FILOSOFANDO
“Duas vezes se morre: primeiro na carne, depois no nome. Os nomes, embora mais resistentes do que a carne, rendem-se ao poder destruidor do tempo, como as lápides”. Manoel Bandeira (1886/1968), poeta brasileiro.
O DIA DO GRANDE PROTESTO
Aí estamos nós no dia 13 de março. Nossa torcida para esse domingo é que todas as grandes manifestações em favor impeachment de Dilma Roussef aconteça sem qualquer ato de violência, como uma verdadeira festa cívica. Na democracia o povo tem direito de protestar contra o governo. Então, que esse 13 de março entre para o calendário da história como a data da grande afirmação da cidadania brasileira.
MEU DESEJO
Sou do tempo de chumbo da ditadura enfrentada pelo Brasil, dominado por generais. Sofri no verdor do meu aprendizado profissional de jornalista com a censura, muitas vezes exercida com telefonemas para a redação do jornal avisando o que não podia ser publicado de jeito nenhum.
Entendo muito bem a importância desse protesto, organizado voluntariamente por quem não aguenta mais ver o país dominado pelo sistema corroído pela corrupção e pela intolerância, lastreado no ideologismo esquerdizante responsável pela debacle da nossa economia.
Que o nosso país não volte a sofrer sobressaltos autoritários, que o patrulhamento chegue ao seu final, uma pátria dividida entre o “eles” e o “nós”.
LIBERDADE
Precisamos levar o país a continuar nas sendas da liberdade de se informar e de se expressar. Sem o risco de jornalistas sofrerem agressões por milícias de partidos, por fanáticos ideológicos, intolerantes diante da crítica.
Todos os ditadores ou governos messiânicos odeiam a imprensa livre. E todos os corruptos buscam sempre cooptar a imprensa livre. Eles só sobrevivem com a imprensa domesticada, comprada e paga quase sempre com o dinheiro público.
EXEMPLAR
É claro que o país deverá sair um pouco melhor da situação presente com o protesto democrático e pacífico do povo nesse domingo. A tolerância de nossa gente é muitas vezes incompreensível. A corrupção vem se alastrando a alguns anos, a ponto de erodir uma empresa como a Petrobras Mas só agora acontece uma manifestação verdadeiramente retumbante.
Os fatos verificados aqui na nossa Rondônia, com vários políticos de vários partidos, demonstra como somos passivos em relação aos dirigentes marotos que atrasam (e até inviabilizam) o futuro de nosso estado.
Demoramos a se indignar com o poder corrupto. Mas hoje não vamos perder a oportunidade de dar um exemplo de democracia, nessa manifestação que certamente vai ocorrer sem nenhum ato de violência.
COMO RIOS
A corrupção sempre foi um elemento presente na vida pública rondoniense, desde a instalação do estado. Ainda no tempo do Teixeirão tivemos prefeitos punidos por esta prática maldita. Um de Colorado do Oeste (o precursor da família Donadon na política) e outro de Vilhena (Vitório Abrão).
O primeiro caso de corrupção na Assembleia Legislativa de Rondônia ocorreu durante a primeira legislatura, quando até uma pessoa da família Gorayeb foi presa, na gestão de José Bianco, o primeiro presidente daquela Casa.
Foi a partir do governo de Valdir Raupp (hoje senador que responde a inquérito na Lava Jato) que os ralos da corrupção começaram a se transformar em rios, com a entrada abrupta de gente do alto-escalão na cadeia e com a influência de operadores do naipe de Mário Calixto em esquemas como o frangogate.
EXACERBADA
A corrupção motivo dos protestos hoje por todo o Brasil se exacerbou por toda a Rondônia nos dias de hoje, consequência da impunidade na qual agentes públicos sempre confiaram.
Hoje vivemos num estado em que a corrupção se manifesta nos mais ínfimos municípios e chegam ao governo do estado e às principais casas legislativas, colocando no limbo das práticas nefandas boa parte dos integrantes dos nossos deputados federais ou senadores no alvo de investigações e no rol de gente com inquéritos e processos correndo no Judiciário.
EXIGÊNCIA
Que os protestos de hoje pelo estado rondoniense seja um gesto exigindo um país e um estado menos corrupto, com políticos mais dignos, mas sem ódios. Um protesto do qual possam participar sem perigo crianças e adultos, juntos.
É verdade que não existem manifestações inocentes. Qualquer protesto político ou social é um gesto de rebeldia. Mas ao longo da história, sempre houve quem conseguisse quebrar os clichês para apostar no impossível: defender as liberdades e as próprias ideias sem se render à violência.
MUDANÇAS
Assim como é possível constatar uma mudança no combate à corrupção no Brasil diante dos últimos acontecimentos, também por aqui as coisas parecem que estão tomando outro caminho, afastando-se aquela certeza antiga de impunidade para os chamados “figuraças” da política local.
A ordem de prisão contra Carlão Oliveira e vários outros condenados por participarem de escândalos, desvios de dinheiro público e formação de quadrilha é um fato alvissareiro.
A boa notícia: não existe viva alma neste país acima da lei. Dai, dá até para acreditar que quem anda drenando dinheiro público em benefício próprio, de parentes ou de apaniguados vai dar-se mal.
MILITANTES EXALTADOS
É claro que nem todos conseguem acreditar nessas mudanças. É por isso que militantes exaltados do lulopetismo anunciam sem nenhum pudor a pré-candidatura do ex-prefeito Roberto Sobrinho para disputar, outra vez, a prefeitura da capital, mesmo tendo terminado o segundo mandato na cadeia.
O caos deixado pelo comando do PT em dois mandatos na prefeitura de Porto Velho não desapareceu. Com o seu sucessor as práticas patéticas continuaram e o caos político também continua. E essa realidade é o que anima ao PT falar num improvável retorno à prefeitura.
Os protestos do povo nas ruas nesse domingo tem um objetivo pré-definido: o impeachment de Dilma Mas pode servir também como reflexão para compreender a necessidade de uma mobilização mais constante e maior para livrar nossa cidade desse mergulho em denúncias de desvios de verbas, como uma praxe continuada.
ALTERNATIVAS
O tempo vai avançando o noticiário está repleto de informações de políticos mudando de partido, interessados em se tornarem candidatos a desalojar Mauro Nazif.
É muito triste ver surgir nomes de candidatos sem nenhum programa ou projeto para expurgar da chefia de nossa capital esses administradores mequetrefes dos últimos mandatos, que nada fizeram para mudar as coisas extremamente negativas incorporadas ao cenário de nossa desamada capital.
A PRÓPRIA PELE
A coluna não registrou as mudanças de partido de políticos como Lindomar Garçom ou José Herminio pelo simples fato de tais acontecimentos não ter a menor importância na formulação de alternativas em favor de Porto Velho.
Em torno dessas mudanças de partido não há princípios éticos que poderiam ajudar a virar a mesa. Esses são personagens que mesmo tendo seguidores agem como uma manada de nômades sem aquela essência natural voltada para o bem coletivo. Tá todo mundo procurando salvar a própria pele.
COM ESSE PARLAMENTO?
Depois de rejeitado pelo plebiscito de 1993, o parlamentarismo vem sendo defendido por alguns políticos como solução para a crise política do país. Alguns defendem a ideia como alternativa ao impeachment defendido pela oposição. Mas imagine com o atual Congresso, a quem caberia escolher o primeiro-ministro e formar o governo através de uma coalizão. Já imaginou quanto custaria para o país essa coalizão? Hoje, caso fosse aprovado o parlamentarismo, PMDB e PSDB se juntariam com partidos menores e formariam o governo, com Dilma na presidência.
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