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Polícia Federal indicia ex-presidente da Funai por homicídios com dolo eventual de Bruno e Dom

Para a corporação, Marcelo Xavier sabia de riscos que funcionários da Funai corriam, mas não tomou providências

O ex-presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) Marcelo Xavier foi indiciado pela Polícia Federal (PF) pelos homicídios do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. Segundo a corporação, houve dolo eventual — ele teria assumido o risco do resultado ao ter se omitido. O caso aconteceu na região do Vale do Javari, no Amazonas, em junho de 2022. A corporação também indiciou Alcir Amaral Teixeira, ex-coordenador-geral de Monitoramento Territorial da Funai, pelos mesmos crimes.

Para a PF, a dupla foi omissa ao não tomar providências para garantir a proteção de indigenistas e funcionários da entidade. O R7 entrou em contato com a fundação e aguarda a resposta.

Xavier foi nomeado para a função em julho de 2019. Ele assumiu o posto no lugar do general Franklimberg Ribeiro de Freitas, que deixou o cargo em 11 de junho após ser alvo de forte pressão da bancada do agronegócio.

Depois de três meses no comando da Funai, Xavier promoveu demissões generalizadas e trocou 15 coordenações de áreas da autarquia. Naquele mesmo mês de outubro, ele demitiu Bruno Pereira, que na época era coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato.

Por causa dos posicionamentos durante a gestão, Xavier foi alvo de críticas e protestos por parte dos servidores da Funai. Ele acabou exonerado em dezembro de 2022.

Caso Bruno e Dom

Dom e Bruno desapareceram em 5 de junho. Eles foram vistos pela última vez na comunidade São Rafael, nas proximidades da entrada da Terra Indígena Vale do Javari. Os dois viajavam pela região entrevistando povos originários e ribeirinhos para a produção de reportagens e de um livro sobre as invasões de áreas indígenas.

O Vale do Javari, território indígena com o maior registro de povos isolados do mundo, é pressionado há anos pela atuação intensa de narcotraficantes, pescadores, garimpeiros e madeireiros ilegais, que tentam expulsar os povos tradicionais da região.

Phillips morava em Salvador e fazia reportagens sobre o Brasil havia 15 anos para o The New York Times, para o The Washington Post e para o The Guardian. Bruno era servidor da Funai, mas estava licenciado desde que foi exonerado da chefia da Coordenação de Índios Isolados e de Recente Contato, em 2019.

Ele foi dispensado do cargo logo depois de uma operação que expulsou garimpeiros da Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Na ocasião, um helicóptero que servia ao garimpo foi apreendido.

Dias antes do desaparecimento, um bilhete apócrifo com ameaças dirigidas ao servidor e a líderes indígenas foi deixado no escritório de advocacia que representa a organização para a qual ele vinha trabalhando voluntariamente, em Tabatinga (AM).

Os corpos de Bruno e Dom foram encontrados após dez dias de buscas, logo depois de um dos suspeitos do crime ser preso. Os restos mortais foram transportados a Brasília, periciados e confirmados como sendo do indigenista e do jornalista.

Até o momento, três pessoas foram denunciadas por participar do crime. Amarildo da Costa Oliveira está preso na penitenciária de Catanduvas (PR), enquanto Oseney Costa de Oliveira e Jeferson da Silva Lima estão na penitenciária de Campo Grande.

FONTE: R7.COM

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