Novo atentado no país deixa seis soldados mortos na região de Diyarbakir
ANCARA — O governo turco acusou nesta quinta-feira os curdos pela explosão de um carro-bomba que deixou 28 mortos em Ancara no dia anterior. Como resposta, a Força Aérea do país lançou uma ofensiva contra acampamentos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) no Norte do Iraque, aumentando ainda mais a tensão na região. Menos de 24 depois do atentado, um novo ataque contra um comboio militar matou seis soldados e deixou um gravemente ferido em Diyarbakir, no Sudeste do país.
O ataque suicida em Ancara ocorreu em uma área considerada o coração administrativo da cidade, onde ficam localizado o Parlamento, prédios governamentais e o quartel-general das Forças Armadas turcas. Os primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, condenou o episódio e identificou o autor como membro da milícia curda síria YPG trabalhando junto com insurgentes do PKK. O premier também anunciou que a polícia realizou nove detenções como parte da investigação e anunciou que o país adotará todas as medidas na fronteira para garantir sua defesa.
— Diante das informações que obtivemos, foi claramente identificado que esse ataque foi realizado por membros de uma organização terrorista dentro da Turquia junto com um membro da YPG que atravessou da Síria — disse Davutoglu em discurso ao vivo na televisão. — O nome do autor do atentado é Salih Necar. Nasceu em 1992 na cidade de Amuda, no Norte da Síria.
Os curdos negaram as acusações. Um dos líderes do PKK, Cemil Bayik, disse que não sabia quem era responsável, mas que o ataque poderia ser uma resposta a “massacres no Curdistão”, fazendo referência à região curda que cobre partes de Turquia, Síria, Iraque e Irã. O líder do principal partido curdo da Síria, o Partido de União Democrática (PYD), Saleh Muslim, também negou qualquer envolvimento no atentado.
Um dia depois da explosão em Ancara, ao menos seis soldados morreram em um ataque contra um comboio militar no Sudoeste do país. De acordo com os relatos, uma bomba artesanal foi detonada por controle remoto e matou os militares que viajavam em um veículo do Exército entre as cidades de Diyarbakir e Bingol.
Os ataques no território turco são os mais recente em uma série de atentados, principalmente atribuídos ao Estado Islâmico, e ocorrem num momento em que a Turquia é arrastada cada vez mais para a guerra na vizinha Síria e tenta conter parte da violência de décadas em seu Sudeste predominantemente curdo. Em outubro do ano passado, um atentado durante uma passeata pela paz em Ancara matou 103 pessoas e deixo 500 feridos. Em 16 de janeiro, 10 turistas alemães morreram em um ataque, atribuído ao EI, em um bairro turístico de Istambul.
Além disso, desde o ano passado, o país se viu afetado pela retomada do conflito curdo. As forças de segurança e os ativistas do PKK se enfrentam diariamente no sudeste do país, de maioria curda. O reinício dos confrontos e os atentados atribuídos ao PKK após mais de dois anos de trégua acabaram com os diálogos de paz iniciados em 2012 para buscar uma solução ao conflito curdo, que provocou mais de 40.000 mortes desde 1984
Fonte: oglobo
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