A descoberta de que um casal mantinha seus 13 filhos em cativeiro, sem que seus vizinhos ou familiares mais próximos suspeitassem, deixou americanos estupefatos, e a polícia ainda busca respostas sobre o caso. Em Perris, a 95 quilômetros de Los Angeles, alguns dos moradores das redondezas da residência dos Turpin sequer sabiam que o casal David e Louise Anna tinha filhos, apesar de várias fotos postadas nas redes sociais, e muito menos que eles estavam subnutridos e eram prisioneiros. Alguns viviam acorrentados. Após serem detidos, na noite de domingo, os dois foram acusados de nove crimes — entre eles tortura e ameaça a crianças — com uma fiança fixada em US$ 9 milhões para cada um.
Na vizinhança, não havia qualquer desconfiança do horror que se passava dentro da casa aparentemente normal, típica de um subúrbio americano, apesar de alguns sinais que poderiam levantar suspeitas: as cortinas estavam constantemente fechadas, os quatro carros na garagem raramente saíam dali, e as crianças não eram vistas na rua. A família do casal, por sua vez, não tinha nenhum contato com os filhos — que têm entre 2 e 29 anos — e era proibida de visitá-los. Segundo uma das irmãs de Louise Anna, seus pais tentaram vê-los várias vezes e chegaram a viajar para a cidade, mas o casal não dava seu endereço e impedia o encontro. Ela disse que não via os Turpin há 19 anos, mas que, apesar do pouco contato — ela vive em Bristol, Tennessee — sabia que algo não estava “certo” na maneira como a irmã criava os filhos.
— Eles não permitiriam que ninguém visse os filhos, e nós não sabíamos seu endereço. Falávamos no telefone de vez em quando, mas toda vez que eu pedia para conversar com seus filhos, ela não deixava — afirmou Elizabeth Jane Flores à “DailyMailTV”.
VIAGENS E DÍVIDAS DE ATÉ US$ 500 MIL
Já os pais de David, James e Betty, que vivem na Virgínia Ocidental, não viam a família há cinco anos. Eles descreveram o casal como pentecostais “profundamente religiosos”, que acreditavam que Deus os “escolheu para ter tantos filhos”. Apesar da distância, mantinham contato com o filho por telefone e não desconfiaram de nada.
— Não conversávamos com nossos netos porque David costumava ligar quando não estava com eles — justificaram à ABC News. — Eles recebiam uma educação doméstica muito rigorosa e memorizavam longas passagens na Bíblia.
David aparece registrado no Diretório Escolar da Califórnia como diretor do colégio particular Sandcastle Day School, inaugurado em março de 2011 — cujo endereço é o mesmo da casa da família. A escola teria apenas seis estudantes, com idades entre 10 e 18 anos, em graus diferentes, segundo os últimos dados do departamento estadual de educação, que não tem a obrigação de fiscalizar escolas privadas. Os alunos seriam os filhos, que recebiam educação em casa.
Em entrevista coletiva, o xerife do condado de Riverside, Greg Fellows, revelou que o casal não pôde dar nenhum motivo para a situação de cativeiro dos filhos e que a mãe dos jovens não compreendeu a chegada da polícia, na noite de domingo. Ele confirmou que todos os 13 irmãos são filhos biológicos do casal.
— Nos pareceu que a mãe estava perplexa com o motivo de estarmos em sua casa — afirmou.
Se não fosse pela fuga de uma das filhas, de 17 anos, os irmãos ainda estariam presos. A adolescente — que “parecia ter apenas 10 anos”, segundo o xerife — fugiu pela janela e usou um celular desativado para pedir ajuda (aparelhos assim ainda podem fazer ligações de emergência), revelando que ela e seus irmãos “estavam sendo mantidos em cativeiro dentro de casa por seus pais”.
Ao encontrarem a jovem, ela mostrou fotos aos policiais que os convenceram a checar a casa. Quando as autoridades chegaram ao local, encontraram três dos filhos amarrados com correntes e cadeados. A casa estava imunda, assim como todos os 13 cativos, que pareciam desnutridos e disseram estar famintos.
FONTE: https://www.gazetaonline.com.br/noticias/mundo/2018/01/como-um-casal-manteve-13-filhos-em-cativeiro-sem-gerar-suspeitas-1014115193.html
Add Comment