Características são similares aos da cepa da África do Sul, ainda inédita em território brasileiro. Mas ausência de contato da paciente com o exterior pode indicar tratar-se de mutação da variante brasileira P1.
Uma variante do coronavírus inédita em território brasileiro foi identificada em Sorocaba, interior do estado de São Paulo. O caso foi confirmado pela equipe médica do governo paulista em coletiva no Palácio dos Bandeirantes, nesta quinta-feira (31/03).
Para o médico Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência do Estado, o caso seria o primeira da variante da África do Sul no Brasil. O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, informou que a cepa possui traços semelhantes à sul-africana, e confirmou que o material genético do vírus estava sob análise.
No entanto, apesar da semelhança com a cepa sul-africana, não está descartado que seja uma nova variante de origem local, já que exames preliminares apontam para a possibilidade de se tratar de uma evolução natural da mutação brasileira P1.
“Em Sorocaba foi identificada uma variante. É uma variante assemelhada à da África do Sul, embora não haja histórico de viagem ou de contato com viajantes à África do Sul. Então também existe a possibilidade de que seja já uma evolução da nossa P1 [a variante brasileira] em direção a essa nova mutação da África do Sul”, relatou Covas.
Família não deixou Sorocaba
O caso singular registrado acometeu uma mulher de 34 anos, que apresentou sintomas leves e teve uma evolução clínica favorável. A paciente afirmou não ter viajado recentemente para a África do Sul, nem mesmo para fora do Brasil.
O marido e um filho da paciente apresentaram os mesmos sintomas, mas apenas a amostra colhida da mulher já foi sequenciada por um laboratório vinculado ao Instituto Butantan. A família apresentou sintomas de covid-19 no início de março. As coletas foram feitas entre 5 e 9 de março. O secretário de Saúde de Sorocaba confirmou que a família não saiu da cidade e que o filho não estava indo à escola.
A equipe médica ressaltou que serão feitos exames apropriados para verificar se se trata da variante sul-africana ou de uma nova brasileira, bem como para compreender transmissibilidade e perigos para a população. Faltam ainda dados sobre se essa nova mutação é mais contagiosa em relação à brasileira P1.
Mutações em circulação no Brasil
No fim de março, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alertaram para a circulação de novas mutações da covid-19 no Brasil, porém em quantidades muito pequenas para serem consideradas uma nova variante.
As mutações acontecem constantemente em vírus, quando a composição genética muda durante a replicação. Algumas mudanças trazem vantagens para o patógeno, podendo, por exemplo, tornar mais fácil sua transmissão. Este é o caso das variantes britânica, sul-africana e brasileira, todas consideradas mais contagiosas.
O Brasil estabeleceu na quarta-feira um novo recorde de mortes por covid-19 pelo segundo dia consecutivo, com 3.869 óbitos relacionados à doença, em 24 horas. Além disso, foram contabilizadas 90.638 novas infecções, segundo os dados do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass).
Com isso, o número total de mortes por covid-19 é de 321.515, enquanto o país registrou um total de mais de 12,7 milhões de casos confirmados desde o início da pandemia. O mês de março foi, disparado, o mais letal, superando os 66 mil óbitos, mais que o dobro de julho de 2020, até então o pior mês.
FONTE: DEUTCHE WELLE
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