A instituição Evergreen, controlado pelo operador financeiro tem 119 offshores e 145 contas de pessoas físicas
A força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio investiga uma lista com 429 clientes do banco Evergreen (EVG), controlado pelo doleiro Dario Messer, em Antígua e Barbuda, até meados de 2013. Da relação, constam 119 offshores – nome dado às empresas e contas bancárias abertas em territórios onde há menor tributação em comparação ao país de origem dos seus proprietários – e 145 contas de pessoas físicas. São empresários, doleiros, esportistas, nomes ligados a políticos, servidores públicos e personagens de casos recentes de corrupção.
A lista foi entregue pelos doleiros Vinicius Claret, o “Juca Bala”, e Cláudio Barboza, o “Tony”, que atuavam para Messer a partir do Uruguai. Os dois são delatores da Operação Câmbio, Desligo, deflagrada no dia 3 de maio pela Polícia Federal.
O Ministério Público Federal quer identificar quais clientes do banco têm relação com casos de corrupção, quais sonegaram recursos e, ainda, aqueles com valores fora do país de forma regular.
Em relatório ao juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal do Rio – responsável por autorizar a operação da PF –, os procuradores afirmam que “muitas contas” foram abertas na instituição “em nome de familiares ou terceiros”. Segundo os investigadores, o “banco EVG tinha como escopo a lavagem de dinheiro por meio da ocultação patrimonial de bens de seus clientes”.
Messer é considerado o “doleiro dos doleiros”. Ele foi alvo de mandado de prisão expedido por Bretas, mas permanecia foragido e foi incluído no alerta vermelho da Interpol.
Conforme as investigações, Messer mantinha sociedade no banco com Enrico Machado. “Em 2012, ele se desentendeu com Enrico, rompendo a sociedade não só no Uruguai, mas também no banco mantido em Antígua”, relatou o Ministério Público Federal.
A lista de clientes do banco de Messer reforça a versão dos investigadores de que a instituição financeira era utilizada para mascarar clientes do doleiro e lavar dinheiro. Entre os “correntistas” do EVG estão pelo menos dez doleiros que se valiam de sistemas de movimentação de dólares e reais e tinham a família Messer como garantidores das transações.
Defesas
O advogado Antonio Figueiredo Basto, defensor de Christian de Almeida Rego e Eric Davy Bello, informou desconhecer a lista de clientes.
O desembargador Ferdinaldo Nascimento, do Tribunal de Justiça do Rio, afirmou não comentar “rumores”. O advogado Wagner Madruga do Nascimento, filho de Ferdinaldo, não respondeu aos contatos feitos pela reportagem.
Contatadas, as defesas de João Bosco Madeiro da Costa, Renato Malcotti e Roberto Rzezinski não haviam respondido até a conclusão desta matéria.
Em petição ao juiz Marcelo Bretas, o empresário Alexandre Accioly afirmou manter “carteira de investimentos no banco EVG, instituição financeira de médio porte, sobre a qual, no determinado momento, não recaía qualquer suspeita”. Os advogados relataram que os valores foram regularizados com a Lei da Repatriação.
“Nas suas atividades empresariais de 2005 a 2011, Alexandre Accioly teve pequena parte de suas receitas não declaradas pela dinâmica dos próprios negócios, recursos estes parcialmente alocados no exterior”, registrou a defesa. “Importa dizer sobre os investimentos, até então mantidos no EVG, que foram integralmente transferidos para o Crédit Agricole Private Bank, objeto de regularização.”
A ex-jogadora Jaqueline Silva disse não lembrar de ter mantido conta no EVG, mas vai procurar saber se, na época em que era jogadora e atuava no exterior, manteve valores no banco oriundos da atuação profissional.
Os outros citados ou suas defesas não foram localizados pela reportagem. O espaço está aberto para manifestações.
FONTE: METROPOLES.COM
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