Convite partiu do ministro interino, general Eduardo Pazuello. Ala militar tem pressionado presidente a colocar um médico no comando da pasta.
Uma semana após pedir demissão do comando do Ministério da Saúde, Nelson Teich foi convidado a retornar para a pasta como conselheiro de assuntos estratégicos da área médica. O HuffPost tentou contato com o ex-ministro, mas não obteve sucesso nem pelo WhatsApp, nem pelo telefone. Interlocutores do ministério, contudo, informaram que ele ainda não havia respondido até o início desta tarde.
Esse conselho é uma ideia do atual chefe da pasta, o general Eduardo Pazuello, que está interinamente no cargo após a saída de Teich na sexta passada (15). A ala militar do governo tem pressionado o presidente a colocar um médico na vaga. Nem na ditadura militar o cargo de ministro da Saúde deixou de ser exercido por um especialista. O presidente tem dito não estar com pressa na efetivação de um ministro na Saúde.
Teich deixou a Saúde depois de apenas 29 dias no cargo, contaram para a saída dele as divergências com o presidente Jair Bolsonaro sobre a indicação de uso da cloroquina para tratamento da covid-19. Cinco dias após sua saída, na quarta (20), o governo publicou um novo protocolo no qual ampliou as indicações para o uso da medicação. Nesta sexta, foi publicado o maior estudo sobre o medicamento, o qual mostra que não há eficácia para doença e pode aumentar o risco de morte. A demissão de Teich, porém, pegou o mandatário de surpresa.
Na sua despedida do ministério, Nelson Teich disse que aquela sexta, dia 15 de maio, era “o dia mais triste” da sua vida, mas acrescentou: “Não vou manchar a minha história por causa da cloroquina”.
Apesar de ter assumido como ministro, o médico era criticado interna e externamente, tanto por secretários de Saúde estaduais, quanto por políticos, por, segundo se dizia, “nunca ter assumido de fato a pasta”. Isso porque, Pazuello, uma indicação pessoal de Bolsonaro para a secretaria-executiva do MS quando Teich assumiu, sempre foi quem deu as cartas.
Desde o início da gestão do médico, começou uma militarização do ministério, intensificada esta semana, com mais de 10 indicações de militares em cargos estratégicos. A idéia de Bolsonaro é fazer “um limpa” em tudo o que foi da gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta.
Apesar de o general Eduardo Pazuello ter sido colocado no lugar de Nelson Teich interinamente, Jair Bolsonaro o avisou que não está com pressa de substituí-lo.
FONTE: HuffPost Brasil
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