É a sétima queda seguida nessa comparação, segundo o IBGE.
De janeiro a setembro, recuo é de 4%, o maior desde
No terceiro trimestre deste ano, a economia brasileira seguiu em queda. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro recuou 0,8% em relação ao trimestre anterior. É a sétima retração seguida nessa base de comparação. Em valores correntes, o PIB chegou a R$ 1,6 trilhão.
De janeiro a setembro de 2016, o PIB registra queda de 4% em relação ao mesmo período 2015. Segundo o IBGE, essa é a maior queda para o período desde o início da série, em 1996. Já no acumulado dos quatro trimestres encerrados no terceiro trimestre de 2016, o tombo do PIB foi ainda mais intenso, de 4,4%.
Composição do PIB
O desempenho dos três setores que entram no cálculo do PIB foi negativo no terceiro trimestre deste ano frente ao anterior. A agropecuária teve retração de 1,4%, indústria, de 1,3%, e serviços, de 0,6%.
“Nesse ano, a gente teve queda das três grandes atividades, indústria, serviço e agropecuária. A única com crescimento relevante é indústria extrativa mineral, por causa do petróleo, já que o minério de ferro vem caindo desde o acidente de Mariana”, disse Rebeca de La ROcque Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
No terceiro trimestre, os investimentos, que também estão incluídos na composição do PIB, voltaram a cair, depois de terem crescido no período anterior, de abril a junho. A Formação Bruta de Capital Fixo, como a taxa de investimento também é conhecida, recuou 3,1%.
O consumo das famílias, que durante muitos anos contribuiu com o crescimento do PIB, recuou 0,6% – completando o sétimo trimestre seguido de baixa. A despesa do governo também recuou: 0,3%.
Quanto ao setor externo, as exportações caíram 2,8% e as importações recuaram 3,1%.
Comparação com o ano anterior
Na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, a contração foi ainda maior, de 2,9% – a décima seguida.
Nessa base de comparação, a agropecuária sofreu forte queda de 6%, influenciada por resultados negativos de culturas como milho (-25,5%), algodão (-16,9%), laranja (-4,7%) e cana de açúcar (-2%).
Seguindo o mesmo ritmo, a indústria recuou 2,9%, puxada, principalmente, pela queda na produção de máquinas e equipamentos.
Entre os três setores, os serviços tiveram a queda mais branda: de 2,2%. Os destaques negativos mais importantes ficaram com transporte, armazenagem e correio (-7,4%).
Na comparação com o mesmo trimestre de 2015, o consumo das famílias caiu 3,4%, sob influência dos indicadores de inflação, juros, crédito, emprego e renda, de acordo com o IBGE. A despesa de consumo do governo também caiu: 0,8% frente ao terceiro trimestre de 2015.
Os investimentos também levaram um grande tombo. A formação bruta de capital fixo caiu 8,4% no terceiro trimestre de 2016, a 10ª consecutiva. “Este recuo é justificado pela queda das importações e da produção interna de bens de capital, sendo influenciado ainda pelo desempenho negativo da construção.”
No setor externo, as exportações aumentaram 0,2% e as importações caíram 6,8%. Nos dois tipos de operação, os resultados foram influenciados pela valorização de 8,5% do câmbio.
A taxa de investimento no terceiro trimestre de 2016 foi de 16,5% do PIB, abaixo do observado no mesmo período do ano anterior, de 18,2%. De acordo com o IBGE, esse é o menor índice desde 2003, quando chegou a 16,3%.
A taxa de poupança foi de 15,1% no terceiro trimestre de 2016, a menor da série, iniciada em 2010.
Previsões negativas
As expectativas sobre o resultado do PIB já indicavam que os números seriam negativos. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que tenta “antecipar” o resultado do PIB, estimou, em meados de novembro, que a economia teve retração de 0,79% de julho a setembro, na comparação com o trimestre anterior.
Para o ano de 2016, considerando todos os trimestres, os economistas do mercado financeiro preveem que o nível de atividade neste ano feche em queda de 3,5%, segundo o boletim Focus, também do BC, mais recente.
Se as previsões forem confirmadas, essa será a primeira vez que o país registrará dois anos seguidos de retração no nível de atividade da economia – a série histórica oficial, do IBGE, tem início em 1948. No ano passado, o recuo foi de 3,8%, o maior em 25 anos.
Fonte: G1
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