentar denunciar os acusados antes da remessa dos autos ao STF. Foi em seguida que Dallagnol teria dito ao delegado que o problema não havia sido juntar a planilha ao inquérito, mas juntá-la em inquérito público em vez de algum sob sigilo, sugerindo que, assim, ninguém veria o documento.

Mais tarde, Moro teria voltado a procurar Dallagnol para pedir ajuda a fim de conter uma manifestação do Movimento Brasil Livre (MBL) em frente à casa do ministro Teori Zavascki, então relator da Lava Jato no STF. Moro chama os militantes de “tontos”, pois isso não ajudava a operação. Dallagnol pondera que não seria o caso de se meter nisso, já que o protesto era pacífico.

Moro mandou áudio a membros do MBL dizendo não saber se os termos são seus, mas pedindo desculpas por tê-los chamado de “tontos”. “Consta ali um termo que não sei se usei mesmo, acredito que não, pode ter sido adulterado, mas queria assim pedir minhas escusas, se eu eventualmente utilizei (o termo)”, disse em áudio obtido pela Coluna do Estadão. “Porque sempre respeitei o MBL, sempre agradeci o apoio que esse movimento deu.” No Twitter, Moro e atacou os vazamentos citando o poeta Horácio: “A montanha pariu um rato”. Ele adiou a ida à Câmara no dia 26 para prestar esclarecimentos sobre o caso.

A assessoria de Moro informou que “o material referente a pessoas com foro privilegiado foi remetido ao STF no primeiro dia útil após a PF ter juntado aos autos”. A força-tarefa disse que “não teve acesso aos materiais citados” e, por isso, “tem prejudicada sua possibilidade de avaliar a veracidade e o contexto dos supostos diálogos”. Moro e os procuradores não reconhecem a autenticidade das mensagens, mas não negam o conteúdo ou apontam indícios de fraude. A Folha de S.Paulo informou ter achado no material do Intercept mensagens de seus profissionais para a força-tarefa e informou que estavam íntegras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO

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