O novo ministro da Cultura, Juca Ferreira, atribuiu as declarações de sua antecessora, Marta Suplicy, ao “mau humor” dela com o PT, com a presidente Dilma Rousseff e com a falta de espaço para uma candidatura futura. Em entrevista concedida ao jornal “O Estado de São Paulo”, Marta classificou de “muito ruim” a administração de Juca no Ministério da Cultura (MinC) durante o governo Lula. Ela também disse ter mandado ao órgão de controle interno do governo “tudo sobre irregularidades e desmandos” da primeira passagem dele pela pasta.
— Me senti (agredido) com a irresponsabilidade como ela tratou uma pessoa honesta, com quase 50 anos de vida pública e que não tem um desvio sequer. Eu sou um alvo eventual. Ela quis atirar em Deus e acabou acertando no padre de uma paróquia. O problema dela é com o PT e com a Dilma, é com o desejo já de algum tempo de ser candidata. Está manifestando um mau humor —disse Juca.
Auditorias da Controladoria Geral da União (CGU) teriam apontado problemas no uso de recursos do MinC pela Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC), que teria recebido R$ 111 milhões entre 1995 e 2010. Desse total, 94% referem-se a um termo de parceria executado na gestão de Juca. Segundo reportagem do jornal paulista, a SAC dispensava irregularmente licitações para compra de materiais e contratação de serviços. Teria havido ainda o favorecimento de funcionários da Cinemateca na execução dos projetos.
Juca defendeu a integridade da SAC e minimizou o caso. Disse que a denúncia não foi apresentada por Marta e que o contrato com a SAC foi firmado muito antes de sua gestão.
— Eu boto a mão no fogo pelas pessoas da Sociedade de Amigos da Cinemateca. Não fomos nós que estabelecemos uma parceria, vem desde os anos 1940. São pessoas da mais alta qualidade pública. O que a CGU encontrou são pequenos procedimentos e ela vai investigar e chegar à conclusão que não tem nada. Só tem uma coisa que precisa uma atenção maior, mas que não é do meu tempo — disse.
O novo ministro disse que sempre admirou sua antecessora. Ele disse que não tomou as críticas de Marta como pessoais – e reforçou que o alvo é o PT. Juca alfinetou a petista, dizendo que sua gestão à frente do MinC não foi tão boa quanto seu desempenho na prefeitura de São Paulo.
— Quando voltei do exílio, a Marta tinha um programa de televisão. Eu fiquei fã dela pela coragem em defender a sexualidade feminina e o direito ao orgasmo, coisa que era um tabu no Brasil, como se mulher não tivesse direito a isso. Depois, minha admiração cresceu quando ela foi prefeita de São Paulo. Foi uma boa prefeita. Agora, como ministra, eu não tenho avaliação, mas estou recebendo os resultados da comissão de transição e eu diria que ela não foi tão boa quanto ela foi prefeita da cidade — declarou.
Por fim, Juca fez questão de dizer que foi mais aplaudido que sua antecessora:
— Ela se voltou contra mim. Não estou na linha de tiro dela, não é comigo o conflito, é que fui mais aplaudido que ela em um evento de cultura. Paciência, eu não posso ser punido pela popularidade que tenho. Ninguém tem o direito de dizer que é claque. São pessoas que reconhecem a política que foi feita.
Fonte: O GLOBO
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