Situação humanitária no país piorou consideravelmente desde agosto, quando os fundamentalistas islâmicos tomaram o poder
Uma delegação dos talibãs deve viajar para a Noruega de 23 a 25 de janeiro para reuniões sobre a crítica situação humanitária e de direitos humanos no Afeganistão, anunciou a diplomacia norueguesa nesta sexta-feira (21).
Em Oslo, os talibãs devem se reunir com funcionários de alto escalão do governo norueguês, de outros países aliados e representantes da sociedade civil afegã, informou o Ministério das Relações Exteriores da Noruega em um comunicado.
O ministério informou que Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Itália e União Europeia vão estar representados.
“Estamos extremamente preocupados com a grave situação humanitária no Afeganistão, onde milhões de pessoas enfrentam um desastre humanitário de grande magnitude”, declarou a ministra das Relações Exteriores, Anniken Huitfeldt, no comunicado.
Segundo a chanceler, “para poder ajudar a população civil no Afeganistão, é essencial que a comunidade internacional e que os afegãos de diferentes entidades da sociedade iniciem um diálogo com os talibãs”.
A situação humanitária no Afeganistão piorou consideravelmente desde agosto, quando os fundamentalistas islâmicos retomaram o governo. Os cofres estão praticamente vazios.
A ajuda internacional, que representava uma parcela significativa do orçamento afegão, está suspensa, e 55% da população se encontra ameaçada pela fome, segundo a ONU, que solicitou US$ 4,4 bilhões em ajuda para este ano.
O retorno dos talibãs ao poder em agosto implicou o bloqueio de US$ 9,5 bilhões (R$ 51,9 bilhões) do Banco Central do Afeganistão depositados nos Estados Unidos.
Huitfeldt ressaltou que esses encontros não constituem “legitimação ou reconhecimento do Talibã”, e que a Noruega será clara sobre sua defesa da educação das meninas e do respeito pelos direitos humanos.
“Mas temos de falar com as autoridades que de fato governam o país. Não podemos deixar que a situação política conduza a um desastre humanitário ainda mais grave”, considerou.
Embora a União Europeia tenha anunciado na quinta-feira (20) que restauraria uma “presença mínima” de seu pessoal em Cabul para facilitar a entrega de ajuda humanitária no Afeganistão, o governo talibã ainda não foi reconhecido por nenhum país.
A comunidade internacional espera para ver como os fundamentalistas islâmicos vão governar o Afeganistão, depois de esmagarem os direitos humanos durante seu primeiro governo entre 1996 e 2001.
O Talibã garante que se modernizou, mas as mulheres continuam, em grande parte, excluídas do emprego público, e a maioria das escolas de ensino médio para meninas permanece fechada.
Em Oslo, a delegação do Talibã também deve se reunir com mulheres, jornalistas e ativistas para tratar de direitos humanos, questões econômicas, sociais e políticas, completou a Chancelaria norueguesa, sem citar nomes.
Vários países, incluindo Paquistão, Rússia, China, Turquia, Emirados Árabes Unidos e Irã, mantiveram sua embaixada em Cabul após a vitória talibã, sem ainda reconhecer seu governo.
Os diplomatas ocidentais começaram, por sua vez, a retirar suas equipes já no primeiro semestre de 2021, quando as tropas dos Estados Unidos iniciaram o fim de sua presença no Afeganistão. A saída dos militares americanos foi concluída no fim de agosto, em meio a um caótico processo de retirada de cerca de 120 mil pessoas.
FONTE: AFP
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