Sem incluir o coronavírus, outras moléstias transmitidas por animais matam 2 milhões por ano no mundo; perdas econômicas representam US$ 100 bilhões
Um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), divulgado nesta segunda-feira em parceria com o Instituto Internacional de Pesquisa Pecuária (ILRI), alerta ara a possibilidade “crescente” de novos surtos de doenças zoonóticas, que são aquelas transmitidas de animais vertebrados para os seres humanos. Segundo o estudo, a expansão agrícola intensiva e não sustentável, o aumento da exploração da vida selvagem, a crise climática e a demanda por proteína animal são alguns dos fatores que explicam o surgimento desse tipo de doença.
“A ciência é clara ao dizer que, se continuarmos explorando a vida selvagem e destruindo os ecossistemas, podemos esperar um fluxo
constante de doenças transmitidas de animais para seres humanos nos próximos anos. As pandemias são devastadoras para nossas vidas e nossas economias e, como vimos nos últimos meses, a população mais pobre e vulnerável é a mais impactada. Para evitar futuros surtos, precisamos ser mais conscientes sobre a proteção do meio ambiente” afirma no documento a diretora executiva do Pnuma, Inger Andersen.
A pesquisa foi divulgada neste que é o Dia Mundial das Zoonoses (6/7) e mostra que, mesmo sem contar com os números da Covid-19, elas já causam grandes danos. No mundo, dois milhões de pessoas morrem todos os anos por doenças transmitidas por animais, que incluem o ebola, a Febre do Nilo Ocidental, a Febre do Vale Rift e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), entre outras. As perdas econômicas ultrapassam os US$ 100 bilhões anuais e atingem principalmente países de baixa e média renda.
O estudo também indica 10 atitudes e políticas que governos devem tomar para prevenir as doenças e aponta os países africanos como possíveis líderes dos esforços na prevenção de pandemias. Isso porque, segundo o relatório, nações no continente já encontraram formas bem-sucedidas de lidar com algumas delas:
“A situação no continente hoje é propícia para intensificar as doenças zoonóticas existentes e facilitar o surgimento e a disseminação de novas doenças”, informou o Diretor Geral da ILRI, Jimmy Smith, que continuou: “Mas, com suas experiências com o ebola e outras doenças emergentes, os países africanos estão demonstrando maneiras proativas de gerenciar esses surtos. Por exemplo, para controlar as doenças, eles estão aplicando novas abordagens baseadas em riscos, ao invés de abordagens baseadas em regras, por serem mais adequadas para ambientes com poucos recursos, e estão unindo conhecimentos humanos, animais e ambientais em iniciativas proativas.”
Dentre as recomendações de prevenção apontadas pela Pnuma e o ILRI estão: aumentar a sensibilização sobre as doenças zoonóticas; fortalecer o monitoramento e regulação de práticas associadas às doenças; melhorar a biossegurança, apoiar o gerenciamento sustentável de paisagens terrestres, fortalecer os trabalhadores do setor, incentivar pesquisas e abordagens interdisciplinares sobre doenças zoonóticas e melhorar as análises de custo-benefício das intervenções para incluir no custo total dos gastos.
FONTE: ÉPOCA
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