Ted Cruz desiste de corrida e deixa magnata a um passo de garantir candidatura
WASHINGTON — O magnata Donald Trump ganhou nesta terça-feira a primária do Partido Republicano em Indiana, provocando a desistência do senador texano Ted Cruz e ficando a um passo da indicação para concorrer à Presidência dos EUA. Com 53,25% dos votos, Trump fica a menos de 200 delegados para conseguir a nomeação automática, sem ter que enfrentar uma convenção contestada do partido — quando não há um vencedor claro. Agora o ex-apresentador de reality show pode se preparar para um possível confronto com a democrata Hillary Clinton na eleição de 8 de novembro.
— Vamos vencer em novembro e vamos vencer de lavada, e será os Estados Unidos primeiro — previu Trump, após o anúncio de sua vitória em Indiana e da desistência de Ted Cruz. — Foi um dia incrível. Não esperava isto. Agora quero trazer a unidade ao Partido Republicano. Temos que fazer isto.
O bilionário de Nova York, que jamais exerceu cargo público, vinha desafiando repetidamente os prognósticos dos especialistas, segundo os quais sua campanha iria implodir. Ele se impôs apesar dos comentários radicais que, ao longo do caminho, lhe renderam muitas críticas, mas que fortaleceram seu apelo contra o atual padrão político.
Segundo projeções, com a vitória em Indiana, Trump já soma 1.047 delegados, faltando 190 para alcançar os 1.237 necessários. Em seu discurso, o magnata agradeceu Ted Cruz por seu gesto de admitir que os eleitores conservadores preferiram outro candidato. A saída do senador da disputa deixa o governador moderado John Kasich, com apenas 153 delegados, como o único rival de Trump.
O polêmico pré-candidato também enviou uma clara mensagem ao presidente do Partido Republicano, Reince Priebus, dizendo que “ele tinha 17 egos, e imagino que agora tenha apenas um”, em referência aos 17 pré-candidatos republicanos do início da campanha.
Em mensagem no Twitter, Priebus admitiu que Trump possivelmente será indicado como candidato presidencial em novembro, e pediu a união dos conservadores em torno do bilionário.
“Donald Trump será, provavelmente, o indicado. Todos devemos nos unir e nos concentrar em derrotar Hillary Clinton“, escreveu Priebus pouco depois do ultraconservador Ted Cruz jogar a toalha. “Hoje deixamos tudo em Indiana. Demos tudo o que podíamos, mas o eleitores escolheram outro caminho e, por este motivo, é com o coração pesado mas otimismo no futuro desta Nação que estamos suspendendo nossa campanha”
INDICAÇÃO CONTESTADA
O desafio imediato de Trump é reduzir as profundas divisões do Partido Republicano, já que muitos veteranos da legenda estão horrorizados com seu estilo truculento, a maneira como ele trata as mulheres e propostas como as de erguer um muro na fronteira com o México e deportar 11 milhões de imigrantes ilegais.
— Temos que unir o partido se quisermos vencer em novembro — disse Henry Barbour, líder do Comitê Nacional Republicano do Mississippi. — Donald Trump é o cara com as chaves do carro. É ele quem precisa nos unir. Agora é sua oportunidade. Os eleitores o escolheram.
Mas a sua indicação gera preocupação entre os próprios conservadores. De acordo com o jornal “New York Times”, a “caminhada do Partido Republicano para a escuridão tomou um passo decisivo nesta terça-feira”.
“Um homem uma vez ridicularizado por muitos republicanos proeminentes se tornará o porta-estandarte do partido”, destacou o diário americano em seu editorial.
Analistas também demonstraram consternação com os rumos da legenda:
— Eu estou assistindo a um partido político de 160 anos cometer um suicídio — avaliou Henry Olsen, analista do Centro de Ética e Política, um think tank conservador.
Mark Salter, um estrategista de longa data do senador John McCain, do Arizona, parecia desgostoso ao dizer o impensável: ele está agora disposto a apoiar Hillary Clinton.
— O Partido Republicano vai indicar para presidente um cara que lê o National Enquirer e pensa que está à altura — disse ele, referindo-se ao tabloide americano de supermercado. — Eu estou com ela.
Trump deve ter oficializada sua nomeação no dia 7 de junho, quando a Califórnia realiza suas primárias, embora Kasich tenha prometido continuar na disputa como único desafiante do magnata.
SANDERS CONTINUA NA DISPUTA
Na primária democrata em Indiana, o senador Bernie Sanders venceu Hillary Clinton e se manteve na briga, apesar da ampla vantagem da ex-senadora.
— A equipe de Clinton pensa que esta campanha está liquidada, mas estão enganados. Talvez esteja terminada para o ‘estabilishment’ do partido, mas os eleitores de Indiana têm uma ideia diferente. A campanha não acabou para eles — disse Sanders.
O senador admitiu que “temos um caminho difícil até a vitória, mas estamos brigando em desvantagem desde o primeiro dia desta campanha”.
Com 97,93% dos votos apurados, Sanders derrotou Clinton por 52.49% contra 47.51%. Como os democratas distribuem seus delegados de forma proporcional, o resultado não altera de forma perceptível a disputa.
Para reverter a avassaladora marcha de Clinton a caminho da indicação, Sanders precisava vencer de forma esmagadora para reduzir a diferença no número de delegados.
Com 2.220 delegados já em sua conta — incluindo superdelegados —, Hillary Clinton necessita apenas de 20% dos mil delegados ainda em disputa para selar sua candidatura, que exige 2.383. Com a vitória em Indiana, Sanders tem agora 1.400 delegados.
Como a distribuição de cada estado é proporcional, a pré-candidata soma delegados mesmo quando Sanders ganha.
A ex-senadora e candidata favorita democrata parece já ter virado a página em Indiana, focada em responder aos ataques de Trump.
Fonte: oglobo
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