A Petrobras, no centro de um escândalo de corrupção, anunciou na ultima segunda-feira (29) que as 23 fornecedoras citadas na operação Lava Jato da Polícia Federal como integrantes de um cartel “serão temporariamente impedidas de serem contratadas e de participarem de licitações da estatal”.
A petroleira também informou, em outro comunicado, que os escritórios de advocacia contratados para conduzirem uma investigação independente sobre o suposto esquema de obras superfaturadas identificaram possível existência de relação entre os fatos que estão sendo apurados com a Petros, fundo de pensão dos empregados da companhia.
“Sendo assim, as investigações pelos escritórios independentes foram estendidas à Petros, conforme aprovado pelo Conselho Deliberativo da Fundação”, disse a empresa.
No caso das fornecedoras mencionadas na Lava Jato, a diretoria da Petrobras decidiu criar comissões para análise de aplicação de sanção administrativa e o bloqueio cautelar.
As fornecedoras são Alusa, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Carioca Engenharia, Construcap, Egesa, Engevix, Fidens, Galvão Engenharia, GDK, Iesa, Jaraguá Equipamentos, Mendes Junior, MPE, OAS, Odebrecht, Promon, Queiroz Galvão, Setal, Skanska, Techint, Tomé Engenharia e UTC.
“A adoção de medidas cautelares, em caráter preventivo, pela Petrobras tem por finalidade resguardar a companhia e suas parceiras de danos de difícil reparação financeira e de prejuízos à sua imagem”, disse a estatal, acrescentando que “notificará as empresas do bloqueio cautelar e respeitará o direito ao contraditório e à ampla defesa”.
As 23 fornecedoras foram citadas como participantes de cartel nos depoimentos do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, bem como nos depoimentos prestados no âmbito do acordo de delação premiada dos executivos Julio Gerin de Almeida Camargo, do Grupo Toyo, e Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, do Grupo Setal, segundo informou a Petrobras.
A Petrobras também informou que vai divulgar apenas em janeiro o balanço do terceiro trimestre de 2014. O documento, porém, será publicado sem o relatório de revisão da Pwc, que faz auditoria externa nas contas da empresa.
“Com esse prazo, a Companhia estará atendendo suas obrigações dentro do tempo estabelecido pelos seus contratos financeiros, considerados os períodos de tolerância contratuais aplicáveis, e de modo a evitar o vencimento antecipado da dívida pelos credores”, informou em comunicado.
A estatal está atrasada com a entrega do balanço porque, uma vez conhecidas as denúncias da Operação Lava Jato, a Pwc determinou à empresa dar baixa nos valores dos investimentos em ativos inflados por propinas.
Reportagem publicada no último domingo (28) na Folha de São Paulo mostra que a Petrobras e as empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato têm hoje uma dívida superior a R$ 130 bilhões com bancos privados e públicos no Brasil.
A cifra esava em um levantamento que circulou neste mês no governo. O estudo assustou a cúpula do Executivo e os bancos que têm contratos com essas empresas, e fez com que o Palácio do Planalto se mobilizasse para assegurar a manutenção dos empréstimos.
Pareceres oficiais, aos quais a Folha de São Paulo teve acesso, indicam o medo de que as instituições financeiras sofram se as empresas sob investigação forem declaradas inidôneas e forem impedidas de trabalhar com o setor público.
Quase metade da dívida acumulada corresponde a obrigações da Petrobras, como indica o último balanço publicado pela estatal, de junho. Se forem considerados compromissos com bancos internacionais e fornecedores, a dívida total pode superar R$ 500 bilhões, o equivalente a quase 10% do PIB (Produto Interno Bruto) do país.
Fonte: Folha de São Paulo
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