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Londres prepara medidas para retirar 20 mil britânicos no Sinai

Rússia acusa Reino Unido de tentar pressionar Moscou sobre ataques na Síria

LONDRES E CAIRO — Enquanto as autoridades russas e egípcias pedem cautela sobre as hipóteses de uma bomba ter causado o acidente da aeronave que caiu no Sinai no sábado, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou nesta quinta-feira que essa versão é a mais provável. O premier, que está reunido no momento com o presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sisi, também defendeu a recente suspensão dos voos para o balneário de Sharm el-Sheikh, que afeta cerca de 20 mil viajantes do Reino Unido na região do Mar Vermelho. No intuito de retirar os cidadãos de férias no local, o governo britânico lançou um plano de emergência.

— É mais provável do que não (que o acidente foi causado por uma bomba) — afirmou Cameron, alertando que pode demorar para retirar todos os britânicos de Sharm el-Sheikh. — E priorizar a segurança dos britânicos.

Pouco antes de se encontrar com Sisi, Cameron destacou que é solidário com o Egito diante da importância do turismo para a economia do país. No entanto, ressaltou que é fundamental a melhoria das medidas de segurança no aeroporto do balneário antes de providenciar o retorno de britânicos ao país.

— Os laços entre os países são fortes, o prazer que turistas britânicos têm em ir ao Sharm el-Sheikh é muito, muito positivo, mas não é o momento certo para dar continuidade a esses voos — disse Cameron.

Por outro lado, as autoridades egípcias informaram que não foram consultadas sobre a suspensão, e diz ter respondido positivamente às preocupações britânicas e reforçado a segurança no aeroporto de Sharm Al-Sheikh. As questões certamente serão debatidas no encontro entre Cameron e Sisi. Para aumentar ainda mais as tensões, manifestantes se reuniram do lado de fora do escritório do premier para protestar contra o egípcio, acusando ele de cometer violações aos Direitos Humanos.

Para Moscou, que prometeu continuar voando para o Sinai, ainda é muito cedo para apontar as causas da queda, chamando todas as versões sugeridas até agora de “especulação”. O Kremlin disse ainda que a suspensão dos voos é uma manobra para pressionar a Rússia sobre os ataques na Síria, segundo o político russo Konstantin Kosachyov.

Qualquer versão do que ocorreu e as razões apontadas só podem ser determinadas por uma investigação, e ainda não temos nenhum resultado do inquérito — disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a jornalistas. — Qualquer outra explicação parece ser informação não verificada ou algum tipo de especulação.

As declarações são uma resposta à afirmação do ministro do Exterior britânico, Philip Hammond, que apontou uma “possibilidade significativa” de que o braço egípcio do grupo Estado Islâmico havia orquestrado um ataque a bomba no avião russo. O premier Dmitry Medvedev também disse ser cedo para tirar conclusões sobre as causas do acidente, mas ordenou que sejam estudadas medidas de segurança adicionais.

Kosachyov, que preside a comissão externa do Parlamento russo, disse que a decisão do Reino Unido era uma tentativa de por “pressão psicológica” na Rússia sobre seus ataques aéreos contra rebeldes sírios.
ALGUNS VOOS CONTINUAM

Apesar da maioria ter sido suspenso, alguns continuam chegando ao aeroporto de Sharm el-Sheikh, informou o ministério da Aviação egípcio. A previsão é que 23 vindos da Rússia pousem nesta quinta-feira, três da Itália e dois da Arábia Saudita, além de 22 voos domésticos.

A companhia aérea British Airways afirmou, em nota, que vai providenciar acomodação aos passageiros retidos no balneário egípcio que voariam para o aeroporto de Gatwick, em Londres, nesta quinta-feira. Segundo a empresa, o voo foi adiado para sexta-feira, seguindo a decisão do governo britância de suspender as operações.

“Estamos trabalhando juntos ao governo britânico para encontrar a melhor solução para nossos clientes que estão de férias no resort e que estão previstos para sair do Reino Unido. Entendemos que a situação atual é frustrante, no entanto, está fora de nosso controle e a segurança de nossos clientes e funcionários é nossa principal prioridade”, disse a companhia.

No balneário egípcio, o clima é de ansiedade. A britânica Amy Watson, hospedada no Sharm el-Sheikh, disse que a decisão britânica de cancelar os voos levou pânico ao resort, mas se mostrou favorável à decisão, destacando que os turistas estavam sendo bem tratados.

O Airbus A321M da companhia Kogalymavia — que opera sob o nome de Metrojet — decolou do balneário de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho, a São Petersburgo quando perdeu contato 23 minutos após a decolagem no sábado. A aeronave caiu na Península do Sinai, e todas as 224 pessoas a bordo morreram.

VÍTIMAS SÃO ENTERRADAS
Menina chora durante funeral de Nina Lushchenko, de 60 anos, vítima do acidente russo no Egito – OLGA MALTSEVA / AFP
Enquanto isso, as primeiras vítimas da tragédia começam a ser enterradas. Em Novgorod, cidade de 20 mil habitantes ao sul de São Petersburgo, Nina Lushtshenko, de 60 anos, foi enterrada na presença de parentes e amigos.

— Ainda não acredito no que aconteceu — disse à AFP, Tamara Timofeieva, que trabalhava com a mulher.

 

 

 

 

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Gomes Oliveira

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