Presidente dos EUA citou o país europeu como modelo para desfile de exibição de força
Ao pedir a seus generais uma “parada militar como a da França”, o presidente americano, Donald Trump, pode ter atirado no que viu e acertado no que não viu, disseram analistas franceses ouvidos pelo “Washington Post”. O desfile que comemora a Queda da Bastilha, realizado desde o século XIX, é uma tradição nacional, enquanto os EUA, apesar de terem o maior orçamento militar do planeta, fizeram a última parada do gênero há 27 anos, para celebrar a vitória sobre Saddam Hussein na Guerra do Golfo.
— As pessoas vão comparar mais com Kim Jong-un do que com os Champs-Élysées — disse Nicholas Dungan, pesquisador do centro de estudos Atlantic Council. — Se a parada partiu de um desejo pessoal de Trump, se torna política. Na França, é parte da nação.
Não há ainda data para o desfile, mas o pedido de Trump, que assistiu ao de Paris no ano passado, foi confirmado pela Casa Branca, segundo a qual seria uma ocasião para os americanos “demonstrarem aos militares sua gratidão”. Trump já havia manifestado o desejo antes da posse, dizendo que gostaria de exibir o poderio militar do país.
Para os franceses, a mensagem “olha como somos fortes” contrasta com a da sua parada, cuja mensagem seria “só somos fortes juntos”. Thomas Gomart, diretor do Instituto Francês de Relações Exteriores, lembrou que costuma-se convidar militares estrangeiros para o 14 de Julho:
— A decisão de convidar tropas alemãs envolveu grande simbolismo. Na memória coletiva francesa, a última vez em que alemães marcharam na Champs-Élysées foi em junho de 1940.
Antes de 1991, houve desfiles militares em Washington durante a Guerra Fria. Os presidentes Harry Truman e John Kennedy exibiram soldados e armas nas suas posses, respectivamente em 1949 e 1961.
FONTE: O GLOBO COM AFP
Add Comment