Menino que se afogou em praia turca se transformou em um dos símbolos da crise migratória na Europa
ANCARA — A polícia turca condenou nesta sexta-feira dois sírios a quatro anos de prisão pela morte do menino Aylan Kurdi, que morreu afogado em uma praia do país no ano passado virando um dos símbolo da crise migratória enfrentada pela Europa. Segundo a agência de notícias “Dogan”, Mufawaka Alabash e Asem Alfrhad foram considerados culpados de contrabando, mas foram absolvidos da acusação de causar a morte por negligência consciente.
O julgamento ocorreu na cidade turca de Bodrum, mesmo local onde o corpo de Aylan foi encontrado em setembro do ano passado. A fotografia dele, de 3 anos, provocou indignação mundial e colocou pressão sobre os líderes europeus para receberem mais refugiados. Seu irmão de quatro anos e a mãe também morreram após o barco que os levava naufragar a caminho da ilha grega de Kos. Só o pai sobreviveu, e agora vive no Iraque. A família pretendia chegar à Europa para depois seguir viagem para o Canadá.
Mas, seis meses depois, o cenário para os refugiados no continente só piora: o número de imigrantes que se arriscam em travessias perigosas para chegar a Grécia só aumenta, com vários morrendo nessas viagens. O sofrimento não para por ai. Após chegar no continente, eles encontram barreiras em várias fronteiras no caminho para as nações mais ricas da Europa, principalmente a Alemanha. Enquanto isso, os países do bloco não parecem nem perto de chegar a um consenso sobre que medidas tomar para lidar com a crise.
Um dia depois de visitar a Grécia e pedir que os imigrantes desistam de ir à Europa, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, discutiu nesta sexta-feira com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, em Istambul alternativas para lidar com a chegada de massiva de refugiados ao continente, muitos deles partindo da Turquia. O encontro ocorre três dias antes de uma cúpula crucial em Bruxelas.
— É necessário tomar novas medidas — afirmou Tusk, sugerindo a criação de um “mecanismo rápido e em grande escala destinado a expulsar os migrantes irregulares que chegam à Grécia”.
Paralelamente, o presidente francês, François Hollande, recebia na manhã desta sexta-feira a chanceler alemã, Angela Merkel, no Eliseu para tentar encontrar juntos soluções à pior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial.
Mais de 130 mil migrantes chegaram à Europa desde janeiro, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), número superior ao registrado no continente nos cinco primeiros meses do ano passado. Só que 2015 já foi marcado por um recorde no fluxo de refugiados, com mais de 1,25 milhão de pessoas, principalmente sírios, afegãos e iraquianos, pedindo asilo nos países da UE, anunciou o escritório europeu de estatísticas Eurostat. Do total, 35% solicitou abrigo na Alemanha.
Fonte: oglobo
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