SERVIÇO RUIM
Mais uma vez a coluna sofreu uma interrupção por culpa do péssimo serviço de internet na capital rondoniense. Ficamos outra vez sem condições de transmitir a coluna para nossos editores em virtude da falta de internet, que praticamente durou 4 horas. E como sempre, a responsável pelo serviço, a OI, não deu maiores justificativas e nem se comprometeu em restabelecer o serviço num tempo hábil para cumprirmos com nossa obrigação perante os leitores.
ONDA NECESSÁRIA
Está na hora da onda que começou na pequena cidade de Santo Antonio da Platina, no norte do Paraná, chegue a Porto Velho, para importunar os vereadores da capital, exigindo também que eles reduzam o seu salário. O povo certamente está cada vez mais próximo de compreender quanto custa para quem pagar impostos manter os altos salários dos vereadores e toda a estrutura à sua disposição.
É claro que há na composição da Câmara Municipal as exceções, ou seja, edis verdadeiramente comprometidos em representar bem o eleitorado, em defender uma política ética, transparente, cumprindo desabridamente seu papel de investigar como o Executivo gasta o dinheiro público.
Mas é inegável a existência de vereadores, regiamente pagos pelos contribuintes, incapazes sequer de dar sustentação a CPI criada para apurar as denúncias de desvios, de negociatas pelo simples fato de preferirem ficar do lado que a vaca deita.
REDUÇÃO DE SALÁRIOS
Se os vereadores não demonstram respeito verdadeiro pelos eleitores, incapazes, por exemplo, de revirar as entranhas do transporte coletivo que vai continuar a mesma porcaria de sempre, não dá para conceber que eles tenham salários para garantir uma vida de mordomia injustificável com constantes viagens pagas com cordas diárias onde podem – como fez o próprio presidente da Câmara portovelhense – levar até seus motoristas particulares.
Então seria muito bem vinda uma onda para reduzir seus salários para algo mais próximo do custo/benefício do Legislativo Municipal para a sociedade pagadora de impostos. Quem sabe algo que não fosse superior a três salários mínimos.
O advogado Caetano Neto, profissional de respeito no seio de sua categoria, tem defendido até mesmo a extinção das Câmaras Municipais em seus artigos. Bem antes, o também advogado Hélio Vieira, quando ainda na presidência da OAB-RO defendia o fim dos salários para os vereadores. São teses que, a nosso ver, não têm como prosperar. Mas, não há dúvidas: Cortar o exagero das despesas e não fazer da vereança uma profissão será um bom começo.
ENTRANHAS PUTREFATAS
Li, como provavelmente o leitor também, que o retorno de Alex Testoni à prefeitura de Ouro Preto do Oeste se deu num clima festivo de boa parte daquela população. Ora, Testoni ficou fora da prefeitura ao ser preso em operação policial, com o beneplácito da Justiça, como suspeito de se beneficiar da prática de corrupção, juntamente como o então chefe do DER-RO e hoje deputado federal, Lúcio Mosquini (PMDB).
Ambos foram presos na Operação Ludus e, como se sabe, nenhum dos dois podem ser, ainda, considerados inocentes. Assim como Lúcio Mosquini desenvolve o mandato tendo sobre si a nódoa de ter se beneficiado dos recursos públicos desviados do esdrúxulo “Espaço Alternativo”, obra devidamente paralisada por decisão judicial; também retorna à prefeitura na mesma condição de suspeito o sr. Alex Testoni.
Isso acontece como comprovação de que a podridão permeia as entranhas das administrações e da representação no estado como nunca aconteceram.
SEQUÊNCIA
O retorno de Alex Testoni à prefeitura de Ouro Preto do Oeste acontece logo após anunciar a decisão de deixar a vida pública para atender pedidos de família. E foi engraçado o informe de que, ao retornar ao cargo de prefeito, ele já negociava a indicação de seu irmão (ex-deputado) para chefiar o DER, órgão do governo que serviu de plataforma para a roubalheira onde ele e Mosquini apareceram como os ilustres protagonistas desse triste episódio de corrupção do lamentável governo de Confúcio Moura.
A impunidade, a falta de investigações de qualidade, a deterioração do governo e de outras instituições provoca uma lúdica sequência de escândalos nas prefeituras rondonienses, até mesmo nos pequenos municípios, que devastam até o resíduo de confiança que havia no interior.
MÁSCARAS CAÍDAS
Alex Testoni tentou emplacar a versão de que ele (especialmente quando deputado estadual) era o baluarte da decência e da moralidade na administração pública. Saiu da Assembleia com a imagem de perseguidor dos servidores públicos (especialmente estatutários) pelo sistema de terror na verificação da folha de ponto e da negação de lotação aos servidores que, substituídos pelos comissionados, eram obrigados ao ostracismo do corredor.
As máscaras desses “gestores” capengas e desses políticos messiânicos estão caindo todos os dias. Os “nomes impolutos” estão chafurdados na lama em cidades como Cacoal, Vilhena, Pimenta Bueno, Jaru e vários outros municípios onde, por tudo isso e pela incompetência de gestão, há poucas esperanças de melhorias, de bons serviços públicos, de futuro.
REPULSA
Estamos carentes de personagens e líderes com credibilidade suficiente para mobilizar os setores da sociedade num projeto de recuperação do estado.
Quem faz festa com o retorno de Testoni ao poder certamente não entendeu o espírito da coisa. Seu retorno ao comando de um município importante como Ouro Preto deveria receber não loas, mas a repulsa de todos os que sonham em ver a bandalheira que assola o país e o estado desaparecer.
SER HONESTO
A busca pelo resgate da ética deveria ser prioridade para as entidades publicas e também privadas, isso sem falar nas lideranças políticas, eclesiásticas, etc. Diante dessa dissolução generalizada dos costumes, é fácil constatar a confusão da juventude em compreender de fato valores e princípios, especialmente na chamada vida republicana.
Não basta dizer que os jovens são a esperança do amanhã; isso é totalmente superado. Os jovens necessitam ver, nos adultos de agora, algo que os inspire a crer que vale a pena ser honesto, trabalhador e estudioso, o que é muito difícil em um país que valoriza mais os profissionais do chamado “show business” do que um médico que estuda sete anos ou mais para salvar vidas.
REALIDADE
O retorno de políticos como Alex Testoni saindo da cadeia e reassumindo o posto de poder, bem como outros exemplos de arremedo de punição contra parlamentares viciados em obter riquezas defraudando o erário termina pondo a perder todas as pequenas conquistas em favor da ética.
Em Rondônia o que está acontecendo é muito grave: a perda da credibilidade. Podemos perder tudo, mas não podemos perder a credibilidade nas nossas lideranças, nas nossas instituições do Judiciário, nos parlamentos e nos órgãos de investigação.
Nesse cenário de incertezas e de vergonha interna e externa, como ficam nossos jovens? Que tipo de cidadão nossa sociedade formará, se não ficar evidente a repulsa por toda a bandalheira que assola os gestores públicos do estado. Não dá para acreditar que nossa população continuará indefinidamente aplaudindo gente que consegue se manter no Poder pela leniente e demorada ação dos órgãos de controle externo e do Judiciário contra os ladrões do dinheiro público.
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