Milhares de ativistas pedem o fim da violência contra os hazaras, após sete serem decapitados por militantes islâmicos
CABUL — As forças de segurança afegãs disparam para o alto nesta quarta-feira na tentativa de dispersar os manifestantes que tentavam escalar os muros do palácio presidencial durante os protestos que reuniram milhares de pessoas nas ruas de Cabul. No maior ato no país em anos, os ativistas pedem o fim da violência contra os hazaras, uma minoria xiita, depois que sete de seus membros foram decapitados na semana passada por militantes islâmicos.
— Ocorreram disparos de advertência ao ar. Os manifestantes estão se dispersando e ninguém ficou ferido — disse o chefe-adjunto da polícia em Cabul, Sayed Gul Agha Rohani, sem detalhar de os tiros foram da polícia, Exército ou guarda presidencial.
Aos gritos de “Vingança!” e “Respeito!”, os ativistas se dirigiram para o palácio presidencial levando os caixões das sete vítimas. Os manifestantes, em sua maioria hazara, exigem ação do governo para proteger a minoria após os assassinos.
— A única maneira de evitar tais crimes no futuro é ocupar todos os escritórios do governo até que eles acordem e tomem uma decisão — disse o ativista Sayed Karim, na praça Mazari.
Os talibãs e o Estado Islâmico são assinalados como os autores da decapitação de quatro homens, duas mulheres e uma criança. Os corpos foram descobertos no domingo pelas autoridades na província de Zabul. Na véspera, os serviços de inteligência afegãos anunciaram a libertação de oito reféns hazaras na província de Ghazni, Centro do país, pouco depois que o presidente Ashraf Ghani assegurar que suas tropas farão todo o possível para encontrar os assassinos.
Mulheres cantam enquanto carregam por Cabul o caixão de uma das vítimas decapitadas por militantes islâmicos no Afeganistão – AHMAD MASOOD / REUTERS
Ghani também prometeu uma investigação sobre o caso, mas seu gabinete está sob crescente pressão diante dos avanços do Talibã no país e confrontos entre grupos jihadistas rivais. O cenário complica o processo de paz no Afeganistão e cria um risco de tumultos generalizados.
— Este é um caso que não envolve só uma família, uma tribo ou um grupo étnico, mas pertence a todos os afegãos — disse Abdul Rauf Ibrahimi, presidente da Câmara Baixa do Parlamento.
Os hazaras representam 10% da população afegã. Entre 1996 e 2001 foram vítimas da perseguição dos talibãs sunitas quando estes dirigiam o país. Mas uma série de assassinatos e sequestros neste ano tem aumentado a tensão entre os membros da minoria. Segundo os manifestantes, pessoas do grupo étnico são mortas todos os dias nas províncias controladas pelos rebeldes do Talibã.
Fonte: oglobo
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