O anúncio foi feito nesta manhã pelo primeiro ministro do país. Objetos foram avistados 2.500 km ao Sudoeste de Perth
Kuala Lumpur – A Malásia informou nesta segunda-feira (24/3) que o avião de passageiros desaparecido há mais de duas semanas caiu no Oceano Índico, mas não esclareceu o mistério sobre as razões pelas quais ele se desviou de seu curso. O primeiro-ministro malaio, Najib Razak, declarou que uma nova análise de satélites do voo MH370 da Malaysia Airlines marcou sua última posição nas águas remotas da costa oeste da Austrália, longe de qualquer local de pouso.
O sombrio anúncio sobre o destino do avião terminou com 17 dias de uma incerteza angustiante para os familiares das pessoas que estavam a bordo – dois terços delas chinesas. “É, portanto, com profunda tristeza e pesar que devo informá-los de que, de acordo com novos dados, o voo MH370 caiu no Oceano Índico”, declarou Najib.
Ele informou que a companhia aérea já havia falado com as famílias dos passageiros e tripulantes a bordo do avião, que desapareceu no dia 8 de março em um voo noturno de Kuala Lumpur para Pequim. “Para eles, as últimas semanas têm sido de partir o coração, e eu sei que esta notícia deve ser ainda mais difícil”, afirmou.
Najib disse ter sido informado por representantes da Divisão de Investigação de Acidentes Aéreos da Grã-Bretanha, que transmitiu uma análise mais aprofundada dos dados de satélite da empresa britânica Inmarsat. ‘Não há palavras para aliviar a dor’.
A companhia aérea, em um comunicado enviado às famílias, disse que “temos que presumir” que o avião foi perdido. “A Malaysia Airlines lamenta com pesar que devemos que presumir, além de qualquer dúvida razoável, o voo MH370 se perdeu e que não há sobreviventes entre os que estavam a bordo”, afirmou em mensagem de texto enviada aos familiares.
“Nossas orações vão para todos os entes queridos dos 226 passageiros e dos nossos 13 amigos e colegas neste momento extremamente doloroso”. “Sabemos que não há palavras que nós ou qualquer outra pessoa possa dizer que consiga aliviar sua dor”, acrescentou. A companhia aérea informou que a busca multinacional, que está percorrendo um trecho do Oceano Índico para encontrar todos os destroços, prosseguirá “enquanto buscamos respostas para as perguntas que permanecem”.
A Malásia acredita que o avião foi desviado deliberadamente por alguém a bordo. Mas a ausência de provas concretas alimentou intensas especulações e teorias da conspiração, e atormentou as famílias dos desaparecidos. As principais teorias incluem sequestro, sabotagem do piloto ou um problema em pleno ar que incapacitou a tripulação de voo e deixou a aeronave voar no piloto automático até ficar sem combustível.
O MH370 fez contato pela última vez no Mar do Sul da China, a meio caminho entre a Malásia e o Vietnã. Por razões desconhecidas, ele deu uma guinada sobre a península da Malásia e, em seguida, voou por horas. A busca se concentrou no Oceano Índico na semana passada, depois que imagens de satélite iniciais mostraram grandes objetos flutuando no local.
As esperanças de uma solução para o mistério aumentaram depois de um fim de semana no qual uma aeronave australiana avistou um palete de madeira, correias e outros destroços, e informações de satélites franceses e chineses apontaram outros objetos flutuantes. Tripulantes do avião australiano P-3 Orion, cujo país lidera uma busca aérea e marítima multinacional, disseram ter avistado dois objetos, declarou ao Parlamento o primeiro-ministro australiano, Tony Abbott.
As autoridades do país informaram que os objetos eram diferentes das peças avistadas por um avião chinês mais cedo no mesmo dia. Já o navio da Marinha australiana HMAS Success, equipado com um guindaste, está na região, cerca de 2.500 quilômetros a sudoeste de Perth, e tentará recuperar os objetos. Abbott advertiu que não se sabe se os objetos são provenientes do Boeing 777 desaparecido. “No entanto, estamos esperançosos de que podemos recuperar esses objetos em breve e que eles nos deixarão um passo mais perto de resolver este mistério trágico”, disse.
Busca pela caixa-preta
A Marinha americana contribuiu para a sensação de que um desfecho se aproxima, enviando um dispositivo especializado à região para ajudar a encontrar o “caixa-preta” da aeronave e os dados de voz da cabine – cruciais para determinar o que aconteceu com o avião. O dispositivo de alta tecnologia pode localizar caixas-pretas em até 20 mil pés de profundidade (6.060 metros), informou a Sétima Frota americana em um comunicado. A área de buscas varia de três a quatro mil metros de profundidade.
O sinal de 30 dias emitido pela caixa-preta deve parar de ser emitido em menos de duas semanas. A Autoridade de Segurança Marítima da Austrália informou que as buscas foram reforçadas com 10 aeronaves no total nesta segunda-feira, após a inclusão de dois aviões militares chineses, que se unem aos australianos, americanos e japoneses.
A China também enviou sete navios, que se somam aos navios de guerra britânicos e australianos envolvidos. Se um acidente for confirmado, a recuperação da caixa-preta será ainda mais difícil que no caso do avião da Air France que caiu no Oceano Atlântico em 2009, declarou Charitha Pattiaratchi, oceanógrafo da Universidade da Austrália Ocidental.
“Temos que lembrar que o Air France 447 levou dois anos para ser encontrado e esta é uma região mais difícil, onde o ambiente é muito, muito mais duro. Há ondas maiores e venta mais”, disse. Como parte de uma investigação sobre o acidente, o ministro dos Transportes da Malásia, Hishammuddin Hussein, declarou que a polícia entrevistou mais de 100 pessoas, incluindo familiares, tanto do piloto quanto do co-piloto. A Malaysia Airlines disse nesta segunda-feira que seu co-piloto Fariq Abdul Hamid, de 27 anos, estava voando em um Boeing 777 pela primeira vez sem um chamado “check co-pilot” olhando por cima de seu ombro.
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