Justiça

HSBC abrigou dinheiro ligado a ditadores

Uma investigação realizada por jornalistas de 45 países batizado de “Swissleaks” revelou ontem uma vasto sistema de evasão de divisas aceito e até mesmo encorajado pelo banco HSBC britânico através de sua filial suíça, diz o jornal “Le Monde”. Nos negócios, ditadores, políticos, realeza, executivos e estrelas de Hollywoood estariam envolvidos.

Os documentos, obtidos pelo ICIJ (The International Consortium of Investigative Journalists) por meio do jornal francês “Le Monde”, mostram o banco tratando com clientes envolvidos em um amplo espectro de atividades ilegais, especialmente em esconder centenas de milhões de dólares de autoridades fiscais.

As reportagens lançam luz sobre uma interseção entre o crime internacional e negócios legítimos, acabando por envolver um dos maiores bancos do mundo. Mostram que algumas vezes clientes viajavam para Genebra para fazer grandes retiradas em dinheiro vivo. Os documentos também indicam grandes somas controladas por comerciantes de diamantes que operavam em zonas de guerra e vendiam gemas para financiar levantes que causaram incontáveis mortes.

No último mês, após ser informado sobre o teor das descobertas da reportagem, o HSBC respondeu, afirmando: “O HSBC tomou passos significativos ao longo dos últimos anos para implementar reformas e se desfazer de clientes que não cumpriam os novos e rigorosos padrões do HSBC, inclusive aqueles sobre os quais nós tínhamos preocupações relacionadas a pagamento de tributos”.

Os jornalistas encontraram várias pessoas na lista de sanções dos Estados Unidos, como Selim Alguadis, empresário turco que teria fornecido material elétrico para o programa nuclear secreto da líbia, e Gennady Timchenko, bilionário ligado ao presidente Vladimir Putin,e alvo de penalidades impostas a indivíduos russos.

Outro nome relacionado a contas no HSBC suíço é Frantz Merceron, acusado de ser responsável por conduzir dinheiro do ex-presidente do Haiti Jean Claude “Baby Doc” Duvlaier, acusado de roubar US$ 900 milhões antes de fugir de seu país. Também há menções a traficantes de armas. O banco manteve Aziza Kulsum e sua família como clientes mesmo após ele ter sido apontado pela ONU como financiador da guerra civil no Burundi, na década de 90.

O nome de Fana Hlongwane, político e empresário da África do Sul, consta no banco de dados de clientes do banco. Ele é acusado pelo governo do Reino Unido de receber dinheiro para promover compra e venda de armas. O advogado de Hlongwane não respondeu a pedido de entrevistas.

 

Fonte: O Globo

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