De acordo com o jornal “La Razon”, porém, não há sinais de que o legislativo está organizando uma sessão para discutir novas eleições. Os presidentes do Senado, Eva Copa, e da Câmara dos Deputados, Sergio Choque, ambos do Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Morales, convocaram a uma sessão para terça-feira (19), mas o senador Óscar Ortiz descartou a participação dos parlamentares da oposição.
Os protestos de rua persistem em El Alto, La Paz e, principalmente, Cochabamba (centro), bases de apoio de Morales. Na sexta-feira, em Cochabamba, camponeses cultivadores de coca entraram em confronto com o exército e a polícia, deixando nove mortos. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) afirma que 23 o número de vítimas em quase um mês de confrontos.
O governo provisório aprovou na quinta-feira (14) o polêmico decreto 4078, que exime de responsabilidades penais as Forças Armadas na sua atuação pela manutenção da ordem pública. A CIDH considerou “grave” a aprovação do projeto.
“O grave decreto da #Bolívia ignora os parâmetros internacionais de Direitos Humanos e estimula a repressão violenta”, advertiu a CIDH no Twitter.
O ministro da Presidência, Jerjes Justiniano, no entanto, garantiu em declarações à imprensa que o decreto “não é uma licença para matar, só define a tarefa das Forças Armadas com uma base constitucional de garantir a estabilidade do país”.
Devido aos bloqueios de vias em várias regiões, feitos por apoiadores de Evo Morales, o desabastecimento de gêneros alimentícios começa a ser notado nos mercados populares, o que gera preocupação.
O governo enviou um avião com 35 toneladas de carne para La Paz e prometeu outras 25 toneladas de frango nos próximos dias, disse Justiniano.
A pressão contra as novas autoridades se mantém. Seis sindicatos de cultivadores de coca de Chapare, reduto de Morales, exigiram na noite de sábado (16) “a renúncia da autoproclamada presidente Jeanine Áñez Chávez em um prazo de 48 horas”.
Entre outros nove pontos, os cocaleiros, que se concentravam em Sacaba no sábado, pediram ao Legislativo a aprovação de uma lei “que garanta eleições nacionais em um prazo de 90 dias”.
Uma associação de moradores de El Alto aprovou também “um cerco à cidade de La Paz” a partir de segunda para forçar “a renúncia imediada” de Áñez, qualificando sua nomeação como ilegal.
Após a reeleição de Evo Morales em votação marcada por denúncias de fraude nas apurações, a nação andina entrou em crise e protestos foram registrados em todo o país.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) revelou ter encontrado diversas irregularidades no pleito realizado 20 de outubro, quando Morales foi reeleito para um quarto mandato em primeiro turno.
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