Vindos das guerras da Síria, Líbia e de conflitos na África, eles buscam a salvação, mas vivem drama diante da barreiras de vários países
Mais de 70 anos depois do final da 2ª Guerra Mundial, pondo fim a uma onda ultraconservadora que levou a governos totalitários e xenófobos, a força da democracia no continente europeu passou a ser novamente ameaçada pelo conservadorismo que exige a proibição da entrada, em seus países, de estrangeiros.
Desta vez, os “inimigos” são os refugiados. Vindos das guerras da Síria, Líbia e dos conflitos na África, eles entram na Europa em busca da salvação.
Outros tantos, em rotas pelo Mediterrâneo e pelos Balcãs, morrem ou são sequestrados por traficantes. E, mesmo em campos de refugiados, quando não são expulsos, vivem em condições precárias, na maioria dos casos.
No auge da crise migratória, em 2015, a UE (União Europeia) estabeleceu um sistema de solidariedade entre os membros, visando uma solução para auxiliar a Grécia e Itália, países que estavam sobrecarregados na recepção de refugiados. O objetivo era acolher pelo menos 160 mil deles.
Mas países como Hungria, República Tcheca, Áustria e Polônia desobedecerem as determinações da UE, temerosos em perderem territórios, como ocorreu ao longo da história, e com receio de que a chegada de imigrantes provocasse crises econômicas em suas nações. Também aspectos culturais foram usados como argumento para evitar a entrada dos imigrantes.
O mesmo temor fez países como a Itália, que havia aberto as portas para uma legião de refugiados, passarem por mudanças políticas, com a vitória de alianças de cunho xenófobo nas últimas eleições, em março último.
Elas culminaram com a formação de um governo, baseado na união entre um partido antiestablishment – o Movimento 5 Estrelas – e um de extrema-direita – a Liga do Norte – defensora do bloqueio à entrada de refugiados.
Comandado na prática pela Liga Norte, presidida por Matteo Salvini (atual Ministro do Interior), o governo impediu, no último dia 12, a entrada do navio MS Aquarius, operado pela ONG franco-alemã SOS Méditerranée, em cooperação com os Médicos Sem Fronteiras. A embarcação trazia mais de 600 imigrantes que precisavam ser resgatados. Com a recusa italiana, e depois de Malta, o governo espanho permitiu que o navia atracasse em seu país.
Até na Alemanha, país que mais recebeu refugiados, o partido neonazista AfD ganhou força no Parlamento e fez a chanceler Angela Merkel, da União Democrata Cristã, se aliar aos sociais-democratas para se manter no cargo após as últimas eleições, de setembro de 2017.
Segundo o governo alemão, em 2015, cerca de 800.000 pessoas pediram asilo a algum país da UE. No fim de 2017, a UE entrou com ações contra Polônia, Hungria e República Tcheca, no Tribunal de Justiça do bloco. Veja a situação de cada país que tem desacatado a decisão da entidade europeia.
Polônia – O documento da UE estabelece que o país deveria abrir as portas para 6.182 refugiados. O governo não aceitou nenhum deles. E mais, comandado pelo primeiro-ministro conservador, Mateusz Morawiecki, do Partido Lei e Justiça, prometeu rebater juridicamente as ações do Tribunal de Justiça da UE.
Hungria – Nem mesmo o limitado número de 1.294 imigrantes, destinados ao país pela UE, o governo húngaro aceitou, segundo a agência Ansa. O Parlamento debate uma emenda constitucional que criminaliza atividades de apoio a imigrantes e refugiados irregulares no país. Reeleito em março último, o primeiro-ministro conservador, Viktor Orbán, afirma que imigrantes ameaçam a cultura cristã e europeia do país, relacionando-os ao terrorismo e à violência.
República Tcheca – Tendo um presidente assumidamente antimuçulmano, o país recebeu apenas 12 refugiados em 2018. Deveria acolher 2.691. Com 29,7% dos votos, o partido ANO, anti-imigração e contra União Europeia, do bilionário Andrej Babis, venceu as eleições parlamentares de 21 de outubro último. Babis, considerado o “Donald Trump” tcheco, é o atual primeiro-ministro.
Áustria – Também eleito em outubro último, o primeiro-ministro austríaco, Sebastian Kurz, é contra a chegada de imigrantes e defende o fim da cota estabelecida pela UE. Entre 2015 e 2016, a Áustria recebeu mais de 120 mil requerentes de refúgio.
Eslováquia – O governo local também rebateu juridicamente a decisão da UE, entrando, assim como a Hungria, com recurso Tribunal, com a alegação de que a UE excedeu suas funções ao estabeler de cotas para cada país, no acolhimento a refugiados. O governo do ex-primeiro-ministro Robert Fico se recusou a receber muçulmanos.
FONTE: R7.COM
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