O atual chefe do Executivo, cheio de si, imaginou que enlaçar sua imagem à de Breno Mendes faria com que o candidato do Avante avançasse. Não deu.
A vaidade do governador de Rondônia Coronel Marcos Rocha, sem partido, foi a âncora que freou e afundou de vez a campanha de Breno Mendes, do Avante, derrotado no primeiro turno.
Ele poderia ficar de fora tranquilamente, deixando o apoio subentendido, mas não, não era o suficiente: passar vergonha ao sofrer tamanho vexame estava nos planos e não havia quem pudesse demovê-lo disso.
Marcos Rocha, Breno Mendes e Jozinélio Muniz: o trio ficou de joelhos perante à soberania do povo porto-velhense / Reprodução
Além de se enxergar como o suprassumo da popularidade, Rocha, a rocha no sapato de Mendes, usou e abusou – em vão –, das credenciais de Cristo a fim de alavancar o nome do protegido do Palácio Rio Madeira.
O chefe do Executivo montou um picadeiro religioso quando se juntou ao pastor Jozinélio Muniz, vice na chapa defendida, com a intenção de expropriar a imagem de Deus usurpando-a politicamente como se fosse sacerdote nomeado pelo próprio transcendentalíssimo.
Parênteses.
Sobre isso, a despeito de ser assunto para outro texto, é sintomático o fato de Carla Redano se sobrepor à figura do veterano Tiziu Jidalias em Ariquemes: o candidato do Solidariedade a descartou como vice em sua chapa alegando ser a vontade de Deus. Não deu outra: o ex-deputado foi à bancarrota, afogado pela mesma soberba que faz o governador se ver como emissário divino. Situações idênticas.
Voltando.
Coube à urna punir o ato inescrupuloso de vilipêndio à fé lançando o autodeclarado “Fiscal do Povo” ao fosso da quarta colocação, atrás de Vinícius Miguel (Cidadania), Cristiane Lopes (Progressitas) e Hildon Chaves (PSDB): os dois últimos rumaram ao segundo turno.
Quanto a Muniz, se Marcos Rocha honrasse o mandato, em vez de aparecer com ele em vídeos inventando lorotas em tom amistoso teria exigido aos órgãos de fiscalização e controle explicações institucionais sobre o fato dele ter sido condenado em processo administrativo.
A condenação rendeu ao pastor a perda da licença de sua autoescola junto ao Departamento Estadual de Trânsito de Rondônia (Detran/RO) por uso de documentos falsos.
Até hoje não houve manifestação oficial da Polícia Federal (PF), Polícia Civil (PC), Ministério Público (MP/RO) e Ministério Público Federal (MPF) sobre as questões reportadas pelo jornal eletrônico Rondônia Dinâmica.
E seria imprescindível que essas instituições saíssem da letargia porquanto os autos revelam possíveis crimes cometidos contra a administração pública e eventualmente praticados por Jozinélio Muniz.
Suspeita de ilícitos cometidos que, em tese, ainda não estão prescritos, logo são passíveis de punição bastando, para isso, a ação de policiais, promotores e procuradores a fim de que o Judiciário ao menos analise a situação e dê um veredito, nem que seja para absolvê-lo. O que não pode é a conduta ficar nisso: uma simples sanção administrativa volátil, meia-boca, enquanto o tipo sai por aí arrotando moralidade e falando sobre princípios apontando o dedo indicador putrefato na fuça alheia.
Em suma, Marcos Rocha, o mandatário-mor do Estado, fez questão de inventar impropérios ignorantes ao lado do outro autodeclarado arauto da moralidade e dos bons costumes, lançando ao público mentiras genéricas e grotescas sobre candidatos que defendem surubas e/ou sexo com crianças de dez anos.
Marcos Rocha faz campanha para Jozinélio Muniz, que apresentou documentos falsos ao Estado de Rondônia / Reprodução
Não apresentou quaisquer provas do que disse, como faz todo mentiroso contemporâneo que se sente confortável com o berço esplêndido armado por arquétipos da Justiça regional – e auxiliares.
Um negócio horripilante, absurdo, embora faça sentido ter saído da cabeça do gestor cujo governo mandou censurar clássicos da literatura brasileira na rede estadual de educação.
Paralelamente, quebrava as próprias diretrizes políticas da balela “bandido bom é bandido morto” ao “abraçar” quem, lá atrás, atentou sorrateiramente contra o Estado de Rondônia, conforme o deslinde do processo que retirou sua licença do Detran/RO.
Isto sem contar que Muniz é do Patriota, partido presidido no estado pelo deputado estadual que responde criminalmente por ter usado verbas rescisórias da Assembleia (ALE/RO) para fazer cirurgia plástica no nariz usando notas fiscais “frias”.
A esposa de Marcos Rocha, Luana Nunes de Oliveira Santos, conhecida como Luana Rocha, titular da Secretaria de Estado da Assistência e do Desenvolvimento Social (Seas/RO), integra os quadros do Patriota e também deu a benção para o apoio do marido à candidatura de Breno Mendes com Jozinélio Muniz de vice na chapa.
Resumindo, o governador Marcos Rocha é o único moralmente derrotado: os outros perderam uma disputa, coisa do jogo, ainda podem voltar de cabeça erguida em outras pelejas eleitorais.
Ele não!
Ao descer para o vale-tudo e ignorar os níveis elevadíssimos de narcisismo, o governador vai à lona com poucas chances de se reerguer. E o fracasso colossal, retumbante, visceral, homérico e maiúsculo dele neste ano como “apoiador” é uma amostra significativa do que pode e deve ocorrer daqui a dois anos, quando – se tiver coragem de passar por isso de novo –, tentar se reeleger.
FONTE: RONDONIADINAMICA.COM
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