Vania era acusada de ter matado ex a facadas, em Vilhena (RO).
Julgamento aconteceu nesta quinta (15) e foi marcado por revelações.
O Tribunal do Júri condenou a jovem Vania Basílio Rocha a 13 anos de prisão por ter assassinado o ex-namorado, durante o ato sexual, em Vilhena (RO). O julgamento da acusada iniciou às 9h desta quinta-feira (15) no Fórum da cidade e foi marcado por declarações inéditas e polêmicas.
Para o promotor, Vania alegou que levou a faca na bolsa até a casa da vítima por medida de segurança e que no local encontrou a calcinha de outra mulher, o que a deixou enciumada. Ao ouvir a sentença, feita pela juíza Liliane Pegoraro Bilharva, Vania fez cara de “furiosa” e não chorou. A defesa diz que vai recorrer da decisão.
Vania, atualmente com 19 anos, chegou ao Fórum local com aspecto abatido. Ela foi ouvida apenas pelo MP-RO e pela própria defesa, pois a Justiça dispensou todas as testemunhas do caso. Ao ser questionada pela promotoria sobre o que teria ocorrido no dia do crime, a ré disse que os fatos ainda estão embaralhados em sua cabeça e chegou a chorar.
Ela também contou que foi até a casa de Marcos Porto para uma despedida. Ao chegar à residência, ela conversou com o irmão do ex-namorado e depois foi para o quarto da vítima. Lá, Vania afirma ter encontrado a calcinha de outra mulher. Naquele momento, Marcos deitou na cama, ela tirou a blusa, a jogou no rosto do rapaz e em seguida pegou a faca. Segundo ela, a vítima chegou a dizer: “você está louca, guria”.
A ré relatou que deu o primeiro golpe de faca na clavícula do ex-namorado e depois na barriga, mas disse não se lembrar do resto da sequência dos fatos. Vania afirmou que desconfiava que o ex-namorado a traía e que já tinha surpreendido Marcos com outra mulher.
A informação sobre a calcinha de outra mulher é novidade no caso. Até então, a acusada declarava que teria ido na casa apenas para se despedir, mas nesta quinta contou à juíza que o fato de ter visto peças íntimas de outra mulher na casa a deixou com ciúmes, o que motivou o crime. Ela negou que tivesse ido à residência apenas para matar o ex.
Outra versão diferente que Vania contou no julgamento foi em relação ao volume do som no momento em que ela matou Marcos. Em dezembro, quando havia sido presa, ela declarou que aumentou a música de propósito, para ninguém ouvir os gritos de socorro. Nesta quinta, afirmou que o ex-namorado foi quem pediu para ela colocar o som mais alto.
Sobre a faca que carregava na bolsa, a ré contou que andava com um objeto cortante por questões de segurança e que naquele dia não havia encontrado o canivete que carregava de costume. Por isso, pegou uma faca de cozinha e colocou na bolsa.
Revelações
O promotor do caso, João Paulo Lopes, afirmou no julgamento que na adolescência Vania furtou e usou maconha e chegou a fugir da casa da mãe diversas vezes. Durante o namoro com Marcos, houve uma briga em que a vítima acabou quebrando o celular dela, pois Vania estava repassando fotos de cunho sexual para amigas.
Quando viu Marcos quebrando o celular, Vania passou a quebrar todo o cômodo da casa de raiva. Na audiência, o advogado da acusada confirmou que a relação dos dois era violenta, porém eles continuaram transando mesmo depois de se separarem.
Ainda segundo Vania, ela não se arrepende do crime em si, porém não imaginou que o caso dela ganharia tanta repercussão na imprensa. Para ela, a cobertura feita prejudicou os planos pessoais dela.
Os laudos apontaram que Vania tem um perfil violento, mas que isto não é corriqueiro de todas as pessoas com diagnóstico de sociopatia. Os psicólogos também chegaram a conclusão de que Vania não consegue obedecer ordens, não tem capacidade de demonstrar culpa e aprender com as experiências. Laudos também comprovam que ela é manipuladora e tenta criar histórias para passar a outras pessoas uma responsabilidade do fato.
Procurado, o defensor público George Barreto Filho diz que vai recorrer da decisão de Vania. Após a sentença, ela foi levada de volta ao presídio feminino de Vilhena, onde está presa desde dezembro de 2015.
Ao G1, um amigo do jovem morto por Vania não concordou com a sentença da juíza. “Foi muito pouco pelo crime que ela fez. Por deixar a filha do Tim, de 3 anos, sem o pai e deixar a família. A gente não acha justo. Não havia nenhuma calcinha de outra mulher na casa, até porque eles já tinham terminado. Ela foi lá para matar ele mesmo e deu de dedo na minha cara quando estava saindo da casa”, disse Mauricio Jacob, de 21 anos.
Entenda o caso
Hora depois de ser presa, em dezembro de 2015, Vania deu uma entrevista ao G1 e confessou o crime. Ela contou que no dia 30 de dezembro ligou para Marcos alegando que queria se despedir, pois iria embora para outro estado. Ela então colocou uma faca de cozinha dentro da bolsa e foi para a casa da vítima, que havia aceitado receber a visita. O casal foi para o quarto e, durante as preliminares sexuais, esfaqueou o ex-namorado.
“Eu tapei o olho dele. Aí peguei a faca e meti nele. Ele reagiu e veio para cima de mim e eu fui para cima dele também. Eu enforquei ele e aí comecei a meter [facadas] em outras partes do corpo dele. Daí, ele gritou socorro e a porta estava trancada. O irmão dele quebrou a janela. Quando o irmão dele entrou, ele já estava quase morrendo. Fiquei olhando olho no olho até ele morrer”, narrou Vania.
Polêmica no Facebook
Uma das publicações de Vania mais comentadas no Facebook é o texto de um blog que tinha como título: “eu não fui uma má namorada, você que me tornou”. Após ser presa e confessar que matou o ex-namorado, usuários criticaram a postagem. “Imagina se fosse boa”, escreveu um jovem. “Louca, psicopata, parece que estava possuída pelo demônio”, acrescentou outro usuário. A postagem foi feita dois dias antes do crime.
Laudo da vítima
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que Marcos levou 11 facadas, no pescoço, abdômen, braços, mão e pernas. Segundo um croqui divulgado pela Polícia Civil, a perfuração de faca no pescoço foi a que causou a morte do rapaz.
Psicopatia
Em maio deste ano, Vania foi diagnosticada com sociopatia, com base nos laudos médicos. Mesmo com o resultado, o TJ-RO diz que ela não pode ser isenta de responder por seus atos judicialmente, pois “apresentou plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato”. Vania também deverá fazer acompanhamento psiquiátrico por recomendação médica.
Fonte: G1
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