SEM ATIVISMO
Uma publicação assinada pelo jornalista Osvaldo Davoli, da Gazeta de Limeira (SP), no final do mês de julho comprova meu ativismo no jornalismo político ao longo da maior parte da minha vida. Aquele confrade limeirense publicou uma foto em que recepcionávamos nada mais do que Laudo Natel, então governador de São Paulo, na sede da Associação Comercial e Industrial de Limeira, a ACIL. Foto tirada do baú.
Posso dizer e comprovar que vivi os grandes momentos da política brasileira, convivendo com nomes que se transformaram em vultos históricos, como Ulysses Guimarães, Janio Quadros, Franco Montoro, e tantos outros, especialmente os paulistas.
DESENCANTO
Porém (e sempre tem um porém!) esse ativismo político está aos poucos chegando ao fim. Não só pela aposentadoria em si, mas pelo desencanto com a política atual, com sua característica de pobreza intelectual, cívica e de honradez. E assim, dessa vez não fui nem mesmo assistir a convenção partidária realizada no sábado pelo MDB. Na verdade previa que a tal convenção não produziria nada aproveitável para o estado de Rondônia…
PUGILATO
A convenção em si não trouxe novidade alguma, a não ser na parte do espetáculo da baixaria, com cenas de pugilato difundidas nas redes sociais, quando o presidente do partido em Rondônia acabou dando um tabefe num lambe botas do ex-governador e agora candidato ao senado pelo partido.
Talvez, se imaginasse que o desarranjo interno do MDB desaguasse num espetáculo tão deprimente, teria ido àquela “arena” Elias Gorayeb, assistir ao teatro do absurdo desses políticos que se enredaram em denúncias de corrupção e cometeram todos os erros grosseiros na condução da gestão do Executivo do estado.
PUNIÇÃO
Impossível projetar um horizonte de mudanças positivas para Rondônia se essas candidaturas aplicar mais uma vez o truque de madame enganando de novo o povo rondoniense. Pena não ter visto de perto Emerson Castro esbofeteado pelo sempre cavalheiresco Tomas Correia. O pior da convenção do MDB rondoniense não foi o espetáculo deprimente de pugilato, de brigas, de trairagem.
Verdadeiramente ruim é a constatação de que a velharia, o caciquismo e o pior da antiga política, pode ficar ainda mais consolidada com o resultado eleitoral.
Se as figuras que desfilaram na passarela desse partidão não forem punidas pelos eleitores, pelos cidadãos interessados em viver num sistema honesto e eficiente no próximo governo rondoniense a esperança de dias melhores estará indefinidamente postergada.
DECEPÇÕES
Nunca se ouviu falar com tanta ênfase na desilusão do eleitor com a política no Brasil. E em Rondônia não é diferente. Hoje se fala abertamente num índice de aproximadamente 60% do eleitorado se declarando indeciso em relação aos candidatos majoritários.
Os dois nomes mais importantes do MDB confirmados na convenção de sábado são políticos desmoralizados diante da opinião pública, diante de uma constatação irrefutável: perderam sua reputação de vestal diante de sinais de corrupção revelados pelas investigações do Judiciário e da própria PF que não desaparecem.
INVIÁVEIS
Salvo melhor juízo, a coluna mantém as afirmações recentes de que a chapa homologada no sábado tem o cheiro inviável para a disputa desse ano. Suas chances são pequenas, bem pequenas. A mediocridade politica dos emedebistas atuais ficou mais do que comprovada nos confrontos dos caciques que só foi contornado com a fraqueza de Raupp que jogou a toalha e permitiu a existência de duas candidaturas ao Senado.
Tanto Raupp como Confúcio surgiram na política rondoniense com nomes respeitáveis. Hoje são duas figuras decadentes e decepcionantes. Contribuiu para isso a ganâncias dos dois, a sedução pela riqueza rápida. Os dois estão riquíssimos.
DESDOBRAMENTOS
A consagração dos dois caciques do MDB rondoniense na convenção de sábado não esgota a tramitação para a candidatura propriamente dita. Logo terão de entrar com o pedido de registro da candidatura na Justiça Eleitoral. E não se descarta, ainda, vetos e recusas à pretensão dos políticos. Se vencerem essa etapa (que pode ir para no TSE) terão de enfrentar as dificuldades inerentes de uma chapa composta por um candidato inexpressivo e sem conteúdo ao governo, que pode aumentar ainda mais o índice de rejeição aos dois ex-governadores.
MISSÃO
Até parece enredo de “Missão Impossível”. Alguns candidatos ao governo de Rondônia estão com os nervos à flor da pele pela dificuldade de encontra o nome do vice ideal para a disputa desse ano. A maioria dos candidatos quer alguém que saiba de política e que circule também com facilidade no mundo empresarial.
RECUSANDO
Até antigo operadores políticos com excelente trânsito junto a Valdir Raupp recusaram convite para participar da campanha majoritária do MDB. O temor é de que Maurão não fala coisa com coisa, nem tem preparo para enfrentar um debate sobre as questões mais cruciais para o desenvolvimento rondoniense.
ÓRFÃOS
Dizer que Lula é “candidato sem registro” é só uma conversa mole espalhada por Gleisi Hoffman para tentar eleger seus órfãos. Sem Lula candidato do PT, muitas candidaturas já estão perdidas. E é o tamanho da bancada que determina quanto ganha o partido por mês do Fundão.
NOVIDADE
Reconhecendo que a bancada rondoniense no Congresso é acéfala e sem lideres com capacidade de influenciar decisões em Brasília chega a ser um alento o anúncio de que a mulher do prefeito Hildon Chaves, a simpaticíssima Hilda Chaves pode disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados esse ano. Vivemos um momento da representação popular nessa cleptocracia mascarada de democracia e precisamos de gente comprometida com a honra e a ética para falar em nome de Rondônia lá fora.
PERIGO
Não sei se o lançamento de Hilda Chaves na disputa desse ano são favas contadas. Sua candidatura vai refletir com certeza na vida pública de seu marido. Se vencer o pleito poderá consolidar projetos políticos de Hildon Chaves. Uma derrota poderá causar estragos na carreira do prefeito que, como se vê, está recuperando novamente altos índices de aprovação da gestão municipal com obras em andamento por todo o município.
NETO
Sou fã de carteirinha do meu neto Isnard Matheus Mesquita Taborda. Ele é determinado e dono de uma inteligência invulgar. Matheus não é de discutir política mais foi taxativo quando anunciou em quem iria votar – muito antes da definição das candidaturas – “Vô a gente vota no que vai fazer menos estragos porque o melhor não existe”. Hoje estou de pleno acordo com o meu neto. Vou votar sem esconder que tenho medo do que virá desse imbróglio. Assim como o leitor, também estou saturado de roubalheiras ou da incompetência de nossos políticos. E os políticos não nascem em árvores.
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