Várias lojas e carros de imigrantes foram incendiados e saqueados no Leste de Johannesburgo na noite de quinta-feira, no mais recente episódio de uma série de ataques xenófobos na África do Sul, que já provocou a morte de seis pessoas e o deslocamento de milhares em três semanas. Segundo a polícia, cerca de 200 estrangeiros se refugiaram em uma delegacia, e 12 pessoas foram detidas durante os ataques.
De acordo com o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), cinco mil pessoas tiveram de deixar as suas casas. Várias se dirigiram a mesquitas, igrejas e outros edifícios.
A nova onda de violência ocorreu apesar dos protestos de quinta-feira contra a xenofobia na cidade costeira de Durban, e a condenação do presidente Jacob Zuma, que pediu a restauração da paz em um pronunciamento no Parlamento.
Raphael Nkomo, que testemunhou os ataques de quinta-feira, disse à BBC que se sentiu aterrorizado. A polícia disparou gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os saqueadores.
— Um grupo de homens saiu de um microonibus. Todos eles estavam armados com facas. Eles começaram a perseguir as pessoas, atirando pedras contra eles, atingindo-os. O que eu vi foi muito, muito aterrorizante — relatou Raphael Nkomo à BBC.
A África do Sul, que viveu durante décadas o drama da intolerância racial, atravessa hoje um surto de xenofobia. O país tem 65 mil refugiados e 295 mil candidatos a asilo.
A violência começou em Durban e se espalhou nos últimos dois dias para a capital econômica, Johannesburgo, centro de ataques xenófobos em 2008 que mataram mais de 60 pessoas.
Pelo menos seis moçambicanos e etíopes foram mortos — entre eles um jovem de 14 anos — e cerca de cem pessoas ficaram feridas. Milhares de estrangeiros se refugiaram em campos abertos pelo governo ou em delegacias.
Fonte: O GLOBO
Add Comment