Brasil

Professores estão adoecendo em silêncio no Brasil – Por Joelson Chaves de Queiroz

Nos corredores das escolas públicas brasileiras, entre cartazes coloridos e cadernos cheios de sonhos, cresce uma epidemia silenciosa: o adoecimento mental e físico dos professores. Em meio à sobrecarga de trabalho, à violência escolar e à ausência de apoio institucional, milhares de docentes têm sido obrigados a buscar ajuda médica, recorrer a calmantes ou simplesmente se afastar da sala de aula.

Segundo dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mais de 20 mil professores foram afastados por transtornos mentais apenas em 2023. As principais causas? Ansiedade, depressão e a cada vez mais frequente síndrome de burnout — uma exaustão emocional diretamente ligada ao ambiente de trabalho.

“Não era para ser assim”

“Conheço diversos professores da rede estadual de Rondônia que precisaram ser afastados após sofrerem crises de pânico em plena sala de aula. Alunos agitados, reuniões constantes, correção de provas, falta de ar-condicionado… Muitos recorreram a remédios para dormir. Quando percebemos, já estavam readaptados e, com isso, perderam a gratificação de sala de aula — o que representa outra tragédia na vida de quem adoece.”

Um levantamento da Fiocruz, realizado com mais de 10 mil docentes da rede pública, revelou que 34% fazem uso regular de ansiolíticos, antidepressivos ou medicamentos para dormir. Muitos, inclusive, admitem recorrer à automedicação por não encontrarem apoio psicológico disponível nas escolas.

Sem apoio, com pressão.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) alerta para o agravamento da crise após a pandemia e o retorno forçado às atividades presenciais. Em muitas redes, professores acumulam funções, enfrentam salas superlotadas e recebem salários defasados.

“Há locais onde um único professor precisa dar aula, corrigir provas, preencher sistemas e ainda se proteger de agressões verbais ou físicas”, denuncia a entidade.

Um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado em 2024, colocou o Brasil entre os países com maior índice de adoecimento mental entre professores na América Latina.

O silêncio institucional

Mesmo diante de números alarmantes, poucas redes de ensino contam com apoio psicológico sistemático. Estados como São Paulo, Pernambuco e Goiás registraram aumento nas licenças médicas por doenças mentais, mas, em muitos casos, não houve qualquer plano estruturado de saúde mental voltado aos profissionais da educação.

Para a professora e pesquisadora da USP, Renata Mesquita, o cenário é grave:

“Estamos formando uma geração de educadores doentes, cansados e desvalorizados. Isso não afeta só o professor, mas a qualidade do ensino e o futuro do país.”

O que dizem os dados

  • 55% dos professores se sentem frequentemente ansiosos ou deprimidos (Instituto Península / Datafolha, 2022)
  • 42% já pensaram em desistir da profissão
  • 29% dos afastamentos por licença médica estão relacionados a transtornos mentais (Fiocruz, 2023)
  • 1 em cada 3 docentes faz uso regular de medicamentos controlados

Até quando?

Apesar de o tema ser conhecido, pouco se faz. Faltam políticas públicas robustas, acolhimento dentro das escolas e uma valorização real da carreira docente. Enquanto isso, professores continuam adoecendo em silêncio, na esperança de que, um dia, o cuidado com quem educa seja tão importante quanto o conteúdo da próxima aula.

Autor :Joelson Chaves de Queiroz- A luta continua!

 

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