Neste dois de julho do ano da graça de Dois Mil e Vinte e Dois, ou seja, sobram dois nesta festa, iremos beber e comemorar seis anos do Buraco do Candiru. Seis anos. Foram seis anos nos quais nem dá para acreditar. Seis anos frenéticos, de alegrias e adeuses, de estrelas que ficaram na calçada e foram para os céus. De velhas e grandes árvores que desabaram e de um buganville que empresta suas flores vermelhas à Alameda Jornalista Euro Tourinho, que, conserva em si, ainda as placas da Guiana e a saudade de amigos, como nosso eterno presidente, Euro Tourinho, do Sete Cordas Nicodemos Alves, do Anisinho Gorayeb ou do cuiabano mais rondoniense que já tivemos, Armando Moreira Filho, entre outros que a ceifadora levou nestes anos passados. Seis anos. O Buraco do Candiru, que, no seu começo, parecia um buraco mesmo, e que não conseguiria caminhar com os próprios pés, já acumula histórias de arrepiar.
De porres homéricos, a amores nascentes, passando por chifres curados a doses de uísque e de cerveja, abraços e beijos de carnaval, brigas, até brigas o boteco de grife experimentou! É de se recordar a memorável festa em que nasceu a Calçada das Estrelas do Rio Madeira, com a colocação da primeira a de Euro Tourinho, que ali também comemoraria, dançando frevo seu último aniversário. Depois viriam festas de aniversários memoráveis, o carnaval de marchinhas, que fez delirar o menor circuito de carnaval do mundo! Tivemos noites de poesias, com José Valdir Pereira, Samuel Castiel e Dimarcy Menezes, tardes noites de chorinho, com Lito Casara & Nicodemos, a passagem gloriosa do grupo de choro mineiro, que povoou de sonhos, sons e beleza a capital de Rondônia. Foram grandes momentos, tantos, tantos que é impossível revivê-los todos. E outros nem tanto. Afinal foram tempos de restrições também, com a pandemia do Covid-19 levando à falência 40% dos bares e restaurantes de Porto Velho.
Até o nosso executivo, Marcus Vinicius, supostamente teria subido aos céus, sem morrer. E, para espanto de muitos, que o consideravam enterrado, ressurgiu dos mortos, oferecendo massas e vinho. O fato real é que a pandemia deixou o Buraco do Candiru anêmico, quase asfixiado por falta de vida, de clientela, dos choros, da música, das conversas e até das brigas políticas. Houve mesmo corte de energia por conta da falta de faturamento, mas, para espanto geral, mesmo com alguns eventos cancelados, com tempos em que não se sabia se estava aberto ou fechado a ponto de ter virado um boteco “devezemquandenário”, agora, o boteco se vestiu de azul para comemorar os seus seis anos em grande estilo.
Malgrado tudo isto, apesar dos pesares, com mais ou menos presentes, a Confraria do Buraco sobreviveu até mesmo à inflação (o preço da bebida de que tanto reclamam continua mais baixo do que o do litro de leite, de açaí ou de gasolina) e, hoje, sob o comando do presidente Odair Martini continua a existir, se reunindo sempre às quintas-feiras, mesmo em dias de chuva porque os seus componentes não são de açúcar ou de sal. E volta, aliás, em grandíssimo estilo, de vez que teremos a festa da estrela de Euma Tourinho, a nossa grande juíza e presidente da Associação dos Magistrados do Estado de Rondônia-AMERON, neta de Euro Tourinho. O Buraco do Candiru e sua confraria estão de parabéns. São seis anos só. Volta para lembrar sim do nosso querido Euro Tourinho que, em momento de grande inspiração, disse que “Queria ser lembrado pela alegria.
Que lembrassem dele com a alegria que todos nós devemos ser portador na vida”. Alegria e vida que preservamos com a sobrevivência heroica do Confraria. Heroica sim. O Buraco passou dos cinco anos e a grande maioria dos pequenos morrem até os cinco anos. O Buraco não. Nasceu para encher as nossas vidas de cores, músicas, alegrias, festas, carnavais, bebidas, degustações, encontros e risadas. Buraco do Candiru parabéns por existir, resistir, sobreviver. Parabéns por mais um ano de vida! E vamos esperar, do fundo dos nossos corações, que, por muito tempo ainda, continue a ser palco de momentos inesquecíveis. Feliz aniversário! Evóe! Que os deuses continuem a preservar esta casa santa!
AUTOR: SILVIO PERSIVO – COLUNA TEIA DIGITAL
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