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Irã diz que Arábia Saudita não pode esconder ‘crime’ com corte de laços

Em apoio ao reino saudita, Kuwait convoca para consultas embaixador em Teerã

KUWAIT — Em um novo capítulo da guerra diplomática entre Irã e países árabes, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, criticou a Arábia Saudita nesta terça-feira dizendo que o país não pode usar o rompimento dos laços diplomáticos com Teerã para esconder o “crime” de executar o clérigo muçulmano xiita Nimr al-Nimr. Numa demonstração de apoio ao reino saudita, o Kuwait convocou para consultas seu embaixador no Irã, convertendo-se no quinto país árabe que rompe ou reduz suas relações com a República Islâmica. As tensões na região se acirraram após ataques de iranianos à embaixada saudita em Teerã em protesto contra a execução de Nimr, uma importante figura do movimento de contestação contra o regime saudita.

— A Arábia Saudita não pode esconder seu crime de decapitar um líder religioso ao cortar as relações políticas com o Irã — disse Rouhani, segundo a agência estatal de notícias Irna, em um encontro com o chanceler dinamarquês em Teerã.

Em um comunicado, o ministério das Relações Exteriores do Kuwait declarou que os ataques contra as sedes diplomáticas sauditas “representam uma violação flagrante dos acordos e normas internacionais”. Também são “uma grave violação dos compromissos internacionais do Irã para a segurança das missões diplomáticas e a segurança dos diplomatas”, acrescentou a nota.

Arábia Saudita, Bahrein e Sudão romperam as relações diplomáticas com o Irã. Segundo o ministro das Relações Exteriores saudita, Adel al-Jubeir, a medida implica também a suspensão do tráfego aéreo entre as duas nações, o fim das relações comerciais e a proibição de viagem ao país islâmico. Em apoio à Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos reduziram sua representação diplomática em Teerã.

A pedido do reino, a Liga Árabe marcou uma reunião de emergência no próximo domingo para discutir a crise, num encontro que pretende servir de condenação “à interferência iraniana nos assuntos internos árabes”.

A execução de Nimr al-Nimr foi fortemente criticada pelo Irã, inclusive por seu líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei. Manifestantes iranianos invadiram a embaixada saudita em Teerã nas primeiras horas do domingo depois da execução do clérigo. Riad retirou seus representantes da missão diplomática no Irã e ordenou que diplomatas iranianos saíssem do reino em 48 horas.

A Arábia Saudita e o Irã são as principais potências sunitas e xiitas na região e estão em lados opostos nos conflitos na Síria e no Iêmen. A disputa levantou temores de que conflitos sectários possam se espalhar na região.

A Guarda Revolucionária do Irã prometeu “vingança dura” contra a dinastia real sunita da Arábia Saudita pela execução do Nimr no sábado, considerado um terrorista por Riad, mas saudado no Irã como um campeão dos direitos da minoria xiita marginalizados no país. Nimr, o maior crítico da dinastia entre a minoria xiita, passou a ser visto como um líder de jovens ativistas do grupo, que tinham se cansado da incapacidade dos líderes mais velhos.

Fora do Oriente Médio, países europeus e os Estados Unidos mostraram-se preocupados. A França, aliada de Riad, convocou os responsáveis a fazer todo o possível para evitar o aumento de conflitos sectários e religiosos. Em Berlim, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores afirmou que “a execução reforça a inquietude atual em relação a uma crescente tensão”.

As relações entre Arábia Saudita, um país sunita, e Irã, xiita, passam por constantes altos e baixos desde a revolução iraniana de 1979, que acabou com a monarquia do xá e instaurou a República Islâmica.

Fonte: oglobo

 

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Gomes Oliveira

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