Segundo Luiz Henrique Mandetta, há evidência científica de que canabidiol é benéfico para crises convulsivas reentrantes, difíceis de controlar com medicação tradicional
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou nesta quarta-feira que, diante da necessidade de alguns pacientes acometidos por crises convulsivas de difícil tratamento, o ministério da Saúde é favorável à importação e ao registro de medicamentos à base de canabidiol , composto encontrado na maconha.
— O que nos pauta na questão do medicamento é colocar um arsenal medicamentoso à disposição dos profissionais que entendem ser necessário para os seus pacientes. E as evidências são basicamente paracrises convulsivas reentrantes, que são aqueles pacientes que não controlam suas crises com os medicamentos anticonvulsivantes. São duas síndromes que têm boa evidência científica, e basicamente em toda a literatura o canabidiol mostra algum benefício — disse Mandetta.
Segundo o ministro, como a demanda por medicamentos à base decannabis é restrita, não faz sentido produzi-los aqui no Brasil, ainda que o ministério esteja ouvindo diversas entidades médicas e farmacêuticas para discutir o assunto.
— Como o número de pacientes (que precisa do canabidiol) é muito restrito, não é uma panaceia. Como o volume é pequeno, não justifica você fazer uma fábrica que vai ficar com um preço enorme para aqueles pacientes. Então, a gente acha que deve dar registro (para o canabidiol), que deve trazer a molécula, se puder importar, importa, mas não vê nenhuma razão para colocar um estoque enorme de THC (canabidiol) com os malefícios que o THC traz, afirmou.
Hoje, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) libera importações controladas de medicamentos a base de maconha, mas enfrenta forte resistência do ministro da Cidadania, Osmar Terra, que vem se opondo a pedidos entregues à Anvisa para o cultivo da cannabis no país.
Por fim, Mandetta afirmou que, embora haja a possibilidade de autorizar plantios científicos da maconha para projetos de pesquisa, não está na pauta do Ministério da Saúde se debruçar sobre os impactos do uso recreativo da maconha.
— (Uso recreativo) isso não está na pauta. Para nós, da saúde, seria uma droga a mais para a gente lutar (contra). Quando você pega álcool, tabaco, que são legalizadas, a gente tem uma luta enorme pelos malefícios de ambas. O THC (canabidiol) de uso indiscriminado também vai ser mais uma droga que não acrescenta nada para a saúde do cidadão — afirmou.
FONTE: O GLOBO
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