TÓQUIO (Reuters) – Abalados pelos avanços militares da Coreia do Norte, parlamentares japoneses influentes estão aumentando a pressão para que o país desenvolva a capacidade de atacar preventivamente as instalações de mísseis do vizinho detentor de armas nucleares.
O Japão vem evitando dar o passo polêmico e custoso de adquirir bombardeiros ou armas como mísseis de cruzeiro com alcance suficiente para atingir outros países, preferindo contar com seu aliado Estados Unidos para se contrapor a seus inimigos.
Mas a ameaça crescente representada por Pyongyang, incluindo o lançamento simultâneo de quatro mísseis na segunda-feira, está fortalecendo o argumento de que mirar o arqueiro, ao invés de suas setas, é uma defesa mais eficiente.
“Se bombardeiros nos atacassem ou aviões de guerra nos bombardeassem, responderíamos ao fogo. Atacar um país atirando mísseis contra nós não é diferente”, disse Itsunori Onodera, ex-ministro da Defesa que preside um comitê do governista Partido Liberal Democrata que estuda como o Japão pode se defender da ameaça dos mísseis norte-coreanos.
“A tecnologia avançou e a natureza do conflito mudou”, acrescentou.
Tóquio vem ampliando há décadas os limites de sua constituição pacifista do pós-guerra. Governos sucessivos vêm dizendo que a nação tem o direito de atacar bases inimigas no exterior quando a intenção do inimigo de atacar o Japão é evidente, a ameaça é iminente e não há outras opções de defesa.
Embora governos anteriores tenham evitado adquirir o equipamento para fazê-lo, o partido do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, vem exortando-o a cogitar a medida.
“É hora de obtermos essa capacidade”, disse Hiroshi Imazu, presidente do conselho de política de segurança da legenda. “Não sei se seriam mísseis balísticos, mísseis de cruzeiro ou até o (bombardeiro) F-35, mas sem um dissuasor a Coreia do Norte irá nos ver como fracos”.
A ideia enfrentou uma resistência acirrada no passado, mas a rodada mais recente de testes norte-coreanos pode levar o Japão a agir com mais rapidez para aprovar uma política defensiva mais rígida.
“Já fizemos os trabalhos iniciais para saber como adquirir uma capacidade ofensiva”, revelou uma fonte a par do planejamento militar japonês, pedindo para não ser identificada devido à sensibilidade do tema.
Qualquer arma que Tóquio adquirisse com alcance suficiente para atingir a Coreia do Norte também deixaria partes do litoral leste da China expostos a seus armamentos pela primeira vez, o que provavelmente revoltaria Pequim.
Fonte: Reuters
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