Partido nacionalista de Nicola Sturgeon ganha novo mandato e agora pressiona governo britânico por consulta popular
Fortalecida pela vitória de seu partido nas eleições locais, a primeira-ministra pró-independência da Escócia, Nicola Sturgeon, pediu a Boris Johnson neste sábado (8) que não se oponha à “vontade” do povo escocês em realizar um referendo de autodeterminação.
Faltando apenas uma cadeira para ter maioria absoluta, o SNP de Sturgeon ganhou um quarto mandato com 64 cadeiras de 129 no Parlamento escocês, de acordo com os resultados finais divulgados neste sábado.
Os verdes, também a favor da separação do Reino Unido, conquistam oito cadeiras, representando uma maioria a favor da independência, e conseguiram impedir o crescimento do novo partido Alba, do ex-primeiro-ministro escocês e ex-líder do SNP, Alex Salmond, que se tornou um ferrenho opositor de Sturgeon, mas que não obteve um assento sequer no Parlamento. Os conservadores do primeiro-ministro britânico ficaram em segundo, elegendo 31 parlamentares.
Os partidários da independência escocesa reivindicam uma maioria no Parlamento local em favor da separação de seu país do Reino Unido, o que segundo deles obriga Londres a aceirar o novo referendo de autonomia rejeitado por Johnson.
“O povo da Escócia votou para dar maioria aos partidos independentistas no Parlamento escocês”, declarou Sturgeon aos simpatizantes.
Dois dias após a “super quinta-feira” das eleições locais no Reino Unido, o primeiro-ministro britânico superou com folga o teste, arrebatando assentos em território tradicionalmente trabalhista, especialmente um reduto valorizado no nordeste do país, Hartlepool, e com avanços nas regiões desindustrializadas do norte cujo apoio foi conquistado com o Brexit.
Um resultado em que o sucesso da campanha de vacinação contra a covid-19 teve clara influência.
Após a vitória nas urnas, Sturgeon alertou Johnson contra qualquer recusa em autorizar um referendo de autodeterminação.
“Simplesmente não há justificativa democrática para Boris Johnson, ou quem quer que seja, tentar bloquear o direito do povo escocês de escolher seu próprio futuro”, afirmou Sturgeon em um discurso.
“É a vontade deste país”, concluiu Sturgeon, alertando que qualquer iniciativa dos conservadores para impedir um novo referendo os colocaria “em oposição direta à vontade do povo e demonstraria que o Reino Unido não é um parceiro igualitário.”
Johnson, que deve autorizar este referendo, opõe-se veementemente a tal, considerando que essa consulta só pode ser feita uma vez por geração. Em 2014, 55% dos eleitores votaram pela permanência no Reino Unido.
“Acho que um referendo no contexto atual é irresponsável e imprudente”, criticou Johnson ao jornal Telegraph.
Mas os partidários de um novo referendo apontam que o Brexit, que teve a oposição de 62% dos escoceses, mudou as coisas.
No entanto, Boris Johnson parabenizou Sturgeon pela vitória e a convidou a abordar com o governo britânico os “desafios comuns”, como a reativação da economia após a pandemia.
“Acredito fortemente que os interesses das pessoas em todo o Reino Unido, e em particular na Escócia, estão melhor servidos quando trabalhamos juntos”, escreveu o primeiro-ministro britânico.
A nível nacional, e apesar de uma série de escândalos sobre ligações estreitas entre poder e interesses privados, Johnson conseguiu manter os avanços que os conservadores alcançaram nas eleições legislativas de 2019 no chamado “muro vermelho” trabalhista, áreas do norte da Inglaterra afetadas pela desindustrialização e favoráveis ao Brexit.
O prefeito trabalhista de Londres, Sadiq Khan, que em 2016 se tornou o primeiro muçulmano a governar uma capital ocidental, foi reeleito para um segundo mandato.
O político de 50 anos, filho de imigrantes paquistaneses e criado em habitações sociais, derrotou o conservador Shaun Bailey, de ascendência jamaicana.
Durante sua gestão, Khan, um ex-advogado de direitos humanos, construiu uma reputação de eurófilo intransigente, contrário ao Brexit e a seu apóstolo Boris Johnson, seu antecessor como prefeito de Londres.
Na campanha, Khan adotou o slogan “empregos, empregos, empregos” como seu mantra na esperança de reavivar a economia de uma cidade marcada pela pandemia e pelo Brexit, que desferiu um golpe severo em seu poderoso setor financeiro.
Apesar da vitória em Londres, o Partido Trabalhista se vê perplexo após a derrota em Hartlepool, que deixou o líder do partido Keir Starmer “amargamente decepcionado”.
Ele prometeu fazer “todo o possível” para reconquistar a confiança dos eleitores.
Os trabalhistas podem presumir de resultados muito bons no País de Gales, onde mantêm o controle do parlamento local, permitindo-lhes permanecer no poder.
A trabalhista Joanne Anderson, de 47 anos, foi eleita prefeita de Liverpool (norte da Inglaterra), tornando-se a primeira mulher negra eleita à frente de uma grande cidade britânica.
FONTE: R7.COM
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