A polícia anunciou nesta quarta-feira que prendeu 47 pessoas durante a noite em Ferguson, cidade do estado americano de Missouri abalada por 10 dias de distúrbios raciais provocados pela morte de Michael Brown, negro de 18 anos desarmado que foi morto por um policial branco no dia 9 de agosto.
A polícia também apreendeu três armas dos manifestantes durante os protestos, os primeiros majoritariamente pacíficos após várias noites de distúrbios.
Até pouco antes da meia-noite (hora local, 2h em Brasília) os protestos em Ferguson tinham tido um tom familiar e tranquilo impossível em dias anteriores, quando a dinâmica geral era o começo dos enfrentamentos logo ao cair a noite.
No entanto, o lançamento de várias garrafas de vidro contra os agentes desencadeou novos confrontos entre policiais e manifestantes, que terminaram com 47 novas prisões, informou em entrevista coletiva o capitão da Patrulha de Estradas do Missouri, Ron Johnson.
Boa parte das centenas de pessoas que durante o dia se manifestaram pacificamente, em uma manifestação com muitas crianças e famílias, voltaram para casa antes do anoitecer, como tinham recomendado as autoridades, o que tornou na madrugada o grupo do protesto notavelmente menor que nas noites anteriores.
Investigação transparente
O procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, prometeu nesta terça-feira (19) à população de Ferguson, no Missouri, uma investigação independente e transparente para esclarecer a morte.
Holder, também de origem afro-americana, deve viajar a Ferguson nesta quarta, a pedido do presidente Barack Obama.
O procurador-geral fez a promessa de que a investigação “será completa, equilibrada e independente’, mas advertiu que “exigirá tempo”.
“Para começar o processo de reconciliação, os atos de violência devem cessar, antes de tudo, nas ruas de Ferguson”, disse Holder, considerando que os atos de uma minoria “afetam gravemente a causa da justiça”.
Entenda o caso
A cidade vive onda de protestos e a violência por causa da morte Brown.
A polícia alega que o jovem tentou retirar a arma do agente no momento dos tiros. Mas testemunhas afirmam que quando recebeu os tiros, o jovem estava com as mãos para o alto, sem opor nenhuma resistência.
Três autopsias foram solicitadas, em uma prova da importância da tentativa de elucidar o incidente. Uma foi pedida pelas autoridades locais, outra pela família e uma terceira pelo Departamento de Justiça.
O exame solicitado pela família revelou que o jovem foi atingido pelo menos seis vezes e que uma das balas entrou no topo do crânio de Brown, sugerindo que sua cabeça estava inclinada para frente no momento em que foi atingido.
A autópsia feita pelo condado de St. Louis revelou que Brown recebeu de seis a oito tiros e foi atingido na cabeça e no peito.
O funeral de Brown será realizado na próxima segunda-feira, segundo anunciou o advogado da família.
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