Em 18 de dezembro, um enfermeiro do pronto-socorro de San Diego, nos EUA, recebeu uma dose da vacina para Covid-19. Uma semana depois, ele testou positivo para o vírus, segundo relatou a KGTV, afiliada da CNN.
Histórias como essa se tornarão mais comuns à medida que milhões de norte-americanos receberem as vacinas Pfizer-BioNTech e Moderna nos próximos meses, além de outros cidadãos nos demais países. Com o tempo, muitos dos vacinados ficarão infectados com o novo coronavírus.
Durante os testes, as vacinas mostraram ser cerca de 95% eficazes – o que significa que algumas pessoas foram infectadas mesmo após a vacinação.
A imunidade não começa imediatamente
Leva um tempo para as vacinas desenvolverem imunidade no organismo, e as duas vacinas autorizadas contra o coronavírus requerem duas doses, administradas com várias semanas de intervalo, para treinar o sistema imunológico do corpo. As pessoas podem ser expostas ao coronavírus logo antes de serem vacinadas, ou logo depois, e não haverá tempo para o corpo desenvolver suas defesas.
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDCs) dos EUA afirmam que adquirir imunidade “normalmente leva algumas semanas”.
“É possível que uma pessoa esteja infectada com o vírus que causa a Covid-19 antes ou logo após a vacinação e ainda fique doente”, diz o CDC.
O número de eficácia de 95% para as vacinas da Covid-19 também pressupõe algum tempo de espera embutido. A Moderna mediu a eficácia de sua vacina começando 14 dias após a segunda dose, enquanto a Pfizer mediu começando sete dias após a segunda dose.
As vacinas podem não fornecer proteção perfeita
Nenhuma vacina é 100% eficaz, e os fabricantes de vacinas contra o coronavírus ainda estão avaliando se as vacinas protegem contra todas as infecções ou apenas aquelas que causam sintomas.
O CDC estima que 40% das infecções por coronavírus não causam sintomas. Os testes das vacinas Moderna e Pfizer/BioNTech analisaram apenas se as vacinas preveniram infecções sintomáticas.
A Moderna afirmou em dezembro que apresentou dados à FDA, a agência reguladora de medicamentos e alimentos nos EUA, mostrando que sua vacina preveniu 2/3 de todas as infecções, incluindo infecções assintomáticas. Por enquanto, o CDC recomenda que as pessoas não presumam que estão completamente imunes à infecção após terem sido vacinadas.
No geral, ambas as vacinas forneceram cerca de 95% de proteção em testes clínicos – ou seja, 5% das pessoas ainda podem pegar o vírus mesmo após duas vacinas. Em uso mais amplo, essa taxa de eficácia pode diminuir à medida que pessoas com níveis variados de resposta do sistema imunológico são vacinadas e depois saem para o mundo.
O vírus não causa a doença
As vacinas atuais contra o coronavírus não podem infectar ninguém com o vírus. Elas não contêm o vírus.
Em vez disso, elas carregam um pequeno trecho de material genético conhecido como RNA mensageiro ou mRNA. Ele instrui as células do corpo a fazer um pequeno pedaço de material que se parece com uma parte do vírus. Esses pedaços, por sua vez, são reconhecidos pelo sistema imunológico como um invasor estranho, que passa a produzir anticorpos e células imunológicas que podem reconhecer e neutralizar o vírus caso a pessoa vacinada seja exposta.
“Nenhuma das vacinas para COVID-19 autorizadas e recomendadas ou atualmente em desenvolvimento nos Estados Unidos contêm o vírus vivo que causa a Covid-19. Isso significa que uma vacina não pode deixá-lo doente com a Covid-19”, afirma o CDC.
A imunidade pode diminuir com o tempo
Ninguém sabe por quanto tempo as vacinas vão proteger as pessoas da infecção.
O coronavírus existe há apenas cerca de um ano e as fases finais dos testes das vacinas terminaram há apenas algumas semanas. Pfizer e Moderna acompanharam os voluntários por pelo menos dois meses após a segunda dose.
A proteção dada pelas vacinas pode enfraquecer com o tempo e alguns imunizantes exigem uma injeção de reforço anos depois. Por exemplo, o CDC recomenda que os adultos recebam um reforço da vacina contra o tétano a cada 10 anos. Durante surtos de sarampo ou caxumba, o CDC diz “pode ser recomendado” a algumas pessoas que recebam uma dose adicional da tríplice viral para proteção adicional.
Também existe a possibilidade de que o novo coronavírus possa sofrer mutação de forma que torne as vacinas menos eficazes. As cepas do vírus da gripe sofrem mutações constantes e essa é uma das razões pelas quais as pessoas precisam de novas vacinas contra a gripe anualmente.
Os médicos esperam que o coronavírus não sofra mutação como ocorre com a gripe. Se isso acontecer, no entanto, a tecnologia usada para fazer as novas vacinas contra o coronavírus é projetada para ser facilmente adaptada. Deve levar muito menos tempo para atualizar as vacinas Moderna e Pfizer do que para fazer novas vacinas contra a gripe.
Outros podem não estar protegidos de você
Autoridades de saúde, começando pelo doutor Anthony Fauci, estão alertando as pessoas de que ninguém pode desprezar as máscaras faciais e o comportamento de distanciamento social só porque foi vacinado.
Isso acontece porque mesmo pessoas que são imunes ao vírus podem ser expostas a ele e transmiti-lo a outras. Segundo o doutor Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, a doença pode se instalar no nariz.
“É possível que alguém receba a vacina, mas ainda assim seja uma portadora assintomática”, disse a doutora Leana Wen, analista médica da CNN, médica emergencial. “Eles podem não apresentar sintomas, mas têm o vírus em sua passagem nasal, de modo que se estiverem falando, respirando, espirrando e assim por diante, ainda podem transmiti-lo a outras pessoas”.
Dadas essas perguntas sem resposta, o CDC diz que as pessoas vacinadas ainda devem usar “todas as ferramentas disponíveis” para impedir a pandemia, incluindo usar uma máscara e ficar a pelo menos dois metros de distância das outras pessoas.
FONTE: CNN
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