Brasil

Presidente da Apex é demitido após crise com chanceler de Bolsonaro

Esta é a segunda troca de presidentes da agência em menos de três meses

Após uma queda-de-braço com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo , o embaixador Mário Vilalva foi exonerado, nesta terça-feira, da presidência da Agência de Promoção das Exportações ( Apex).  Vilalva vinha se desentendendo, por uma série de fatores, com os outros diretores da agência:  Letícia Catelani, de Negócios; e Márcio Coimbra, de Gestão. Ambos contavam com o apoio de Araújo. Mas declarações dadas à imprensa nos últimos dias pelo embaixador contra o chanceler, como a realização de mudanças no estatuto da agência, culminaram com seu afastamento.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores informou que a saída de Vilalva faz parte do processo de dinamização e modernização do sistema de promoção comercial brasileiro. Porém, segundo fontes, diante das brigas internas na Apex e nas críticas diretas a ele e ao secretário-geral do Itamaraty, Otávio Brandelli, o ministro se viu forçado a demitir o diplomata, antes que perdesse o controle da situação.

Fontes da área diplomática avaliam que o ministro sai perdendo de qualquer maneira. Isto porque Vilalva é o segundo presidente da Apex em menos de três meses. O primeiro, que também bateu de frente com os dois diretores e com o próprio Ernesto Araújo, foi Alex Carrero. Essa imagem de descontrole preocupa o Palácio do Planalto.

Segundo fontes ligadas à Apex e à área diplomática, divergências administrativas sobre a renovação ou não de polpudos contratos da agência colocaram em lados opostos a diretora Letícia Catelani, ligada à ala ideológica e olavista do governo, e o presidente da instituição, Mario Vilalva, embaixador de carreira. Esse cenário serviu de pano de fundo para mais um embate entre olavistas e militares do governo. Isso porque o presidente da instituição, vendo-se isolado diante do apoio de Ernesto a Letícia na gestão da Apex, resolveu buscar o apoio das Forças Armadas e importou um general, Roberto Escoto, para ser seu chefe de gabinete.

Outro episódio que contribuiu para o agravamento da crise foi a instalação de duas portas com controle de pessoas que poderiam acessar as salas de Letícia Catelani e Márcio Coimbra. Segundo funcionários da agência, até o presidente da Apex precisava de aprovação para passar pelo local.

A instalação das portas ocorreu depois da publicação de uma portaria, redigida por Mário Vilalva, que diminuiu os poderes e atribuições de Catelani e Coimbra, como a “contratação e dispensa de pessoal” e também de “representar a Apex em juízo ou fora dele”. Além disso, os dois não podiam mais prover cargos comissionados e funções de confiança dentro da agência.

Para piorar ainda mais o clima, o ministro das Relações Exteriores fez mudanças no estatuto da Apex. Vilalva descobriu que o Diário Oficial lhe tirava poderes e empoderava os dois diretores. A partir de então, o então presidente da agência passou a criticar abertamente Ernesto Araújo em declarações a vários veículos de comunicação. Vilalva se queixava de falta de transparência e traição.

Entre funcionários da Apex, a demissão foi considerada uma vitória da diretora de Negócios da agência, Letícia Catelani. A sensação é de “total falta de direcionamento” da cúpula da agência. Apenas a realização de eventos que haviam sido pagos na durante o governo Michel Temer está sendo mantida, porque os atuais diretores não querem assumir o prejuízo.

– Não existe qualquer planejamento estratégico explícito ou qualquer abertura para escutar a equipe técnica – disse uma pessoa que acompanha os últimos passos na agência, em reservado.

Dentre os problemas identificados por funcionários irritados com os rumos da agência estão a inexperiência de indicados para cargos de gestão e “desconhecimento total acerca da promoção comercial e projetos de fomento do setor privado”.Também incomoda o suposto conflito de interesse por conta do cargo ocupado por Letícia Catelani, que é sócia-proprietária de uma empresa do interior de São Paulo.

Antes de Vilalva, o embate de Araújo foi com Alex Carreiro, que ficou pouco mais de uma semana no cargo e também teve desentendimento com Letícia Catelani. Carreiro demitiu 17 funcionários, nomeou 11 e já tinha acertado a contratação de outros dez. Causou mal-estar, na época, o fato de a pessoa escolhida por Bolsonaro para promover bens e serviços brasileiros no exterior não saber falar inglês.

As pessoas citadas nesta matéria foram procuradas. Porém, até este momento, O GLOBO não teve retorno.

FONTE: O GLOBO

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