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Ministério da Justiça abre processo administrativo contra cervejaria Backer por recall inadequado

Backer será intimada para apresentar defesa administrativa e terá oportunidade de se manifestar no processo. Caso condenada, a multa poderá chegar até cerca de R$ 10 milhões.

 

O Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), informou, nesta quinta-feira (6), que abriu processo administrativo contra a cervejaria Backer por inadequação do recall apresentado e consequências do consumo das cervejas impróprias.

Segundo a Senacon, a exposição de consumidores às cervejas impróprias gerou casos de intoxicação e de mortes por contaminação com as substâncias dietilenoglicol e monoetilenoglicol.

Ainda segundo o órgão, a Backer apresentou recall no procedimento de recolhimento de produtos perigosos ou nocivos aos consumidores apenas depois de notificada e não ao tomar conhecimento do problema, como manda a lei.

“Quando formalizado o recall, a documentação não atendia aos requisitos da legislação aplicável. Considerando a gravidade da situação, a Senacon verificou que a atuação deveria ter sido mais célere, tempestiva e eficaz”, informou a nota.

A cervejaria Backer será intimada para apresentar defesa administrativa e terá oportunidade de se manifestar no processo. Caso condenada, a multa poderá chegar até cerca de R$ 10 milhões.

Em nota, a Backer informou que, até o momento, “já recolheu cerca de 52 mil garrafas, e outras 60 mil caixas com 15 garrafas cada estão em processo de recolhimento. Trata-se de uma tarefa complexa, dada a capilaridade de distribuição dos produtos no mercado brasileiro. Apesar disso, a empresa garante que está concentrando todos os esforços possíveis nessa tarefa”.

A empresa disse ainda que está cumprindo rigorosamente “tudo o que foi acordado com as autoridades competentes e ressalta que, em momento algum, foi notificada a respeito de falhas”.

33 casos investigados

A Polícia Civil investiga 33 casos por intoxicação por dietilenoglicol relacionados ao consumo de cervejas da Backer, produtora da Belorizontina, em Minas Gerais. Nesta quinta, a investigação completa um mês.

Segundo a corporação, não há nenhum caso em investigação anterior a outubro de 2019. Seis pessoas morreram.

As investigações são realizadas pela 4ª Delegacia de Polícia Barreiro, sob responsabilidade do delegado Flávio Grossi, que avalia a necessidade de pedir dilação de prazo, devido à complexidade do caso. Ainda não há previsão para a conclusão das investigações.

De acordo com a polícia, o pedido para exumar o corpo da mulher que morreu no dia 28 de dezembro de 2019, em Pompéu, na Região Centro-Oeste de Minas Gerais, está sendo analisado pela Justiça.

Por causa da investigação, toda a produção da cervejaria está paralisada e a venda de todos os rótulos da fábrica, suspensa.

Nesta terça-feira (4), a cervejaria divulgou um laudo da Polícia Civil que constatou que a água usada na mistura da cerveja não tem nem o monoetilenoglicol nem o dietilenoglicol, mas, o mesmo laudo confirma a presença do dietilenoglicol no processo de refrigeração da cerveja. A Backer sempre afirmou que não usa o dieltilenoglicol em nenhum processo.

A Backer também divulgou um outro laudo, este feito a pedido da cervejaria. A análise contratada não encontrou nenhuma das substâncias em quatro processos: no tanque de água gelada, na caixa branca d’água, na água usada no restaurante e no trocador de calor.

Sobre a presença de dietilenoglicol na análise da Polícia Civil, a cervejaria reafirmou que não usa a substância nos processos e que a identificação do dietilenoglicol também vai ser investigada pela cervejaria porque é “um mistério”.

A Polícia Civil disse que não vai comentar o laudo porque a investigação ainda está em andamento.

Resumo:

  • Uma força-tarefa da polícia investiga 33 notificações de pessoas contaminadas após consumir cerveja (seis delas morreram);
  • O Ministério da Agricultura identificou 41 lotes de cerveja da Backer contaminados com dietileglicol, um anticongelante tóxico;
  • Backer nega usar o dietilenoglicol na fabricação da cerveja;
  • A cervejaria foi interditada, precisou fazer recall e interromper as vendas de todos os lotes produzidos desde outubro;
  • Diretora da cervejaria disse que não sabe o que está acontecendo e pediu que clientes não consumam a cerveja.

Veja lista das mortes

Sintomas e tratamento

Ministério da Saúde investiga síndrome nefro neural em Minas Gerais  — Foto: Reprodução/TV Globo Ministério da Saúde investiga síndrome nefro neural em Minas Gerais  — Foto: Reprodução/TV Globo

Ministério da Saúde investiga síndrome nefro neural em Minas Gerais — Foto: Reprodução/TV Globo

Entre os sintomas da síndrome nefroneural estão alterações neurológicas e insuficiência renal. De acordo com a presidente da Sociedade Mineira de Nefrologia, Lilian Pires de Freitas do Carmo, os primeiros sinais de intoxicação por dietilenoglicol são dores abdominais, náuseas e vômitos. O tratamento é feito no hospital, com monitoração, e tem o etanol como antídoto.

Processo cervejeiro — Foto: Arte/G1Processo cervejeiro — Foto: Arte/G1

FONTE: G1.COM

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