Polarização faz com que até pautas ambientais fiquem no meio da confusão
A tentativa de transformar um projeto de defesa do meio ambiente e desenvolvimento sustentável naufragou nas eleições de 2014. Ele não resistiu aos ataques que sofreu da esquerda e da direita. De um lado foi acusado de estar a serviço dos interesses do capitalismo internacional, patrocinados pelas potências imperialistas do mundo.
Foi acusado de barrar a exploração do pré-sal baseado em uma campanha que ONGs internacionais fazem contra a exploração do petróleo em águas profundas e no Ártico.
A direita acusou-o de estar a serviço dos que querem dividir o país em nações indígenas, com a criação das reservas, expulsão dos grileiros fazendeiros e a ameaça de pedir reconhecimento na ONU. A ponta de lança foi o agronegócio, que rotulou o movimento como contrário ao crescimento do país. Uma luta entre o atraso e o desenvolvimento rural.
No processo eleitoral no Brasil, a emoção acaba embotando a razão. As ideologias dominantes continuam prisioneiras da visão dicotômica Estado-mercado. Não dão espaço para nenhuma outra, que se autointitule terceira via e é atacada pelos dois flancos. Não cabe na cabeça dos que pensam como os filósofos do Século 19 que uma nova postura política seja possível. Ou ela é capitalista, ou é socialista, ainda que ambas envergonhadas.
Há uma confusão entre o que é público e o que é estatal. Assim, as florestas amazônicas são públicas, pertencem a todo o povo brasileiro, mas não são estatais. O Estado, seja qual for o seu gestor, ou governo, tem o dever de preservar o patrimônio que não lhe pertence, por isso não pode rifá-lo. O mesmo vale para o pré-sal.
É verdade que o discurso de sustentabilidade e defesa do meio ambiente conquistou uma parte da classe média e até se confundiu com a moralidade pública, o discurso ético e o fim do aparelhamento do estado. Este é um dos maiores inimigos do ambientalismo, uma vez que cria leis favoráveis a devastação do meio ambiente, venda de licenças para construções, troca de favores com quem tem condição de traficar influência.
Segundo a direita, em nome do progresso do país. Segundo a esquerda para distribuir essa riqueza entre os mais pobres. Em outras palavras, o meio ambiente é vendido como um entrave ao desenvolvimento nacional tanto pela lógica do mercado como pelos estatistas. Quem perde com tudo isso não é o lambarizinho do rio Madeira, mas as futuras gerações brasileiras. É preciso reviver a Cara do Brasil.
FONTE: R7.COM
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