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Ministro da educação cita carteira de trabalho e causa tumulto na Câmara

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, travava duros embates com deputados durante audiência no plenário da Câmara dos Deputados, chegando a afirmar que já trabalhou com carteira assinada e questionando se os parlamentares sabiam do que se tratava.

Em sua fala, Weintraub negou ainda que existam cortes no orçamento da pasta que comanda, alegando tratar-se de um contingenciamento, e disse que o programa de governo do presidente Jair Bolsonaro previa priorizar a educação básica e fundamental e não o ensino superior.

“Nós não somos responsáveis pelo contingenciamento atual. O Orçamento atual foi feito pelo governo eleito de Dilma Rousseff e do senhor Michel Temer, que era vice. Nós não votamos neles, então nós não somos responsáveis pelo contingenciamento atual. Nós não somos responsáveis, absolutamente, pelo desastre da educação básica brasileira”, disse o ministro aos deputados.

“Não estou querendo diminuir o ensino superior, o que a gente se propõe é cumprir com o plano de governo que foi apresentado a toda população durante a campanha. A prioridade é a pré-escola, o ensino fundamental e o ensino técnico, mantendo a atual estrutura das universidades, porém mudando a estratégia”, acrescentou.

Durante os questionamentos de deputados, Weintraub foi duramente criticado por parlamentares da oposição. O líder do PT, Paulo Pimenta (RS), chamou o ministro de “covarde” enquanto o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), autor do requerimento de convocação do ministro, afirmou que a educação não é uma prioridade do governo Bolsonaro.

Em um dos momentos mais tensos da audiência até aqui, Weintraub lembrou que trabalhou como bancário, com carteira assinada, e disse que talvez os deputados não saibam o que é isso. Ele citou o ministro da Propaganda do regime nazista na Alemanha, Joseph Goebbels, ao afirmar que a oposição busca transformar mentiras em verdades.

“Eu não critico o outro lado, eu não quero morte para o outro lado, eu quero diálogo. Eu quero conversar com base em ciência, em números. Dois mais dois é quatro. Dois mais dois não é 30, não importa quantas vezes você diga isso. Goebbels falava que (se repetisse) mil vezes virava verdade. Continua sendo quatro. Não tem corte”, disse Weintraub.

“Eu gostaria também de falar que eu fui bancário, carteira assinada, viu? A azulzinha, não sei se vocês conhecem. Trabalhei muito, pagava imposto sindical, trabalhei para valer, recebia o tiquetezinho. E tem mais uma coisa: quem ligou para o dono do Santander na Espanha para pedir a cabeça de uma bancária, colega minha, porque ela ousou falar que se a Dilma fosse eleita, o dólar ia subir e a bolsa ia cair, foi o Lula, que hoje está na cadeia”, disparou.

Weintraub se referia ao episódio ocorrido durante a campanha eleitoral de 2014 em que uma funcionária do banco Santander escreveu em nota a clientes de alta renda da instituição que a reeleição da então presidente Dilma Rousseff deterioraria o desempenho da economia brasileira.

A declaração do ministro instaurou um tumulto no plenário e o presidente em exercício da Câmara, Marcos Pereira (PRB-SP), pediu calma aos deputados, ao mesmo tempo que disse ter se sentido pessoalmente ofendido pela declaração de Weintraub sobre a carteira de trabalho e pediu ao ministro que se ativesse ao tema da audiência.

Protestos

A audiência de Weintraub na Câmara acontece no mesmo dia em que dezenas de milhares de manifestantes protestam em cidades de todo o país contra o bloqueio de recursos do ministério, que tem afetado pesquisas e o funcionamento de instituições de ensino federais.

Em Brasília, de acordo com a Polícia Militar local, 7 mil protestavam em frente ao Congresso Nacional com cartazes e palavras de ordem contra o governo. Imagens da TV e fotografias mostravam a Avenida Paulista, na região central de São Paulo, lotada de manifestantes contrários ao bloqueio de recursos na Educação.

Mais cedo, em Dallas, nos Estados Unidos, onde receberá uma homenagem na quinta-feira, Bolsonaro classificou os estudantes que participam das manifestações convocadas pela União Nacional dos Estudantes (UNE) de “idiotas úteis” e “imbecis”.

“São uns idiotas úteis, uns imbecis, que estão sendo usados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo de muitas universidades federais do Brasil”, disse Bolsonaro a jornalistas em Dallas.

FONTE: REUTERS

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