Policial

Sobe para 3 o número de mortos em atentado a assentamento

Terceira vítima fatal estava em coma induzido, mas não resistiu; outros 5 membros do movimento seguem internados

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) informou, na manhã deste sábado (11), que um dos feridos pelo ataque a tiros promovido por criminosos contra famílias de agricultores do assentamento Olga Benário, em Tremembé (SP), morreu em decorrência dos ferimentos, totalizando 3 vítimas fatais. 5 pessoas seguem internadas. 

“Com profundo pesar, informamos que Denis Carvalho, de 29 anos, infelizmente tornou-se a terceira vítima do massacre ocorrido em Tremembé/SP, na noite de sexta-feira, 10. Denis foi atingido por disparos na cabeça, estava em coma induzido, mas não resistiu aos ferimentos, vindo a falecer na tarde deste sábado (11)”, diz nota do movimento. 

O que aconteceu 

Criminosos armados promoveram, na noite desta sexta-feira (10), um atentado contra um assentamento de agricultores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Tremembé, no interior de São Paulo, e assassinaram três militantes do movimento. Outros cinco membros do MST foram baleados e estão internados no Hospital Regional de Taubaté. 

Em cinco carros e duas motocicletas, dez homens armados invadiram um espaço coletivo do assentamento Olga Benário e abriram fogo contra as famílias. Crianças e idosos estavam no local no momento do ataque. 

Valdir do Nascimento, conhecido como Valdirzão, de 52 anos, e jovem o Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos, não resistiram aos ferimentos causados pelos disparos e morreram.  Na manhã deste sábado (11), o MST anunciou a terceira vítima fatal: Denis Carvalho, de 29 anos, irmão de Gleison, que foi alvejado com tiros na cabeça e estava internado em coma induzido. As famílias prestaram depoimento na delegacia de plantão de Taubaté e aguardam a liberação dos corpos. 

Em conversa com a Fórum, integrantes do MST informaram que as famílias haviam se reunido para recuperar uma área do assentamento que havia sido alvo de invasão e o ataque teria vindo em retaliação. No boletim de ocorrência consta que o atentado foi deflagrado em um contexto “possivelmente envolvendo disputa por terras”. O caso segue sob investigação da Polícia Civil e, até a publicação desta reportagem, ninguém havia sido preso. 

Gilmar Mauro, da direção nacional, detalhou em áudio enviado à Fórum o contexto que estaria por trás do atentado: “É uma região de alguns assentamentos muito próximo às áreas urbanas e onde há uma pressão da especulação imobiliária muito intensa, articulada com políticos locais e também com milícias para adentrar nos nossos territórios e tomar alguns lotes para ir expandindo o capital imobiliário”. 

Segundo o coordenador, os criminosos possuíam um “arsenal de guerra” e mataram uma das vítimas com tiros na cabeça, o que demonstra que o objetivo era exatamente o de executar militantes do movimento. 

“O Valdirzão e o Gleisson, um jovem, foram assassinados brutalmente. No caso do Valdir, com muitos tiros na cabeça, o que prova também que esse grupo foi lá para aniquilar ele”, afirma Gilmar Mauro. 

“Nosso povo estava fazendo resistência porque eles [os criminosos] estavam querendo entrar no lote, portanto juntou umas dezessete, vinte pessoas, mas não imaginavam o arsenal de guerra que esse grupo tinha. Vieram para fazer o que fizeram. Inclusive, saíram procurando outras pessoas que correram”, prossegue. 

Em nota, o MST informou que “outros companheiros continuam em atendimento hospitalizados, onde serão submetidos a cirurgia em estado de saúde grave”, e manifestou “profunda dor” diante do ocorrido e “indignação” com a falta de políticas que garantam a segurança de assentamentos. 

“Neste momento de profunda dor, o movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, se indigna perante a violência e a falta de políticas públicas de segurança nos territórios, que põem a vida de tantos em constante risco. Aos nossos mortos, nenhum minuto de silêncio, mas uma vida inteira de luta!”, diz o movimento. 

O assentamento 

O assentamento Olga Benário do MST em Tremembé, que abriga cerca de 45 famílias, é regularizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) há cerca de 20 anos.

Ministro aciona Secretário de Segurança Pública 

Paulo Teixeira, ministro do desenvolvimento agrário e agricultura familiar, se manifestou sobre o ataque ao assentamento do MST e comunicou o crime ao secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, pedindo providências e punição aos criminosos. 

“Um crime gravíssimo aconteceu nesta madrugada. Um grupo de criminosos invadiu o assentamento Olga Benario, no município de Tremembé, estado de São Paulo, e balearam 8 assentados, levando à óbito os assentados Valdir do Nascimento e o jovem Gleison Barbosa Carvalho. Os demais estão feridos no hospital. Comuniquei o crime ao secretário de segurança pública de São Paulo e pedi as providências para a investigação dos autores e a prisão deles”, anunciou o ministro através das redes sociais. 

FONTE: REVISTA FORUM

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