A comissão externa para acompanhar o caso estima que 20 mil trabalhadores estão isolados após o desmonte dos acampamentos
Senadores que integram a comissão externa criada para acompanhar a crise yanomami querem garantir assistência aos garimpeiros que desocupam as terras indígenas, com alimentos e logística dos governos federais e estaduais. A sugestão é que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), proponha ao Ministério Público Federal (MPF) a assinatura de um acordo com as autoridades para firmar o compromisso.
Os senadores de Roraima Chico Rodrigues (PSB), Dr. Hiran (PP) e Mecias de Jesus (Republicanos), que integram a comissão, estão na região com o objetivo de auxiliar o governo nos trabalhos in loco. Rodrigues estima que haja aproximadamente 20 mil garimpeiros isolados com o desmonte dos acampamentos. Segundo ele, os alimentos não chegam à região, já que os donos de aviões que fazem o transporte temem o confisco das aeronaves.
“A questão dos yanomamis é humanitária. Mas a dos garimpeiros também. Com a retirada, deve se estabelecer um valor, ou cesta básica, para que eles possam sobreviver por pelo menos alguns meses”, defende Rodrigues.
Os senadores de Roraima pleiteiam, ainda, a liberação de áreas específicas para garimpos licenciados, mas essa proposta sofre resistência por parte do Congresso. “Não devemos trabalhar com a ideia de exploração mineral nas áreas indígenas. Precisamos garantir a preservação e investir em outro tipo de atividade”, declarou o senador Humberto Costa (PT-PE), reconhecendo a necessidade de criar alternativas para que as pessoas dedicadas ao garimpo não voltem à ilegalidade.
Na região yanomami, a Polícia Federal trabalha para desmobilizar permanentemente o garimpo ilegal. Os maquinários são destruídos, e os acampamentos, desmobilizados. A operação Libertação foi deflagrada nesta sexta-feira (10) com o objetivo de interromper a logística do crime e proteger a população.
As ações são realizadas por uma força-tarefa com agentes governamentais, liderada pela Polícia Federal e formada por Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), Força Nacional e Ministério da Defesa.
Desde o dia 20 de janeiro, a Terra Indígena Yanomami, a maior do Brasil em extensão territorial, está sob estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, após relatos de casos graves de desnutrição e desidratação dos indígenas.
Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância mostram que oito em casa dez crianças indígenas com menos de 5 anos na Terra Yanomami sofrem de desnutrição. O garimpo ilegal e a ausência de medicamentos e políticas de saúde agravam a situação da comunidade, localizada no meio da floresta amazônica.
Em visita ao território yanomami, o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, disse que vai ser “desafiador chegar a uma solução” para a crise humanitária que atinge os indígenas da região.
FONTE: R7.COM
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