A liberação para uso da aeronave pela polícia foi decidida esta semana pela 12
O avião que foi de Gusttavo Lima e está apreendido pela Polícia Civil de Pernambuco agora poderá ser utilizado pela força policial do Estado. A apreensão se deu no âmbito da Operação Integration, que mira suspeitas de lavagem de dinheiro de jogo ilegal envolvendo plataformas de apostas esportivas online, as bets. O cantor é suspeito de envolvimento na lavagem de dinheiro e de ser sócio de uma das bets investigadas, a VaideBet. Ele nega as acusações e diz ter atuado em transações regulares.
A liberação para uso da aeronave pela polícia foi decidida esta semana pela 12.ª Vara Criminal da Capital de Pernambuco, onde ocorrem os trâmites judiciais da operação. A decisão envolve o uso das aeronaves que compõem os bens apreendidos dos investigados. Entre os itens, está esse avião em nome de empresa do Gusttavo Lima, a Balada Eventos, que teria sido vendido à JMJ Participações, empresa que pertence a um dos donos da plataforma VaideBet, José André da Rocha Neto.
A juíza Andréa Calado, da 12.ª Vara da Capital de Pernambuco, escreveu na decisão que “o objetivo da medida é garantir o funcionamento eficaz das atividades da Polícia Civil deste Estado, refletindo assim um interesse público na sua implementação”.
Sobre a venda da aeronave, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) diz que a Balada Eventos ainda detém a propriedade e posse indireta do avião enquanto o pagamento integral não é concluído pela JMJ.
A assessoria do sertanejo diz que o avião foi vendido para a JMJ, mas no registro ainda consta o nome da Balada Eventos porque a documentação de transferência ainda não saiu.
Tanto Rocha Neto quanto Gusttavo Lima são investigados pela operação. A VaideBet, registrada em Curaçau (onde muitas empresas de apostas esportivas mantêm sede), tem o cantor sertanejo como patrocinador oficial e garoto-propaganda. Quando o avião foi apreendido, a VaideBet informou, por meio de nota, “que acompanha a operação e se coloca à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos que forem solicitados quanto à atuação da empresa e de seus sócios”.
Investigação
A Polícia Civil de Pernambuco realiza a investigação que deu origem à Operação Integration desde 2023. Conforme o inquérito, além das bets, a organização criminosa usava empresas de eventos, publicidade, casas de câmbio, seguros e outras para lavagem de dinheiro oriundo do jogo ilegal, via depósitos e transações bancárias.
Investigado por suspeita de participar do esquema, Lima chegou a ter a prisão preventiva decretada e depois revogada pela Justiça de Pernambuco. O cantor nega as acusações e, junto com os advogados, montou uma estratégia de defesa que inclui, por exemplo, a suspensão do seu contrato com a VaideBet.
As investigações apontaram que, em 1.º de julho, o cantor adquiriu participação de 25% da VaideBet. Esse negócio acentuaria a natureza questionável das “interações financeiras” do cantor, segundo a juíza Andréa Calado, da 12.ª Vara Criminal do Recife.
O cantor, porém, nega ser sócio da bet. Diz que o contrato que assinou só garante que, caso a marca VaideBet seja vendida futuramente, ele receberia 25% do valor negociado. O sertanejo, assim, não constaria no quadro social como sócio-proprietário nem teria participação nas decisões da empresa. Esse contrato que garantiria 25% de uma futura venda da VaideBet está assinado em nome da GSA, empresa responsável pelo uso de imagem do cantor e teria sido suspenso agora, segundo Lima. “A relação comercial entre a GSA e a VaideBet teve início em 2022, por meio de um contrato de uso de imagem para fins publicitários. No momento da negociação do referido contrato, a VaideBet atestou sua idoneidade, firmando o acordo com cláusula anticorrupção. A GSA optou pela suspensão do contrato em razão das investigações e aguarda os desdobramentos”, diz a defesa do cantor.
O sertanejo também é suspeito de auxiliar os donos da VaideBet, Rocha Neto e a mulher Aislla Rocha, a fugirem da polícia após a prisão preventiva decretada na Operação Integration. O inquérito policial afirma que o cantor deu “guarida (abrigo) a foragidos”, se referindo Rocha Neto e Aislla.
Os três foram juntos, em um avião do cantor, para a festa de aniversário de 35 anos dele na Grécia. Na volta, o casal teria ficado nas Ilhas Canárias.
A defesa do cantor afirma que o embarque dos três em Goiânia ocorreu em 1.º de setembro, enquanto que as prisões preventivas foram decretadas no dia 3. Assim, quando Rocha Neto e Aislla saíram do Brasil não tinha nenhum mandado contra eles. Na volta ao Brasil, o cantor diz ter a lista de passageiros de seu avião que comprovaria que Rocha Neto e a mulher não embarcaram com ele
FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO – AGÊNCIA ESTADO
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