A mulher de 40 anos era uma das 30 pessoas que atendiam, no hospital Carlos III, em Madri, dois padres que haviam ficado doentes enquanto estavam no leste da África. Esta enfermeira tornou-se o primeiro caso de contágio a ser registrado fora desta região do continente africano. Agora, está em curso uma investigação no hospital sobre o caso, depois de a comissão europeia ter pedido explicações de como ela poderia ter sido infectada. A enfermeira ajudava a tratar o padre Manuel Garcia Viejo, de 69 anos, e o padre Miguel Pajares, de 75 anos. Viejo morreu em 25 de setembro depois de ser contaminado em Serra Leoa. Pajares pegou o vírus ebola na Libéria e também não resistiu, morrendo em agosto.
A enfermeira chegou a entrar por duas vezes no quarto onde eles estavam sendo tratados, primeiro num envolvimento direto com os cuidados destes pacientes, depois para desinfetar o ambiente após as mortes. “Ela entrou no quarto usando em equipamento de proteção individual e não há relatos de exposição acidental ao vírus”, disse Antonia Alemany, diretora de saúde pública de Madri. Pouco depois, em 30 de setembro, ela estava de folga quando sentiu-se mal. No último domingo, veio a confirmação de que ela tinha sido contaminada.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, é “inevitável que surjam novos casos de ebola na Europa”, por causa das frequentes viagens entre os países afetados e o continente. No entanto, a instituição disse que o risco de haver uma epidemia na Europa ainda é baixo.
No primeiro caso confirmado de contágio no continente, a enfermeira vem sendo tratada com um soro contendo anticorpos de outros pacientes com ebola. Sua situação é estável. Outras três pessoas foram postas em quarentena, entre elas o marido da enfermeira, uma segunda enfermeira que se envolveu nos cuidados dos padres e um homem que chegou recentemente em voo vindo da Nigéria. Os médicos também estão monitorando 22 pessoas com as quais a enfermeira entrou em contato e 30 pessoas que trabalham no mesmo hospital onde os padres foram atendidos.
Até o momento, 3,4 mil pessoas já morreram na epidemia de ebola, a maioria delas na África, e quase 7,5 mil contágios foram confirmados no mundo, apesar de autoridades acreditarem que estes números são provavelmente mais altos.
Segundo relatos feitos ao jornal El Pais, o hospital tinha procedimentos rígidos para lidar com pacientes com ebola, mas profissionais de saúde disseram que as roupas usadas não tinham um nível quatro de proteção contra ameaças biológicas.
Isso significa que a vestimenta deveria ser totalmente à prova d’água e ter um aparelho para respiração independente. No caso do hospital, as roupas eram de nível dois. O porta-voz da Comissão Europeia, Frederic Vincent, disse em uma carta enviada ao ministro da Saúde espanhol que “é preciso esclarecer” como houve o contágio, apesar de todas as medidas de precaução tomadas. “Há, obviamente, um problema em algum lugar”, ele afirmou.
Também nesta terça-feira, o Fundo Monetário Internacional alertou para as possíveis “consequências dramáticas” da epidemia para o leste da África. Segundo a instituição, as perspectivas positivas de crescimento econômico para a região já foram afetadas pelo ebola e isso tende a piorar ainda mais se o vírus continuar a se espalhar.
Em um relatório, o Banco Mundial já havia avaliado em dezenas de bilhões de dólares o impacto negativo para a economia dos três países mais afetados, Guiné, Libéria e Serra Leoa.
Fonte : BBC
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