Presidente Joe Biden diz que mundo assiste ao “início da invasão à Ucrânia” e anuncia medidas voltadas contra instituições bancárias e oligarcas. Analistas avaliam que punições ficam aquém daquelas impostas pela UE.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou novas sanções contra a Rússia nesta terça-feira (21/02), no mesmo dia em que a União Europeia (UE), o Reino Unido e a Alemanha impuseram restrições com potencial para gerar impacto significativo na economia russa.
As sanções vieram em consequência do reconhecimento, por parte de Moscou, da independência das autoproclamadas “repúblicas” de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, e horas após o Parlamento russo conceder ao presidente Vladimir Putin a permissão para enviar tropas à região.
“Em termos mais simples, a Rússia acaba de anunciar que está extirpando uma grande porção da Ucrânia”, disse Biden a jornalistas na Casa Branca. “Ele tenta impor uma lógica para tomar mais territórios à força. Isso é o início da invasão russa da Ucrânia.”
Em resposta à recusa de Moscou de remover suas tropas de Belarus e da fronteira com a Ucrânia, o líder americano autorizou o envio de soldados e equipamentos militares dos EUA que já estavam na Europa, para reforçar a segurança na Letônia, Lituânia e Estônia.
“Quero deixar claro que estas são medidas totalmente defensivas de nossa parte”, afirmou. “Queremos enviar uma mensagem inequívoca de que os EUA, juntamente com seus aliados, defenderão cada centímetro do território da Otan.”
Impacto menor do que o esperado
As sanções têm como alvo o banco estatal de desenvolvimento Vnesheconombank (VEB) e a instituição bancária militar Promsvyazbank (PSB), que realiza negócios no setor de defesa. Os EUA também puniram oligarcas russos e suas famílias, que, segundo o Departamento do Tesouro dos EUA, “espoliam o Estado russo e enriquecem às custas do povo”.
Biden disse a punição às instituições bancárias praticamente excluem a Rússia de suas fontes de financiamento no Ocidente. As sanções impedem que Moscou possa obter lucros de transações financeiras envolvendo títulos de sua dívida soberana, a partir de 1º de março.
O VEB e o PSB possuem dezenas de bilhões de dólares americanos em ativos e “desempenham papéis específicos de reforçar as capacidades de defesa e a economia da Rússia”, segundo informou o Tesouro americano.
Entretanto, segundo analistas, as sanções de Washington não foram tão longe quanto as medidas adotadas pela União Europeia. Elas cobrem um número menor de instituições financeiras e não incluem o maior e mais importante banco da Rússia, o Sberbank, além de não removerem a Rússia do sistema de movimentação financeira global Swift.
Os EUA também não impuseram mudanças nos controles de exportação, o que poderia impedir com que as empresas russas tivessem acesso a equipamentos e softwares de alta tecnologia, algo que era visto como uma possibilidade.
Biden, porém, afirmou que as sanções poderão ir além dessa “primeira leva”, caso Moscou mantenha suas agressões à Ucrânia.
Moscou minimiza sanções
A agência russa de notícias Tass disse que as sanções econômicas impostas por Washington não terão grande impacto, uma vez que o país já teria tomado suas precauções, mas não forneceu maiores detalhes.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que Putin não assistiu o discurso de Biden, e que avaliará as medidas americanas antes de comentá-las.
“Nossos colegas europeus, britânicos e americanos não vão parar e não vão se acalmar até esgotarem todas as suas possibilidades para suas supostas punições à Rússia”, afirmou o ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov.
A UE impôs sanções que atingem centenas de indivíduos e empresas. Entre os alvos estão cerca de 350 membros do Parlamento russo que votaram a favor do reconhecimento das “repúblicas populares” de Lugansk e Donetsk, além de 27 indivíduos e entidades que representam ameaças à integridade territorial e a soberania da Ucrânia. Também são alvos algumas das instituições bancárias que financiam as forças militares russas.
A Alemanha, por sua vez, suspendeu o processo de licenciamento do gasoduto Nord Stream 2 no Mar Báltico, planejado para transportar gás russo para Europa contornando países como Polônia e Ucrânia. O projeto, que já foi concluído, não entrará em funcionamento no futuro próximo.
O ministro ucraniano do Exterior, Dmytro Kuleba, elogiou a medida. “É uma decisão moral e politicamente correta nas atuais circunstâncias”, observou. “Verdadeira liderança significa decisões duras em tempos difíceis. As ações da Alemanha são a prova disso.”
O Kremlin afirmou esperar que a suspensão do gasoduto seja somente em caráter temporário.
FONTE: AFP COM REUTERS
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