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Yahoo espionou secretamente os e-mails dos usuários a pedido da inteligência americana

The Yahoo campus is shown in an aerial photo in Sunnyvale, California, U.S. April 6, 2016. REUTERS/Noah Berger/File Photo

SAN FRANCISCO, EUA – O Yahoo teria criado secretamente em 2015 um software para procurar nos e-mails de todos os seus usuários informações específicas a pedido da inteligência dos EUA, segundo revelou nesta terça-feira, 4, uma fonte com conhecimento sobre o assunto.

A empresa recebeu uma solicitação – feita de forma secreta – e escaneou centenas de milhares de contas do Yahoo Mail a pedido da Agência de Segurança Nacional (NSA) ou do FBI, disseram dois ex-funcionários e uma terceira pessoa envolvida no caso.

Ainda não se sabe o que os oficiais de inteligência estavam procurando, apenas que eles queriam que o Yahoo procurasse um conjunto de caracteres, que poderia ser uma frase em um e-mail ou anexo, disseram as fontes, que não quiseram se identificar. Outras informações que também permanecem desconhecidas são sobre os dados que a empresa pode ter fornecido e se as autoridades abordaram outros provedores de e-mail além do Yahoo com o mesmo tipo de pedido.

Segundo dois ex-funcionários, a decisão da diretora-executiva da companhia, Marissa Mayer, de obedecer à ordem do setor de inteligência dos EUA incomodou alguns executivos e levou à saída do então diretor do Departamento de Segurança da Informação, Alex Stamos, que agora ocupa um alto cargo na equipe de segurança do Facebook.

“Yahoo é uma empresa que cumpre as regras e obedece as leis americanas”, informou a companhia em um comunicado, após ser questionada pela agência de notícias Reuters sobre o pedido de espionagem. A empresa se recusou a fazer qualquer outro comentário a respeito. Um porta-voz do Facebook disse que Stamos rejeitou os pedidos para uma entrevista. A NSA encaminhou as perguntas para o Diretor de Inteligência Nacional, que também se negou a comentar.

O pedido de fazer buscas nas contas cadastradas no Yahoo Mail chegaram como uma instrução oficial enviada à equipe jurídica da companhia, segundo as fontes.

Sabe-se que companhias de telefone e de internet enviam dados em massa às agências de inteligência. Mas alguns ex-oficiais do governo e especialistas em vigilância privada afirmaram que eles jamais haviam visto um pedido oficial de coleta em e-mails em tempo real ou de criação de um novo programa de computador.

“Eu nunca vi isso, um grampo em tempo real em um ‘seletor’”, disse Albert Gidari, advogado que representa empresas de telefonia e internet em processos por acusações de espionagem. Esse ‘seletor’ seria um tipo de termo de busca usado para procurar uma informação específica. “Seria muito difícil para um servidor fazer isso”, acrescentou Gidari.

Especialistas dizem que provavelmente a NSA ou o FBI abordaram outras empresas de internet com o mesmo pedido, já que evidentemente eles não sabiam quais contas de e-mail estavam sendo usadas pelo alvo. A NSA normalmente faz pedidos de vigilância doméstica por meio do FBI, o que torna difícil saber qual agência está procurando a informação.

De acordo com as emendas legislativas de 2008, agências de inteligência podem pedir às empresas de telefonia e internet americanas para fornecer dados de usuários visando ajudar nos esforços para coletar informações para os mais variados fins, incluindo a prevenção de ataques terroristas.

Fonte:REUTERS

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Gomes Oliveira

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