Opositor diz que ‘não tem medo da ditadura’ e afirma ter recebido visita de militares enquanto esteve preso.
O Tribunal Supremo da Venezuela mandou prender nesta quinta-feira (2) Leopoldo López, um dos principais opositores do regime de Nicolás Maduro. A corte é controlada por juízes leais ao governo chavista.
Pelas redes sociais, o Tribunal Supremo publicou que López violou as condições da detenção em casa. A sentença do oposicionista é de 14 anos de prisão, dos quais ele cumpriu cinco.
López, que está hospedado na residência do embaixador da Espanha em Caracas, afirmou a jornalistas que sofreu tortura enquanto esteve encarcerado em prisão comum. “Não quero voltar ao cárcere, é um inferno”, admitiu.
“Mas quero deixar claro que não tenho medo do cárcere, não tenho medo de Maduro, não tenho medo da ditadura”, acrescentou López.
López também afirmou a jornalistas que se encontrou com comandantes e generais enquanto esteve em prisão domiciliar. O político afirmou que outros levantes militares devem ocorrer, mas evitou dar os nomes das lideranças das Forças Armadas que se encontraram com ele.
O oposicionista foi detido em 18 de fevereiro de 2014, e, em setembro de 2015, foi condenado a quase 14 anos de prisão, acusado de incitar a violência durante protestos para exigir a renúncia de Maduro. Estas manifestações deixaram 43 mortos entre fevereiro e maio de 2014.
Libertação, protestos e ajuda de embaixador
Após ser libertado na madrugada de terça-feira, López participou do levante liderado por Juan Guaidó na terça-feira. Naquela manhã, o autoproclamado presidente interino convocou protestos ao afirmar que havia conquistado o apoio das Forças Armadas – o que foi negado pelos militares de alta patente e pelo regime de Maduro.
O oposicionista, então, foi com a esposa à residência do embaixador do Chile. Como o local já abrigava outras pessoas, López passou a se hospedar na casa do embaixador da Espanha em Caracas.
Mais tarde, o governo da Espanha disse que não pretende entregar López às autoridades do regime Maduro.
A casa de López foi invadida na quarta-feira, segundo a mulher do político, Lilian Tintori. Ela acusa agentes do serviço de inteligência (Sebin, na sigla local) de terem entrado no local sem autorização.
“Foi o Sebin, o Sebin mau, porque há agentes patriotas que querem a liberdade da Venezuela”, disse Lilian Tintori pouco depois de entrar no imóvel.
“Roubaram as TVs, equipamentos de som, todos os aparelhos eletrônicos, computadores, até as mamadeiras da minha filha Federica”, disse ela, citando a filha do casal, de 1 ano.
Os livros da biblioteca de López estavam todos no chão. Os demais cômodos também foram revirados pelos agentes do Sebin. No quarto do casal, as roupas estavam todas espalhadas.
“Não sei o que eles ganham com isso. Eles entraram aqui de forma ilegal, como se fossem ladrões. Maduro enviou ladrões para entrar em nossa casa porque ele é um ladrão, um corrupto, um ditador, uma pessoa que destruiu um país que tem fome e a pior crise da história”, desabafou a esposa do opositor venezuelano.
Enquanto concedia entrevista, Tintori afirmou que patrulhas da Sebin continuavam nos arredores do imóvel. Segundo ela, outros agentes também a seguiram da residência do embaixador até o local.
“Eles querem perseguir os que estão lutando pela liberdade. É difícil. Vou arrumar cada coisa que eles quebraram e colocar no lugar cada coisa que foi retirada. Essa casa é firme como a Venezuela”, disse.
FONTE: G1.COM
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