A região centro-sul do Brasil deve produzir ainda menos açúcar no próximo ano, depois de uma grande queda na safra atual, já que uma forte seca e reduzida manutenção de plantio levarão a uma pequena colheita de cana-de-açúcar, de acordo com representantes do setor.
Analistas esperam que a maior região produtora do mundo corte a sua produção de açúcar na safra atual, que vai de abril de 2018 a março de 2019, para cerca de 28 milhões de toneladas, ante 36 milhões de toneladas na previsão anterior, na medida em que o volume de cana cai e as usinas priorizam a produção de etanol ao invés de açúcar, devido a melhores retornos do biocombustível.
“É difícil acreditar, mas nós vemos uma safra ainda menor de cana no ano que vem”, disse Dib Nunes Jr., um diretor da consultoria Dr. Cana.
Analistas estimam que a safra vigente de cana do centro-sul deve cair para 560 milhões a 570 milhões de toneladas, ante 596 milhões de toneladas no ano passado, já que muitas plantações não receberam chuvas generalizadas por mais de dois meses.
Se a safra do próximo ano diminuir, seria o quarto recuo consecutivo desde o recorde de 617 milhões de toneladas de cana em 2015/16. Com menos cana e com o foco no etanol, a produção de açúcar cairia novamente.
“A maioria das usinas está com pouco dinheiro, elas estão cortando investimentos em unidades e campos de cana para pagar as contas”, disse Nunes.
Ele espera que cerca de 11 por cento dos canaviais sejam renovados neste ano, abaixo do nível ideal de 17 a 18 por cento, o que levará a mais campos antigos que tendem a produzir menos.
Marcos Tulio Bulio, um consultor do setor de cana na MTB Consultoria Empresarial, concorda que a safra de cana será menor este ano.
“Eles ficarão felizes se eles conseguirem pelo menos aplicar herbicidas, esqueça outras coisas”, disse Bulio. Herbicidas são muito importantes para as plantações de cana, para evitar que ervas daninhas “roubem” os nutrientes da planta.
Os consultores falaram com a Reuters nos bastidores do Congresso Nacional de Bionenergia, um evento de dois dias organizado pela União dos Produtores de Bioenergia (Udop) em Araçatuba, no interior de São Paulo.
Mesmo com poucos cuidados com a safra, há uma possibilidade de que a da próxima temporada seja maior, se chover muito durante o verão, disse o analista e corretor de açúcar e etanol, Tarcilo Rodrigues.
Celso Junqueira Franco, dono da usina Santa Adélia, discorda.
“Nós não vemos uma gota na região de Araçatuba há quase 90 dias. As usinas abortaram planos de plantação devido à pouca umidade do solo. Mesmo que chova muito, isso não compensará”, ele disse.
FONTE: REUTERS
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