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Muro de Trump reacende antigos conflitos entre EUA e México

Desde os anos 90 já há um muro em parte da fronteira, mas intenção do presidente americano de ampliá-lo trouxe à tona rixas históricas

Em janeiro deste ano, o presidente Donald Trump deu novo passo em busca de construir o tão falado muro na fronteira entre México e Estados Unidos, para impedir a entrada de imigrantes ilegais mexicanos.

Ele pediu ao Congresso cerca de 25 bilhões de dólares para construir 1.130 km de proteção. Outros  930 km já existem, tendo sido construídos a partir do governo de George Bush (1991) e ampliados na administração de Bill Clinton (1994).

No orçamento norte-americano, foi aprovado inicialmente 1,6 bilhão de dólares para projeto, quantia suficiente para Trump já declarar, no último dia 25, que as obras começarão “imediatamente”.

Nesta quarta-feira (4), a secretária de Segurança Nacional, Kirstjen Nielsen, informou que o governo americano irá enviar militares, membros da Guarda Nacional, para ajudar na Patrulha Fronteiriça.

A ideia de Trump é incrementar a vigilância até a construção do muro, que, no ritmo desejado, chegará a 2.060 km em 2027, ocupando boa parte dos 3141 km de fronteira.

O discurso ameaçador de Trump provocou uma diminuição do número de detenções de imigrantes, que caíram 44%, passando de 611.689 em 2016 para 341.084 em 2017, segundo a OIM (Organização Internacional para as Migrações), da ONU (Organização das Nações Unidas).

A OIM informou, porém, que 412 imigrantes morreram em 2017 tentando atravessar a fronteira, cheia de perigos – número 3% acima dos 398 mortos de 2016.

Fronteira ampla 

A linha fronteiriça entre os dois países, no entanto, concentra muitos outros temas além da passagem de mexicanos em busca de maior qualidade de vida. Há um verdadeiro universo em suas nuances curvilíneas, bem diferente da ideia reta e direta de que o muro é a solução.

Em cada um de seus pontos de junção urbana, cidades-gêmeas se situam lado a lado. A fronteira vai de San Diego (Califória), irmanada com Tijuana (Baja Califórnia) até Brownsville (Texas) irmanada com Matamoros (Tamaulipas).

Quatro Estados americanos estão incluídos na fronteira: Califórnia, Arizona, Novo México e Texas. Do lado mexicano, os Estados que fazem parte da região são seis: Baja California, Sonora, Chihuahua, Coahuila, Nuevo León e Tamaulipas.

No total, 44 cidades irmanadas compõem a fronteira, com uma população de cerca de 12 milhões de habitantes, sendo que, em muitas delas, a qualidade de vida é melhor do que em cidades americanas como Detroit e Washington.

Isso sem contar com a flora e a fauna provenientes da variada geografica desta extensão. A ampliação do muro, segundo ambientalistas, iria ser prejudicial ao ecossistema local, composto por pelo menos dois rios (Colorado e Rio Grande), desertos, montanhas e uma variedade de animais como jaguatiricas, coiotes, veados, antílopes, gatos bravos, lobos e incontáveis espécies de pássaros.

O governo americano já conseguiu nos tribunais, em pelo menos uma ocasião, a permissão para erguer o muro, com o argumento de que a segurança nacional deve prevalecer em relação à queixa dos ambientalistas. Segundo eles, o muro bloqueia a trajetória dos animais em busca de suas fontes d’água e de rotas migratórias naturais.

Há inclusive, na área, uma reserva declarada patrimônio da humanidade pela Unesco. Trata-se da Reserva da Biosfera El Pinacate e Grande Deserto de Altar, situada na mexicana Sonora. Do lado americano, no Texas, há a reserva Cabeza Prieta National Wildlife Refuge.

Na fronteira, nos locais em que não há muro, na maior parte deles existem um forte monitoramento, com câmeras de vigilância, sensores, alarmes, cercas e oficiais da Patrulha Fronteiriça.

Próximos e distantes

Recentemente, os países passaram por um histórico momento de integração. Mas a política de Trump, inclusive, busca priorizar assuntos internos e está propensa a rever o Acordo de Livre Comércio da América do Norte, criando, outra barreira em relação ao vizinho.

A tensão já foi grande entre os dois países. A chamada Compra Gadsden, em 1853, tirou do México muito do que é hoje território americano, com o país latino vendendo aos Estados Unidos o Arizona e Novo México, como consequência da guerra Mexicano-Americana, entre 1846 e 1848.

Nesta guerra, os Estados Unidos, interessados em expandir suas riquezas e com o argumento de estarem seguindo um preceito divino, ficaram inteiramente com os territórios da Califórnia, Nevada, Texas e Utah.

Quem amenizou a tensão foi o presidente mexicano Porfirio Díaz, no fim do século 19. Ele estabeleceu relações pacíficas com os americanos, interessado em trazer investimentos para o México, abrindo o mercado do país e permitindo aos Estados Unidos investirem em áreas agrícolas e de mineração mexicanas.

Mesmo assim, Porfírio, experiente político e militar, que ocupou a presidência de 1884 a 1911, mantinha o bom humor e um tom ácido ao falar sobre a sina mexicana. Dizia ele, lamentando a sorte de seu país.

— Pobre México: tão longe de Deus, tão perto dos Estados Unidos.

O atual presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, também está descontente com a postura do presidente americano Donald Trump. Ele quer que os Estados Unidos protejam os imigrantes mexicanos em seu terrotório e não os discriminem. Já apelou até à ONU para isso.

Recentemente, ambos tiveram uma conversa dura pelo telefone, o que impediu, segundo a imprensa americana, a primeira visita de Nieto aos Estados Unidos, no governo Trump. A questão do muro, portanto, veio apenas para acirrar alguns conflitos históricos. E muitos deles já até estavam virando ruínas.

FONTE: R7.COM

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Gomes Oliveira

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