Funcionário do terminal de cargas e a família dele foram feitos reféns no dia anterior ao assalto; cinco veículos usados pela quadrilha já foram localizados pela polícia.
Os suspeitos do assalto ao terminal de cargas do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, que terminou com 718 kg de outro roubados, seguem desaparecidos. O caso está sendo investigado pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Veja o que se sabe sobre o roubo:
Cronologia do caso:
Quarta-feira (24):
- 8h: o encarregado de despacho da Gru Airport e a mulher são feitos reféns. Ele é liberado com a condição de reencontrar a quadrilha às 16h na Avenida Cupecê. A mulher fica com um bandido em uma ambulância;
- 16h: o encarregado de despacho encontra 2 bandidos no local combinado e eles seguem para a casa do encarregado;
- 17h30: A família do encarregado é feita refém, incluindo 4 crianças;
- Bandidos e família passam a noite na casa.
Quinta-feira (25):
- 8h: a carga transportada pela empresa Brink’s chega ao aeroporto em três carros-fortes;
- 14h: Dois carros clonados da Polícia Federal chegam ao terminal de cargas do aeroporto de Cumbica com 8 homens vestidos com roupas de policiais federais. Um carro fica na portaria e o outro entra com 4 bandidos e o encarregado de despacho;
- 14h10: a ação de roubo da carga dura apenas 2 minutos e 30 segundos;
- 15h: os reféns são liberados na casa do encarregado de despacho. Ninguém se feriu.
- 18h: a mulher do encarregado de despacho da Gru Airport é liberada.
1- Reféns
- O encarregado de despacho da Gru Airport e sua mulher foram rendidos na manhã de quarta-feira (24);
- Ela foi colocada em uma ambulância e ficou em poder de um integrante da quadrilha até as 18h de quinta-feira (25), quando foi liberada perto do shopping Itaquá, em Itaquaquecetuba, na Grande SP;
- A polícia acredita que os assaltantes conseguiram informações privilegiadas com os reféns;
- O funcionário foi liberado após ser rendido junto com a esposa, mas os bandidos exigiram que ele fosse às 16h de quarta para um local próximo à Avenida Cupecê. Os bandidos afirmaram que conheciam a rotina da família e exigiram que ele colaborasse.
- Lá, ele encontrou mais dois bandidos, que foram com ele para casa e às 17h30 fizeram o restante da família refém, incluindo um homem, a mãe, a sogra do supervisor e 4 crianças;
- Os bandidos dormiram na casa da família e só saíram de lá após a conclusão do roubo. Eles fugiram com o carro da família;
- Os reféns foram liberados por volta de 15h de quinta-feira (25), uma hora e meia após a conclusão do roubo. Ninguém se feriu.
2 – A carga
- Foram roubados 718,9 quilos de metais preciosos em 31 malotes, entre eles ouro, avaliados em US$ 29, 2 milhões, algo em torno de R$ 110,2 milhões, segundo a GRU Airport, concessionária que administra o aeroporto.
- A carga foi transportada pela empresa Brink’s em três carros-fortes até o aeroporto às 8h de quinta (25). Do total, 24 malotes, com 565,5 kg, seriam levados para Nova York, nos Estados Unidos, e outros 7 malotes, com 153,4 kg, seriam levados para Toronto, no Canadá.
3- A ação dos assaltantes
- Câmeras de segurança registraram a ação dentro do terminal;
- Por volta das 14h30 de quinta, 8 homens vestidos com roupas de policiais federais entraram no terminal de cargas de Cumbica em dois veículos: uma Triton e uma Pajero Dakar, ambas sem placas;
- Os carros pareciam-se com viaturas oficiais da PF e os criminosos portavam distintivos da PF, estavam encapuzados e carregavam pistolas, fuzil e carabinas;
- O funcionário da portaria liberou a entrada da quadrilha, que disse a ele estariam ali para fazer averiguação de tráfico de drogas;
- Um dos carros permaneceu na portaria fazendo a segurança. A caminhonete Mitsubishi clonada de uma viatura da (PF) entra no terminal de cargas com quatro assaltantes e o encarregado refém dentro;
- O carro freia bruscamente e desembarcam um refém e dois homens encapuzados, que começam a orientar os funcionários.
- No terminal, os criminosos fizeram mais reféns, entre eles o supervisor da logística da carga. Eles foram rendidos e ameaçados;
- O operador da empilhadeira foi obrigado a colocar a carga na caçamba de uma caminhonete que os ladrões levaram. A ação durou 2 minutos e meio (veja no vídeo abaixo);
- A maior parte dos funcionários que estava no local continua ali, assistindo ao crime.
4 – A fuga
- O funcionário do Gru Airport que era mantido refém desde o dia anterior foi levado com os criminosos na fuga, tendo sido liberado horas depois.
- Até a manhã desta sexta-feira (26), já foram localizados 5 veículos usados pelos criminosos no assalto. As viaturas clonadas da PF, que não são roubadas, foram abandonadas em um depósito de materiais na Zona Leste, a 20km do aeroporto;
- Mais tarde, já outros três carros – duas caminhonetes, uma branca e outra prata, e um caminhão-baú – foram abandonados no Jardim Pantanal, na Zona Leste de São Paulo. Na região, os ladrões entraram em uma camionete S-10 e em uma ambulância com a carga roubada para prosseguir na fuga.
- Os carros usados na ação disfarçados de viatura não são roubados. A polícia tenta identificar quem são os proprietários.
5- O dono do ouro
- A empresa Brink’s fazia o transporte do ouro, mas ainda não foi revelado quem é o dono do valor;
- Um representante da empresa que fazia gestão de risco para a seguradora da carga roubada está oferecendo R$ 150 mil para quem der informações que levem à prisão dos criminosos e ao ouro roubado.
6- A investigação
- Investigadores da Polícia Civil vasculharam o armazém de exportação do terminal de cargas, enquanto um helicóptero Pelicano vistoriou rodovias e comunidades ao redor;
- Por volta das 16h, as viaturas clonadas foram encontradas. No local, peritos colheram impressões digitais e buscaram rastros da quadrilha;
- Muitos moradores se aproximaram para acompanhar os trabalhos da polícia, que usou bombas de gás para afastá-los;
- A polícia investiga se a quadrilha é a mesma que cometeu outro assalto milionário ao aeroporto de Viracopos, em Campinas, no ano passado;
- Também é apurado se grupo participou do roubo ao aeroporto de Blumenau, em Santa Catarina, em março deste ano;
- Nove testemunhas ficaram na delegacia até 2h de quinta (25) prestando depoimento, entre eles a família que foi feita refém e o casal dono do galpão onde os bandidos abandonaram os carros depois da ação. Eles não falaram com a imprensa;
- Participam da investigação: policiais civis, federais e rodoviários.
FONTE: G1.COM
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